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Everton de Andrade

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Tela cheia

O golpe do “semi-Presidencialismo” está na ordem do dia

26 de Fevereiro de 2025, 20:02 , por Everton de Andrade - | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by)

É importante ressaltar que, durante a década de 1980, a reivindicação pelo direito do povo brazilquistanês escolher o chefe de governo precedeu a atual Carta Magna vigente. A campanha das “Diretas Já” representou o empenho popular para escolher por conta própria o projeto de país a ser implementado a cada período eleitoral.

Contudo, diante da descoberta da farsa jurídica articulada para derrubar o grupo político que ganhou no voto o direito de governar o país desde 2003, a derrota bozista na eleição de 2022 – mesmo com a utilização de policiais rodoviários para impedirem a população de alguns dos locais mais pobres de chegarem aos locais de votação – o fracasso da tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023, restou aos poderosos políticos direitistas e coronéis dos currais eleitorais uma nova tentativa de golpe parlamentar: a escolha do chefe de governo pelo Congresso Nacional, ao invés do sufrágio universal.

Indivíduos como o vampirão Temeroso, Edu Ku-cunha, Artur Delirante, Hugolino Motoserra, dentre outros, dificilmente terão apelo popular para se tornarem presidentes do país pelo voto universal, embora exerçam influência no Poder Legislativo.

A restrição à elite política do Congresso Nacional para escolher o projeto de país a ser implantado no Brazilquistão provavelmente representará as propostas das classes média e alta nacionais. Dificilmente os interesses da população de menor poder aquisitivo serão considerados prioridades de ação governamental pelos gestores eleitos indiretamente pelo Parlamento. Porque, historicamente, o Congresso Nacional é composto majoritariamente por membros de perfil socioeconômico a partir da classe média. Em outras palavras, os pobres poderão ser completamente escanteados das políticas públicas nacionais.

Considero que essa potencial invisibilização das camadas populares poderá acarretar a eternização das castas no Brazilquistão, pois, sem políticas públicas, os pobres se perpetuarão nessa condição socioeconômica, gerando-se desalento, revolta, aumento da violência, inclusive de casos de latrocínio contra os fidalgos da classe média, sujeitos que permanecerão com muita dificuldade de abrir a janela dos carros, devido ao risco de serem vítimas de crimes nos grandes centros urbanos brazilquistaneses.

Nessas circunstâncias, a continuidade do sufrágio universal para a escolha do chefe de governo do Brazilquistão pode representar a pacificação nacional a partir das escolhas feitas para atender às demandas de quem mais precisa do Poder Público, especificamente, as parcelas da população mais vulneráveis economicamente.

Novas tentativas de golpes parlamentares apenas poderão alavancar conflitos sociais em razão da precariedade da prestação dos serviços públicos aos vulneráveis, inclusive a eventual indisponibilização do auxílio financeiro emergencial, tal como já ocorre para muitas pessoas que moram sozinhas, devido ao estabelecimento de cotas por município para esse mencionado público.


Everton de Andrade