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Everton de Andrade

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Os “frutos” dos supostos cristãos que exercem o poder no Brazilquistão

2 de Janeiro de 2022, 15:03 , por Everton de Andrade - | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by)

Nas eleições presidenciais de 2018, o nome de Deus foi usado para eleger um grupo político com viés militar, pentecostal e católico ultraconservador.

Há quase dois mil anos, o Mestre cristão afirmou que é possível conhecer as pessoas pelas atitudes ao utilizar a seguinte metáfora: “pelos frutos se conhecem as árvores”.

Nesses termos, uma das primeiras atitudes do atual Messias empoderado foi ampliar o uso de armas de fogo por parte da população, utilizando como argumento um versículo do Evangelho totalmente fora do contexto. Assim, esse sujeito revela até limitações intelectuais para agir como autoridade.

Outro aspecto foi a devastação florestal agravada desde 2019. O sentido mais amplo das Sagradas Escrituras é a valorização da harmonia universal até mesmo com os demais seres vivos, no intuito da preservação da vida, a qual é considerada sagrada. Quem também ressaltou isso mais recentemente na tradição católica foi Francisco de Assis, ao compor o “Cântico das Criaturas”.

Há cerca de dois séculos, a nação hegemônica mundial utiliza elementos ideológicos para permanecer como tal, dentre eles a reinterpretação do cristianismo a partir de religiões criadas no “Novo Mundo” e a proliferação internacional de confrarias e clubes de serviço que enfatizam o liberalismo como pressuposto de ação.

No caso das religiões, há uma interpretação deturpada das cartas paulinas sobre a predestinação. De acordo com as vertentes cristãs americanizadas, os fiéis são predestinados por Deus a fazerem o que lhes aprouver, pois são ungidos divinos e, portanto, imbatíveis. Nisso há o enriquecimento pessoal e a exploração de todos os recursos disponíveis, inclusive o desmatamento para favorecer a prosperidade dos “ungidos do Senhor”. Deus tudo provê, mesmo que o “iluminado” tenha que extinguir milhares de espécies vegetais e animais para obter riqueza e prosperidade.

É essa interpretação religiosa que foi importada ao Brazilquistão para legitimar o aumento das queimadas florestais e a expansão agropecuária no Pantanal e na Amazônia. Sem uma base ideológica de fé religiosa absoluta, seria impossível legitimar tanta devastação.

O argumento da predestinação também pode explicar o profundo silêncio da maioria dos religiosos brazilquistaneses diante das graves situações ocasionadas pelo grupo político religioso que ocupa o poder atualmente. Como  o Messias e respectiva equipe são “ungidos divinos” para exercerem o poder, cabe aos demais respeitarem tudo o que for realizado, mesmo que isso represente a morte de mais de um milhão de pessoas por problemas de saúde e pela fome...

Em relação, ainda, à pobreza e à miséria no Brazilquistão, é inacreditável certas autoridades se gabarem por serem pastoras de igreja desconsiderando que o “Deus feito homem” era de origem pobre e nasceu numa estrebaria. Outro fato ignorado pelas autoridades com viés religioso cristão é que, desde os primórdios dessa religião, as condições básicas de sobrevivência eram garantidas pela colaboração das pessoas.

Entretanto, o que se observa no exercício de poder das presentes autoridades é a ausência de atitude para garantir o salário mínimo às dezenas de milhões de desempregados brazilquistaneses no atual grave momento de pandemia. Tal medida poderia ser feita, também, mediante o reequilíbrio do pagamento dos juros da dívida pública, os quais representam cerca de metade dos gastos do orçamento governamental.

Por outro lado, desde o início da presente crise sanitária, foi disponibilizado cerca de R$1,2 trilhão ao setor financeiro, com impactos pífios dessa medida aos desempregados e famintos e o peculiar silêncio religioso sobre os graves fatos que se abatem nas políticas públicas do país, particularmente na área da saúde, em que as pessoas são tratadas como se fossem porcos no matadouro nesse atual momento de colapso.

Diante desse contexto, a sociedade brazilquistanesa precisa, com urgência, tomar severas medidas contra uma religiosidade que, ao invés de promover a vida sob todas as formas, favorece uma ideologia que legitima a morte, a doença, o extermínio das espécies, a exploração dos recursos por parte de uma minoria e a semiescravidão da maioria do povo.


Everton de Andrade