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Everton de Andrade

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Tela cheia

Pela prorrogação do estado de calamidade pública até o final da pandemia

18 de Dezembro de 2020, 20:51 , por Everton de Andrade - | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by)

Para quem almejava a presença militar como salvadora da pátria, é muito estranho observar a morte de quase duzentos mil compatriotas durante a atual pandemia e a população com menor poder aquisitivo lançada à própria sorte nesse final de ano, na presença de diversos militares no Poder Executivo e Legislativo nacional.

A partir da dura realidade atual, é possível constatar que essas mitológicas corporações do país nada mais representam do que os interesses da classe média nacional, a qual frequentemente faz questão de ficar alheia às dificuldades dos segmentos populacionais abaixo dela e “sente orgasmos” ao cravar os dogmas econômicos da realidade inglesa num país predominantemente formado por gente com remuneração máxima de até dois salários mínimos.

No caso do Congresso Nacional, impressiona o silêncio dos “salvadores da pátria” para proteger a vida de milhões de pessoas que deixaram de receber a “bolsa esmola” desde outubro passado e estão sem perspectivas de renda, pois a crise pandêmica continua - apesar das manifestações governamentais e de muitos formadores de opinião afirmarem o oposto.

Enquanto a pandemia prosseguir, deixar a população de menor renda desamparada financeiramente impulsionará essas pessoas a circularem nas ruas, ao menos para obterem esmolas. Tal consequência pode ser uma das causas principais do aumento da contaminação pandêmica no país no presente momento.

Moro numa ladeira e, anos atrás, era raro ver os catadores de materiais recicláveis percorrendo essa minha região. Ontem, ao perceber um barulho ensurdecedor, imaginei que fosse uma vizinha doente recolhendo o lixo para a casa dela. Para minha surpresa, eram dois carrinhos feitos com lâminas de alumínio, cujas arestas se atritavam ao asfalto, gerando-se o ruído desagradável. Ambos os trabalhadores informais tracionavam esses “veículos” sem usar máscara. Assim, a qualquer momento, eles e respectivos familiares poderão se tornar as próximas vítimas da Covid-19.

E quanto maior o número de pessoas contaminadas e internadas devido à pandemia, mais distante se torna a recuperação econômica do país, mesmo com um eventual início da vacinação, pois levará alguns meses para se imunizar os mais de 200 milhões de habitantes do país.

Assim, o país permanece caminhando numa espécie de areia movediça, afundado no colapso sanitário, econômico e social. Quando as medidas de proteção social começam a surtir efeito e a contaminação diminui, o governo retira tais medidas e expõe parcelas significativas da população ao vírus. A seguir, a contaminação e as mortes disparam.

Se a classe média, inclusive os militares, insistir em desconsiderar que a realidade socioeconômica nacional é diferente do contexto inglês, canadense ou norte-americano, e prosseguir apoiando as políticas neo e ultraliberais adotadas pelo Bozo e o Paulo Forca durante a pandemia - mesmo com recomendações internacionais pela priorização da vida dos desfavorecidos economicamente – talvez o país atingirá a marca oficial de 1 milhão de mortes causas pela Covid-19, com vítimas de diferentes segmentos socioeconômicos.

Diante dessas circunstâncias, a prorrogação do estado de calamidade pública nacional - que possibilita o destravamento do orçamento federal para atender às urgências sanitárias e socioeconômicas - é primordial para preservar a vida da população e, consequentemente, a economia do país.

A população permanecendo viva garante a existência de mercados consumidores e, consequentemente, a ampla geração de renda e emprego. Um milhão de mortos assegura apenas a renda dos donos de funerárias.


Everton de Andrade