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Everton de Andrade

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A mendicância de cada dia

31 de Outubro de 2018, 19:55 , por Everton de Andrade - | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by)

Até meados de 2016, quando eu era abordado no transporte coletivo de Curitiba por solicitantes de doações, sugeria que procurassem apoio na Fundação de Ação Social da cidade, o órgão municipal responsável pelas ações do Poder Público para evitar a mendicância.

Ultimamente, a quantidade de solicitantes de doações nos ônibus e terminais curitibanos cresceu muito. Por exemplo, na linha expressa Santa Cândida – Capão Raso, cujo itinerário liga as regiões norte e sul da cidade, é possível estimar que exista um novo solicitante de doações a cada três quilômetros percorridos pelos ônibus. Já cheguei a presenciar casos em que um rapaz pedia doações na carroceria frontal do biarticulado e outro pedia recursos nas carrocerias traseiras do mesmo veículo.

Há, ainda, o desconforto pelo odor de alguns pedintes, dentre os quais o de uma senhora que consegue ter um cheiro mais desagradável do que o dos defuntos.

Recentemente, a Câmara dos Deputados noticiou que o orçamento federal de 2019 para as iniciativas de ação social foi reduzido em R$30 bilhões, como consequência da implementação da Emenda Constitucional do Teto de Gastos. Segundo a Frente Parlamentar em Defesa do Sistema Único de Assistência Social, esse montante representaria a metade do valor necessário para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada para pessoas idosas ou com deficiência – benefício destinado a quem não cumpriu os requisitos do INSS para receber o auxílio-doença ou a aposentadoria.

Por outro lado, desde 2014, observou-se um ativismo jurídico para destituir do Poder Executivo federal o grupo político de centro-esquerda que ampliou as ações de assistência social no país. Esse ativismo, conjugado com a aprovação da Emenda do Teto de Gastos, está provocando impactos até no aumento de mendigos no transporte coletivo de Curitiba.

Diante dessas circunstâncias, analiso a possibilidade de sugerir às pessoas em situação de vulnerabilidade social que me abordam nos ônibus, a procurarem a ajuda dos “heróis” curitibanos do combate à corrupção. Até porque alguns desses “heróis” talvez tenham recebido dos cofres públicos um auxílio-moradia sem necessidade (cerca de R$4,3 mil mensais)...


Everton de Andrade