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Vestibular: Fazer ou não fazer ? A lógica social

5 de Janeiro de 2015, 18:46 , por Rafael Pisani Ribeiro - | No one following this article yet.
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Esse texto é o primeiro do tema “Escolha de carreira”, escolhido devido ao início de um novo ano e ao ingresso de muitas pessoas a universidade. O objetivo da série de textos, não é dar uma resposta do que e como escolher, mas sim mostrar as variáveis que incidem no processo, dando possibilidades de analisar toda a situação, para então fazer a melhor escolha. Sendo assim. a pergunta, “Fazer ou não vestibular?” é de extrema importância na vida de um jovem, não pelo jovem em si, mas pela marca social que a maioridade traz.

 Em termos do cotidiano, a vida do jovens continua a mesma, mas se altera em grau da lei e cobrança social. Pelo lado da lei, este agora é responsável por seus atos, portanto, pode ser colocado sob o controle dela. Pela cobrança social, um jovem que antes podia ser “livre” e ainda era considerado adolescente, tem a cobrança aumentada consideravelmente, chegando-se em um empasse.

Existe a perspectiva social, legalista e a do desenvolvimento do jovem. Sobre a primeira já foi dito, mas esta influencia a segunda, no sentido de as pessoas ao redor criarem outra imagem, a de que o sujeito já é capaz, deve ser independente. Agora, entra-se no campo das classes sociais. O destino do jovem, independente de seu desenvolvimento, pode já ser dado.

Em classes economicamente inferiores pode ser que na época do vestibular, o jovem já esteja trabalhando, ou seja, cobrado para tal e tudo isso para cumprir necessidades básicas da vida como alimentação e moradia. Já em classes mais abastadas, pode haver possibilidades de o jovem escolher trabalhar ou ir para uma universidade, mas sobre este individuo, talvez exista uma pressão maior para que ele frequente uma universidade.  Nesse sentido, fazer 18 anos representa um passo, a transformação de adolescente para socialmente adulto, e isso pode ser considerado um rito de passagem.

Ir a uma universidade em outras idades possui outros significados, importantes, mas não tanto quanto para os jovens, exceto o tabu de idosos irem para a faculdade, mas isso já é outro tema. Agora pela perspectiva desenvolvimentista.

Há de se salientar os três aspectos do desenvolvimento do jovem segundo Erick Erickson:[1] ideológico, sexual e profissional.  O primeiro, diz respeito à ideologia do jovem e também a escolha ou não religiosa. O segundo sobre a opção sexual. A terceira é o que importa e escolher uma universidade, ou ingressar no mercado de trabalho entra neste tema. Em termos da adolescência, [2]não há um critério cronológico para determinar a fase. Em termos da clínica, usa-se um critério funcional, isto é, aquele que funciona sistematicamente como um adolescente (em qualquer idade) é um adolescente. [3]Mas, socialmente está ligado a questões sócio econômicas, entrada em uma universidade ou casamento.  A Universidade implica em dependência financeira dos pais na maioria das vezes, ou seja, com o foco nos estudos, os jovens passam mais tempo morando na casa dos pais ou responsáveis. Para tornar-se adulto, de fato é preciso ser capaz de assumir as responsabilidades da vida adulta. Como tudo isso se relaciona com a escolha de fazer ou não vestibular?

É preciso que o sujeito esteja consciente da própria situação, isto é, em questão econômica e social. Essas duas questões irão influenciar de forma muito marcante sua escolha, devido ao momento e sua história passada. Depois, mas principalmente é preciso olhar para si, saber se irá ou não a uma universidade, e se caso vá, para qual curso pretende ir. É importante se perguntar quais são seus interesses, onde se enxerga trabalhando e não levar em conta de forma predominante, o aspecto econômico da escolha.

 Primeiro porque em [4]nenhuma profissão uma alta remuneração é garantida. Segundo, a escolha profissional é séria, e em alguns cursos uma formação mal feita pode significar menos uma vida .No entanto, mesmo que inicialmente tenha feito a escolha errada, o caminho pode ser corrigido, porque não necessariamente [5]é para toda vida. O que não vale nesse sentido é ter uma má formação. E terceiro, mesmo que as duas questões anteriores não fossem problema, o caminho até a formação é longo.

Não ter prazer ou não ver sentido algum no que se faz durante esse tempo pode ser extremamente angustiante, podendo fazer o sujeito simplesmente desistir e “perder tempo”, apesar de ter adquirido algum conhecimento.  E principalmente, não é preciso sentir vergonha se não estiver preparado (a) para ir a uma universidade aos 18. Apesar de isso ser cobrado socialmente nem todos devem fazer assim, existe o aspecto individual, cada um a seu tempo. Além de que nem sempre é preciso ir a uma universidade, pode-se viver sem ela muito bem econômica e socialmente. E pior, ingressar em uma universidade sem estar preparado pode ter sérias consequências, portanto é mais saudável esperar se estiver preparado.

Parece que a escolha ou fica em critério da remuneração ou do gosto, mas ambos isolados não funcionam. O melhor nesse sentido é a síntese dos dois, isto é, [6]ganhar dinheiro fazendo o que se gosta. O melhor parece ser tornar seu talento rentável, não só para isso, também para si mesmo. Mas, o que deve influenciar mais na escolha? O sujeito, pois a escolha é dele, e por isso deve arcar com suas consequências.

Lembrem- se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

Escrito por: Rafael Pisani

 

Referências:

 

Adolescência prolongada:o tempo que não se quer deixar passar; A.R CRUZ-M.M CÂMARA; Disponível em: http://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_15/camara_cruz.pdf  . Data de acesso: 27 de Dezembro de 2014

A ORIENTAÇAO VOCACIONAL: SUA IMPORTÂNCIA NA DEFINIÇÃO PROFISSIONAL DE ESTUDANTES ADOLESCENTES; A.P.S VIVEIROS-A.R  JUNIOR; Disponível em: http://revistas.ung.br/index.php/educacao/article/view/114/236  . Local de publicação: revista educação, ; 2007, vol. 2, numero 2. Universidade nacional de Guarulhos (UNG);  Data de acesso: 01 de janeiro de 2015

Conflito de gerações nas organizações: um fenômeno social interpretado a partir da teoria de Erik Erikson; B.R.G PEIXOTO; G.L Fusari; R.M CHIUZI; Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v19n2/v19n2a18.pdf  . Revista de publicação: Temas em Psicologia; 2011, vol. 19, numero 2, páginas 579-590, ISSN 1413-389x;  Data de acesso: 28 de Dezembro de 2014

Disponível em: http://www.sejabixo.com.br/vestibular/como2.asp?id=458  Nube- Núcleo Brasileiro de Estágios / http://www.sejabixo.com.br  . Data de acesso: 27 de Dezembro de 2014

Disponível em: https://www.psicologiamsn.com/2013/05/ganhar-dinheiro-ou-fazer-o-que-se-gosta.html Professor Felipe de Souza/  https://www.psicologiamsn.com . Data de acesso: 27 de Dezembro de 2014

 

 

[1]Fonte dos três aspetctos da identidade: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v19n2/v19n2a18.pdf Consultar página 7

[2] Fonte até critério funcional: http://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_15/camara_cruz.pdf Consultar página 2

[3]Fonte até “responsabilidades da vida adulta.”:http://revistas.ung.br/index.php/educacao/article/view/114/236 Consultar página 1

[4]Fonte desta frase: https://www.psicologiamsn.com/2013/05/ganhar-dinheiro-ou-fazer-o-que-se-gosta.html

[5]Fonte desta frase: http://www.sejabixo.com.br/vestibular/como2.asp?id=458

[6]Fonte de “até para si mesmo”: https://www.psicologiamsn.com/2013/05/ganhar-dinheiro-ou-fazer-o-que-se-gosta.html



Fonte: Rafael Pisani Ribeiro