Por que tantas empresas de TI estão em dificuldade? Essa questão foi parte integrante de uma discussão recente em uma reunião que participei. Acho que se trata de um ponto fundamental e parte fundamental na consideração de um CIO na hora de escolher seu fornecedor.

O coração dessa mudança, em grande parte, reside na troca de ações das mãos de seus fundadores para as mãos de grupos de investidores que não olham a fotografia como um todo, apenas seus fragmentos, e partem em busca de retornos rápidos.

Esses grupos não apenas não ligam para a sobrevivência de uma companhia como, em muitos casos, as forçam a tomar medidas para entregar dividendos trimestrais aos seus controladores sem se preocuparem se aquele organismo está saudável para prosperar no longo prazo.

Tais comportamentos, em diferentes níveis, podem ser vistos em diversas empresas nos últimos dez anos, desde HP até Apple. Basta citarmos que, nesses períodos, enquanto de um lado se via uma falta absurda de produtos novos e ofertas inovadoras de outro se verificava o aumento nos dividendos pagos aos acionistas dos fundos de investimentos, demissões em massa, fechamento de fábricas e assim por diante.

Era claro que essas firmas de capital não investiam no futuro das companhias. Pelo contrário, sua sede era constantemente saciada em assegurar que suas ações seriam bem remuneradas e o valor dos papéis cresceria. Ironicamente, em muitos casos, como resultado, tal foco era exatamente o oposto ao que sustentava essas companhias no período, com apenas alguns picos intermitentes na valorização.

Isso talvez seja o ponto fundamental que faz com que tantas desses fabricantes de TI, agora, busquem o fechamento de seu capital. Seu time de executivos e conselho de administração reconhecem a pressão para executar o que é fundamental para construírem seu futuro, não apenas entregar resultados imediatos.

Parte do que diferencia – ou pelo menos deveria diferenciar – um fornecedor de tecnologia para o corporativo (B2B) de um focado no mercado de consumo (B2C) é a estabilidade. Um usuário doméstico pode substituir um gadget a cada dois anos (embora não tenha certeza que eles queiram isso). Porém, para uma empresa, essa visão imediatista e de curto prazo seria como assinar o próprio atestado de óbito.

De fato, são meses ou anos de planejamento que embasam a migração de uma plataforma corporativa. Não poder contar com seu fornecedor ou recursos de uma hora para outra pode criar uma catástrofe, pois é fundamental contar com o suporte dessas organizações nesses períodos delicados.

Esse aumento nas pressões financeiras força executivos de uma companhia, muitas vezes, a sacrificar uma visão corporativa de longo prazo para salvarem o desempenho trimestral. Em muitos casos, isso significa sacrificar preços de produtos que darão retorno apenas no futuro para suportar receitas imediatas. Pior, isso pode inviabilizar uma solução fundamental para sustentação daquela companhia nos próximos anos.

Essas transformações massivas que a indústria de TI passa no momento são focadas basicamente na inclinação de retorno de curto prazo, endereçando a gana de investidores que buscam lucratividade no curto prazo. Não somente sob o ponto de vista de um cliente, mas sobre uma óptica de setor, a instabilidade nas placas tectônicas da indústria pode ameaçar a liderança de grandes players, que dominaram o segmento até então.