AOS COLABORADORES DA SEDE COLETIVA E DA CULTURA DE SJDR
Sobre o nascimento da Sede Coletiva e o evento “Viva o Coreto!”
No sábado, dia 22 de agosto de 2015, dezenas de empreendedores criativos, artesãos, músicos, ceramistas, malabaristas, poetas, palhaços, artistas de rua e outros marginais se uniram em uma ação 100% colaborativa, com um propósito: Dar vida cultural e criativa (de novo) ao velho Coreto.
O propósito da Sede Coletiva é saciar a fome e o desejo de mais ações e ocupações criativas, coletivas, colaborativas e culturais. Sua missão é fazer do Coreto um espaço compartilhado de criação, produção e circulação de bens e serviços criativos e culturais. Além de fazer com que o Coreto cumpra sua função primordial que é receber os artistas locais para proporcionar o contato destes com seu público. A Sede Coletiva organizou e apresentou intervenções, exposições, apresentações e ações coletivas que consolidaram o Coletivo Sede Coletiva e o projeto Viva o Coreto!
Contando com o 'apoio' da municipalidade, a primeira ação necessária para que o evento acontecesse foi serrar o cadeado que impossibilitava o acesso dos artistas ao coreto. O dia começou com este ato histórico e muito simbólico, a reabertura e liberação do Coreto, cerca de 80 anos após sua construção. Muitos artistas e cidadãos sanjoanenses subiram pela primeira vez naquele espaço público. Um mutirão de limpeza do espaço público acabou com aquele ar de abandono que circulava o Coreto há muito, muito tempo. Um tecido coloriu e trouxe poesia ao Coreto e deu início a ocupação cultural.
Os artistas 'invadiram' o Coreto em uma ocupação pacífica e criativa do espaço urbano e proporcionaram a população mais de 12 atividades e 10 horas de programação na praça do Coreto, na Avenida Tancredo Neves (nø 666)! A criatividade, a tecnologia, a arte e a colaboração juntas foram as bandeiras levantadas na praça neste dia de manifestação e resistência cultural, sem bandeiras de nenhum partido que não fosse inteiro.
O evento, totalmente independente e colaborativo, contou apenas com a contribuição voluntária dos integrantes da Sede Coletiva, participantes do evento, artistas-empreendedores, vagabundos e marginais que trabalharam arduamente o dia todo. Infelizmente, São João del Rei não possui nenhum mecanismo de fomento a cultura que facilite o trabalho de seus artistas, que encontram-se em sua grande maioria à margem, ou marginais.
Inicialmente, a forma de arrecadação de recursos é o tradicional chapéu, porém reiventado em tamanho gigante e batizado de Chapéu Municipal de Incentivo a Cultura. Futuramente, tem-se a intenção de criar um crowdfunding recorrente (financiamento coletivo) para garantir a continuidade do projeto de maneira independente do, até então, inacessível incentivo e fundo municipal de cultura.
O evento foi produtivo e valioso por mostrar-nos os potenciais e desafios do caminho, pondo a prova nossa capacidade de colaboração e atuação coletiva-criativa em contraponto à capacidade do poder público de apoiar efetivamente ações genuínas como esta. Todos os artistas e empreendedores que colaboraram estão de parabéns e devem se orgulhar de seu trabalho engajado na construção de uma sociedade com mais cultura, saúde, educação e acesso à informação.
Por outro lado é necessário parar pra pensar e refletir sobre as nossas próprias ações, métodos e postura: até que ponto estamos fazendo a nossa parte? Até que ponto estamos criando o novo e rompendo com o velho jeito de fazer cultura por aqui? Até que ponto não estamos voluntariamente "fazendo papel de palhaço" num sistema que explora de nossa energia criativa e vontade de colaborar? Como devemos nos relacionar com uma política cultural (federal, estadual, municipal...) que se preocupa mais com eventos e grandes eventos do que com incentivo e fomento aos processos criativos locais? O melhor caminho é o da não-ação, o caminho do meio ou um caminho radical (off road)?
Até aqui, particularmente, optei por errar fazendo alguma coisa, por achar importante romper o silêncio, a inércia, a normose, a alienação, a calcificação. Sinto que é necessário um momento de silêncio e reflexão no Coreto. E em seguida, um momento de amplo diálogo sobre estes e outros desafios de quem decide fazer e viver da cultura nessa cidade, “famosa” por ser a cidade da música, e não do músico. Convido a todos para o diálogo sobre a nossa Sede Coletiva.
AGRADECIMENTOS:
Realização, Colaboração, Apoios:
Sede Coletiva (realização)
Forno Harmônico (metodologia de gestão)
Thiago Zoroastro (Softwares Livres)
Ponto Literário
Débora
Guilherme Pelodan
Amasso-Rei e massoterapeutas
Carlos Mussum
Villeia
Victor
Tatty Leone
Julia Teixeira
Palhaços e outros marginais
Rayne
Sinhé
Jonatas
Duo 22
Felipe Joseba
Ricardo Passos
Fábio Neves
Harmonica Del Rei
Sabrina Mendes
Carlos Maximiano
Rafael Vasquez
Thiago Morandi
Thamires Werneck
Douglas (cosméticos naturais)
Lourdinha e Lidia (brotos)
Fred (alimento vivo)
André Ribeiro
Sara Pozzato
Bastian Cortes Gomez
Natalia R Monteiro
Lucas Alvim
Zabelê
João (Tete)
Ana Liberato
Zoroastro Sofwares Livres
Carlos Maximiano
Anna Barcelos (fotografia)
Circulo da Ceramica
Museu do Barro
Bey Trindade
Aluizio
Ignácio, Jan Trindade e cia.
Maracatu Raízes da Terra
(Pedimos perdão desde já se esquecemos de citar alguém!)
À Deus e todo Mundo!
Gratidão!
Crédito fotografia: Anna C.
Apoio tecnológico e institucional:
ITCP: Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
UFSJ: PROEX - Pró Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários
'Cessão', limpeza e iluminação do espaço:
Secretaria de Cultura e Turismo de São João del Rei