
A pedido da presidente da Câmara, auto denominada “Comandante Nádia” (PL), a Guarda Municipal disparou balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral contra vereadores da oposição e manifestantes que protestavam contra a privatização parcial do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) e a criminalização dos catadores de materiais recicláveis.
Essa ação brutal, ordenada pela “comandante” que trata a Casa Legislativa como um quartel militar, deixou pelo menos cinco vereadores e um deputado estadual feridos, incluindo a vereadora Atena Roveda (PSOL), que precisou ser hospitalizada após ser atingida por spray de pimenta e balas de borracha.
O Deputado Estadual, Ex Ministro e Ex Vice Governador do Estado, Miguel Rossetto (PT), foi atingido pelas costas com tiros de Bala de Borracha.
O tumulto ocorreu justamente quando a sessão estava prestes a votar projetos polêmicos enviados pelo prefeito Sebastião Melo (MDB). Um deles prevê a concessão do DMAE à iniciativa privada, o que críticos veem como um passo para a mercantilização da água – um bem essencial que não pode ser tratado como commodity.
O outro restringe a atuação dos catadores, criminalizando uma atividade vital para a sustentabilidade urbana e para a sobrevivência de milhares de famílias vulneráveis.
Centenas de populares, incluindo professores, trabalhadores e ativistas, se reuniram pacificamente em frente à Câmara para defender o DMAE público e os direitos dos catadores.
No entanto, foram recebidos com violência desproporcional, impedidos de entrar na “Casa do Povo” por um protocolo de segurança invocado por Nádia, que alegou lotação – uma desculpa conveniente para silenciar dissidentes.
Vereadores da esquerda, como Giovani Culau e Erick Dênil (PCdoB), Natasha Ferreira e Juliana Souza (PT) e a própria Atena Roveda, tentaram mediar o conflito e garantir o acesso do público ao plenário.
Em resposta, foram alvos diretos da repressão. Culau foi agredido enquanto tentava negociar, e Dênil foi atingido por duas balas de borracha na perna.
Essa não é a primeira vez que o autoritarismo de Comandante Nádia – uma tenente-coronel da Brigada Militar que se auto intitula “comandante” – vem à tona. Ainda em janeiro de 2025, logo após sua posse como presidente da Câmara, ela tentou isolar vereadores da esquerda em um “gueto” no plenário, afastando-os de seus lugares tradicionais e tratando-os como elementos indesejados em um regime de caserna.
Na época, denunciei esse método nazista no Twitter , alertando que o bolsonarismo é a versão contemporânea do nazismo e que Nádia conduzia a Casa com mão de ferro, ignorando a pluralidade democrática. O post, que viralizou, expôs sua intenção de segregar a oposição, criando um ambiente hostil à dissidência.
Em Porto Alegre, sob a batuta da "comandante Nadia" , a Câmara de Vereadores quer isolar Vereadores de Esquerda num canto do Plenário, tirando -os dos lugares que ocupavam tradicionalmente! O bolsonarismo é a versão atual do Nazismo. pic.twitter.com/ne1fVcQDqp
— Luiz Müller (@luizmuller) January 6, 2025
Não há como não ligar os fatos: o que começou como uma tentativa de guetização evoluiu para violência física aberta, com a Guarda Municipal atuando como milícia particular contra quem ousa questionar o poder estabelecido.
A oposição, unida, exige agora a cassação de Nádia por quebra de decoro parlamentar e gestão antidemocrática.
Em nota conjunta, vereadores afirmaram que não aceitarão a Câmara como palco de autoritarismo e repressão.
O CPERS (Sindicato dos Professores do RS) repudiou a violência, destacando que a “Casa do Povo” não pode ser transformada em arena de agressão contra o próprio povo.
Até o prefeito Melo, pressionado, determinou a abertura de inquérito para investigar a Guarda, mas isso soa como medida paliativa para abafar o escândalo.
Esse incidente não é isolado; ele reflete o avanço do autoritarismo no Brasil pós-Bolsonaro, onde instituições democráticas são cooptadas para servir agendas privatistas e repressoras.
Porto Alegre, outrora símbolo de participação popular com o Orçamento Participativo, agora vê sua Câmara manchada por balas e gás lacrimogêneo. É imperativo que a sociedade se mobilize:
#ForaNádia, #DMAEPúblico e #NãoÀCriminalizaçãoDosCatadores. A democracia não pode ser privatizada nem silenciada à força.
O povo de Porto Alegre e do Rio Grande merece e precisa mais do que isso – merece respeito, diálogo e uma liderança que não confunda autoridade com tirania.