Ao terminar de assistir “A Facada no Mito” quero dizer que ficou abalada a minha convicção inicial de que era impossível o atentado a Bolsonaro ter sido uma armação
A partir de uma matéria originalmente publicada na Rede Brasil Atual cai no canal do YouTube “True or Not” que foi criado apenas para divulgar o documentário anônimo “A Facada no Mito”. A primeira impressão é de que assistiria um vídeo amador mal feito e que não mereceria qualquer credibilidade. Vamos dizer que há meia verdade na minha primeira impressão.
O documentário é de fato amador, provavelmente feito por pessoas sem formação em audiovisual ou jornalismo. Não é narrado. É baseado em imagens do dia do atentado a Bolsonaro, acompanhado de música e textos que questionam o que de fato aconteceu.
A questão é que mesmo sendo totalmente amador, o vídeo conduz quem assiste a uma série de dúvidas sobre o tal atentado e merece ser tratado como um novo objeto nas investigações acerca do que ocorreu naquele 6 de setembro.
Sua tese central é de que o atentado foi uma grande armação. Muita gente já achava isso naqueles dias. E o jornalista que escreve nunca deu bola para essa suspeita, entre outras coisas, porque fabricar um atentado envolvendo hospitais não me parece algo possível.
Ainda acho a hipótese muito improvável, mas ao terminar de assistir “A Facada no Mito” quero dizer que minha convicção inicial ficou abalada. E que a partir de agora considero importante que a sociedade tenha respondida uma série de questões realizadas pelo documentário.
Porque entre outras coisas, o vídeo mostra cenas de uma primeira tentativa de ataque de Adélio Bispo que teria sido assistida por vários dos seguranças de Bolsonaro. E que teria ocorrido após uma contagem regressiva de um deles com os dedos de uma das mãos que começa cheia, com cinco dedos e vai diminuindo um a um até chegar no zero. Momento em que Adélio parte para o ataque.
Essas pessoas que estão o tempo todo próximas a Adélio são marcadas em atos suspeitos no vídeo e parecem de fato terem agido em conjunto com ele. No momento da segunda tentativa de agressão, que foi a que teria ferido Bolsonaro, são elas que prendem Adélio e a protegem de ser agredido e morto ali no local da ação.
Além de mostrar um a um esses supostos envolvidos, o vídeo também aponta contradições em relação ao ferimento e a faca que foi apontada como a usada. E defende a tese de que o instrumento utilizado não seria o apresentado, mas sim um “folding Knife”, uma faca dobrável. E que por isso não há sangue no ferimento, já que a facada não teria ocorrido.
Os argumentos e as cenas apresentadas por incrível que possa parecer fazem muito sentido. Mas não explicam algo fundamental, se o evento foi produzido com tanta gente envolvida porque até agora a armação não veio à tona?
De qualquer maneira, há um outra questão que o documentário chama atenção e que não havia sido tratada com importância devida.
No dia do atentado um fotógrafo do Jornal A Tribuna de Juiz de Fora, Felipe Couri, estava produzindo imagens. No exato momento em que Bolsonaro é atacado ele teve sua atenção desviada e não conseguiu fazer a foto que provavelmente o levaria a ganhar prêmios de jornalismo, mas mesmo assim foi retirado do local por um segurança de Bolsonaro de forma agressiva.
O jornal Tribuna de Juiz de Fora registrou o fato da seguinte forma:
É imprescindível que a Polícia Federal responda as questões apresentadas no vídeo. E que as pessoas citadas como parte da ação de Adélio Bispo venham a público dizer o que ocorreu naqueles minutos entre o primeiro ataque, o segundo ataque e a prisão do esfaqueador.
Sem essas respostas, o atentado a Bolsonaro entra para o rol daqueles eventos em que a gente nunca sabe direito se ocorreu da forma como se diz.