Por Marcio Pochmann no Twitter

Foi no governo do presidente Lyndon Johnson que em 1964 os EUA declararam “guerra incondicional à pobreza”. Quase seis décadas depois, o mesmo país explícita a sua dificuldade maior de vencê-la. Em 2022, por exemplo, a taxa de pobreza atingiu12,4% dos estadunidenses, quando em 2021 era de 7,8%. Um enorme paradoxo, pois a nação mais rica do mundo detém alguns dos piores índices de pobreza entre os países definidos como desenvolvidos. Atualmente, por exemplo, o país registra cerca de 40 milhões de estadunidenses vivendo abaixo da linha oficial de pobreza. Não bastasse isso, a desigualdade entre os pobres é extrema, posto que 11% das crianças brancas vivem na pobreza, enquanto entre crianças negras há 32% e 26% no caso das crianças de pais latinos. De acordo com o governo Biden, quase a metade dos recém-nascidos nos EUA dependem do programa especial de suplementação alimentar para mulheres e crianças (WIC). Por isso, em 2022, os gastos governamentais com o combate à pobreza foram de US$ 278 bilhões, cuja soma com os programas de saúde para os mais pobres (Medicaid) alcança o valor de US$ 857 bilhões. Em compensação, o mesmo EUA comprometeram US$ 877 bilhões com gastos de guerra. Em pleno período de pandemia equivaleu a 39% do total da despesa militar do mundo, que em 2022 foi 3,7% superior ao ano de 2021, quando suprimida a inflação. Essa quantidade de recursos públicos permitiria atender mais de 200 milhões de pessoas submetidas à fome e à crises humanitárias e, mesmo, enfrentar o avanço da emergência climática. É por conta disso que o presidente Lula sempre procura destacar que não faltam recursos para a guerra, somente para o combate pleno à fome, pobreza e à emergência climática no mundo.

Márcio Pochmann é Presidente do IBGE