O prefeito de Laguna, Preto Crippa (PL), registrou um boletim de ocorrência (BO) contra a deputada federal Júlia Zanatta (PL), também de Santa Catarina, alegando ameaças à sua segurança e à de sua família. Enfim, coisa de bandido e não de Política decente e democrática. Ambos é claro, são bolsonaristas.

O episódio, que veio à tona em setembro de 2025, reflete rachas no partido bolsonarista e expõe críticas mútuas sobre lealdade partidária e contratações administrativas. Vamos entender os detalhes dessa briga que agitou a política catarinense.

Tudo começou durante as eleições municipais de 2024, quando Preto Crippa foi eleito prefeito de Laguna pelo PL.

Segundo o próprio prefeito, Júlia Zanatta não apoiou sua campanha e, em vez disso, respaldou seu adversário político. Essa falta de apoio gerou ressentimentos que explodiram publicamente em um debate na rádio local de Laguna. Durante a transmissão, Crippa declarou que não fazia parte do “PL de Júlia Zanatta e do deputado Zé Trovão”, destacando uma divisão interna no partido.

A deputada, conhecida por seu posicionamento ultra direitista e proximidade com Jair Bolsonaro, reagiu com críticas veementes nas redes sociais. Em lives e postagens, ela questionou as contratações feitas por Crippa em sua administração, alegando que ele empregou pessoas ligadas ao PT (Partido dos Trabalhadores) e ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil). Para Zanatta, isso representava uma traição às diretrizes ideológicas do PL, que se posiciona como de direita e anticomunista.

Ela chegou a afirmar: “Chama o Preto Crippa aqui que eu quero saber da boca dele. Qual é o respeito que PCdoB, PT e toda a corja esquerdista tem pela direita e pelo PL”.

O BO e as Alegações de Ameaça

Em 22 de setembro de 2025, o prefeito formalizou o BO na delegacia, citando uma postagem específica de Zanatta nas redes sociais. A deputada publicou uma foto de Crippa fantasiado no carnaval, com a legenda: “Esse moço vai se arrepender até o último fio de cabelo de ter tocado no meu nome”. Para o prefeito, essa frase, somada ao histórico de posturas agressivas da deputada – incluindo exibições de armas de fogo em publicações –, configurava uma ameaça real, especialmente no contexto de violência política no Brasil.

No documento, Crippa pediu análise de risco, medidas protetivas e reconhecimento de que a perseguição ia além de desentendimentos políticos, caracterizando-se como orquestrada. Ele mencionou temores para sua família e equipe de governo, e relatou ter conversado com o governador Jorginho Mello (PL), presidente estadual do partido, que prometeu intermediar o diálogo.

A resposta de Júlia Zanatta ao BO foi imediata e desdenhosa: ao ser procurada pela imprensa, ela riu da situação e reafirmou sua intenção de pedir a expulsão de Crippa do PL, tanto no âmbito estadual quanto nacional.

A deputada enviou provas ao governador sobre as supostas contratações “esquerdistas” na prefeitura de Laguna, argumentando que o prefeito desrespeitava as orientações partidárias.

Outros parlamentares do PL se juntaram às críticas. O deputado federal Zé Trovão chamou Crippa de “prefeito que se diz conservador e encheu a prefeitura de esquerdistas e comunistas”, destacando a ligação do vice-prefeito com o ex-presidente Lula.

Já o deputado estadual Jessé Lopes exigiu alinhamento ideológico ao bolsonarismo, afirmando: “Pode ser prefeito do PT, do PCdoB, do Quinto dos Infernos, não do PL”.

Apesar das ameaças de expulsão, até o início de outubro de 2025, Preto Crippa permanece no PL sem qualquer punição formal. Em atualizações recentes, o prefeito desmentiu boatos sobre uma possível migração para o Republicanos – partido pelo qual já foi filiado – e reafirmou seu compromisso com o PL..

O prefeito rebateu as acusações, mantendo que sua administração é conservadora e alinhada ao partido.

Esse conflito expõe fissuras no PL catarinense, um partido que cresceu na esteira do bolsonarismo, mas agora lida com disputas por poder e ideologia.

Enquanto Zanatta e seus aliados defendem uma linha dura contra qualquer “desvio esquerdista”, Crippa representa uma ala mais pragmática, focada em governabilidade local.

O episódio pode influenciar as dinâmicas partidárias rumo às eleições de 2026, com possíveis realinhamentos.

Fonte: Jornal TOPNews