Originalmente publicado No GGN
Tabanez é dono de clube de tiro e esteve envolvido em irregularidades das vacinas de Covid e contratos milionários com governo Bolsonaro
Em publicação nas redes, Tabanez defendia Bolsonaro como “amigo” – Foto: Reprodução/RedesAs ilegalidades da empresa que atua na manutenção do presídio federal de Mossoró (RN) chegou ao policial civil bolsonarista Carlos Alberto Tabanez, que não é figura nova em polêmicas e acusações de irregularidades dos últimos anos, conforme mostram reportagens do GGN.
Reportagem do Estadão desta quinta-feira (22) revela a influência de Tabanez na empresa R7 Facilities, ontratada para a manutenção da prisão de Mossoró e da penitenciária de Brasília, e que foi registrada em nome de um laranja.
O policial aposentado era o responsável por recomendar funcionários da R7 Facilities e tinha bom trânsito junto aos diretores da empresa, segundo o jornal. O contrato da empresa para a manutenção do presídio está sob o nome de um laranja, homem de 47 anos beneficiário de auxílio emergencial na pandemia e que vive em casa simples na periferia do DF.
O histórico do empresário, político e policial
Tabanez tem ampla ligação com a família Bolsonaro e o ex-governador Ibaneis Rocha, seja pela atuação em negócios de tiros e contratos milionários obtidos do governo, como também ligado a empresa acusada de propina em venda das vacinas Covid-19 e treinamento de militares em missão do general Heleno ao Haiti
Carlos Alberto Rodrigues Tabanez é policial civil, especialista em explosivos, instrutor de tiro e dono de um clube de tiros do Distrito Federal, o G.S.I., que era frequentado por Jair Bolsonaro e por Marcos Pollon, reconhecido defendor das armas e ligado ao clã Bolsonaro.
Tentando as eleições de 2018 sem sucesso, conseguiu uma cadeira na Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2022, pelo PROS antes de migrar para o MDB, com a renúncia do deputado Guarda Jânio (PROS).
Trânsito com general Heleno, Ibaneis e contratos milionários
Na política, ainda assessorou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. E, como policial ligado a militares e instrutor de tiros, Tabanez fez o treinamento de técnicos em explosivos para a preparação do 4º e 9º Contingentes da Companhia de Engenharia do Exército para a Força de Paz no Haiti, missão que foi comandada pelo general Augusto Heleno.
Na reportagem “Xadrez do verdadeiro gabinete do ódio”, Luis Nassif mostrou que o clube de tiros de Tabanez, juntamente com outras pequenas empresas da família, receberam R$ 21 milhões, entre 2018 e 2020, de contratos com Ministérios do governo, predominantemente no mandato de Jair Bolsonaro.
Corrupção na venda de vacinas Covid-19
Tabanez também foi membro de uma organização evangélica do Distrito Federal, a Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários) acusada de tentar vender ilegalmente milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 da AstraZeneca e da Janssen, em 2021.
A ONG Senah era comandada pelo reverendo Amilton Gomes de Paula e também tinha como membro o cabo Luiz Paulo Dominguetti, ambos arrolados nas acusações das vendas das vacinas durante a pandemia.
Carlos Alberto Tabanez também figurou na tentativa da venda das vacinas Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, que posteriormente gerou uma multa à empresa Precisa Medicamentos, de R$ 3 milhões por fraude no contratos junto ao governo Bolsonaro.
Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.