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Incertezas pesam, e investimento chinês no país recua 75%

January 9, 2019 10:40 , von Luíz Müller Blog - | No one following this article yet.
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“Elas poderão ficar muito prejudicadas se o Brasil tomar partidos dos Estados Unidos em vez de assumir uma posição neutra.” Para Barral, o humor de Pequim em relação às declarações de Bolsonaro ficará mais claro com a retomada do programa de concessões e privatizações do governo federal.

Do Valor Econômico

transmissao_energia-601x379Os investimentos da China caíram de US$ 11,3 bilhões em 2017 para US$ 2,8 bilhões no ano passado, resultado, segundo analistas, das incertezas geradas pelas eleições, das expectativa em relação a mudanças de marcos regulatórios e da base alta de comparação, com a forte atuação dos asiáticos nos anos anteriores em leilões do setor elétrico.

A queda de 75% é apontada em dados da Secretaria de Assuntos Internacionais (Seain), ligada anteriormente ao Ministério do Planejamento e que agora será aglutinada à nova estrutura do Ministério da Economia. O documento, do mês passado, contém estatísticas elaboradas a partir de várias fontes e contemplam apenas fluxo de investimentos confirmados.
Dados levantados com base em metodologias diversas, ainda que preliminares, indicam que o recuo dos investimentos chineses não ficou restrito apenas ao Brasil. O boletim da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) informa que os fluxos de investimentos estrangeiros diretos globais caíram 41% no primeiro semestre de 2018 em relação a igual período do ano passado. O Brasil teve a maior queda (22%) entre os países sul-americanos e caiu da sexta para a nona posição no ranking dos dez maiores destinos de investimento global da primeira metade de 2017 para igual período do ano passado.
Os investimentos chineses no mundo, incluindo o setor de construção, caíram de US$ 158,9 bilhões para US$ 91,32 bilhões do primeiro semestre de 2017 para igual período do ano passado, de acordo com dados divulgados pelos centros de estudos The Heritage Foundation e American Enterprise Institute, ambos dos Estados Unidos.
No Brasil, a queda na entrada de aportes chineses deve levar em conta uma base de comparação alta, diz Welber Barral, sócio da Barral M Jorge e ex-secretário de Comércio Exterior. Em 2017, ainda segundo dados da Seain, os investimentos chineses atingiram o pico desde 2011, com alta de 113,3% em relação aos US$ 5,3 bilhões que ingressaram no país no ano anterior.
Em 2015, ainda segundo os dados do governo federal, os investimentos chineses foram de US$ 7,5 bilhões após terem recuado para US$ 1,8 bilhão em 2014.
Os investimentos da China começaram a se acelerar em 2015, lembra Barral, com a recessão da economia brasileira e o barateamento de ativos para investidores estrangeiros como um todo. Com disponibilidade de recursos para investimento em médio e longo prazos, os chineses, explica Barral, se destacaram no período pela participação em grandes leilões da área de infraestrutura, com valores bilionários. Um dos maiores do período, o investimento da State Grid Corp of China na CPFL Energia ultrapassou os US$ 12 bilhões de 2016 a 2017. “Em 2018 isso se desacelerou também porque houve menos oportunidades em concessões e privatizações.”
Os investimentos chineses, segundo o boletim da antiga Seain, chegaram a representar em 2017 28,2% dos investimentos totais em infraestrutura no Brasil. No ano passado, a participação, segundo projeções, caiu para 4,34%. Em 2016 foi de 10%. Os dados, ressalta o relatório do governo federal, mostram contribuição importante das empresas chinesas para recuperar o baixo investimento em infraestrutura nos últimos anos.
A Seain mostra que os investimentos em infraestrutura caíram de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 para 1,7% em 2017 e, segundo estimativas, recuaram para 1,5% no ano passado. As participações foram calculadas com base em dados da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que englobam investimentos em energia elétrica, transporte, telecomunicações e saneamento básico. Para fazer o cálculo, os valores dos investimentos estrangeiros foram convertidos para reais pela taxa de câmbio média anual divulgada pelo Banco Central.
Mesmo com números diferentes, os dados preliminares do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC) mostram tendência semelhante nos investimentos chineses. Pela entidade, os investimentos confirmados origem China no Brasil caíram de US$ 8,8 bilhões em 2017 para US$ 1,5 bilhão no ano passado.
Mas essa redução não significa falta de interesse do país asiático no Brasil, diz Tulio Cariello, coordenador de análise e pesquisa do CEBC. “Pelo contrário”, argumenta. No ano passado, diz ele, foram anunciados 31 projetos de investimento de origem chinesa no país, ante 35 em 2017. A grande diferença, porém, destaca o especialista em relações internacionais, se deu na taxa de efetivação. Em 2017, 77% dos projetos foram confirmados. No ano passado, essa taxa caiu para 45%. Em 2015 e 2016 as taxas de efetivação foram mais próximas, de 71% e 75%, respectivamente.
A pequena parcela de projetos confirmados no ano passado é um reflexo do quadro de maior incerteza em relação ao Brasil, diz Cariello. O processo eleitoral relativamente mais conturbado que a de períodos anteriores e a expectativa de um governo que pode romper com a política econômica que vinha sendo implementada trouxe maior apreensão para os investidores como um todo, não somente aos chineses, avalia ele. “Há também expectativa em relação aos marcos regulatórios em diversos setores”, diz.
As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o suposto domínio chinês em setores importantes durante o período da campanha elevam o receio em relação a mudanças, diz Cariello. A expectativa, segundo ele, é que o Ministério das Relações Exteriores possa atuar na formulação de uma política externa que leve em consideração a importância da China, maior parceiro comercial do Brasil há uma década e que ganhou importância ainda maior em 2018.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o país asiático avançou sua fatia nas exportações brasileiras de 23% em 2017 para 27,8% no ano passado. A exportação para os chineses somou US$ 66,6 bilhões em 2018. O número inclui os embarques para Hong Kong e Macau. Um dos principais fatores para o aumento da fatia da China, avalia Barral, é o desvio de comércio, principalmente de soja, resultante do conflito comercial entre Estados Unidos e China.
O conflito entre os dois países, adiciona Cariello, é uma preocupação adicional no andamento das relações sino-brasileiras. “Elas poderão ficar muito prejudicadas se o Brasil tomar partidos dos Estados Unidos em vez de assumir uma posição neutra.” Para Barral, o humor de Pequim em relação às declarações de Bolsonaro ficará mais claro com a retomada do programa de concessões e privatizações do governo federal.

Quelle: https://luizmuller.com/2019/01/09/incertezas-pesam-e-investimento-chines-no-pais-recua-75/

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