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Luiz Muller Blog

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Luta pela Moradia é lembrada nos 37 anos do Bairro Guajuviras em Canoas (Vídeo e texto)

17 de Abril de 2024, 17:35 , por Luíz Müller Blog - | No one following this article yet.
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No vídeo, O hoje Senador Paulo Paim relembra aqueles dias que marcaram a Luta pelo Direito a Moradia em Canoas, no Rio Grande do Sul e no Brasil

“Naquele dia 17 de Abril de 1987, me lembro muito bem do Emocionado Telefonema que recebi do meu irmão relatando o grande feito que foi a Ocupação do Bairro Guajuviras por Milhares de Trabalhadores Canoenses”, diz Flavio Paim, irmão do Senador Paulo Paim.

Coube ao Irmão do Senador Paim, ha anos morando em Canoas, conversar com a comunidade do Guajuviras no dia do 37° Aniversário

A época Flavio era Funcionário do BANRISUL lotado em São Paulo, mas sempre muito ligado nos movimentos da família, em especial ao seu Irmão que havia sido eleito Deputado Federal Constituinte um ano antes.

A ocupação do Conjunto Habitacional Guajuviras esta marcado na história pela luta por moradia e condições mínimas à dignidade humana.

Os anos da década de 1980 foram marcados pela luta por moradia e emprego. Época em que muitas ocupações ocorreram em diversas regiões do Brasil, e grupos de Frentes de Trabalho iam sendo criados na busca por qualidade de vida. O cenário não era diferente em Canoas: a ocupação do bairro Guajuviras, onde ficava o conjunto habitacional Ildo Meneghetti, surgiu através da necessidade de moradia que assolava a população naquela época.

Por se tratar de Moradias Populares, apesar de ter iniciado as obras, estas foram abandonadas ainda inacabadas pela Estado.

Naquela época recém havíamos saído da Ditadura Militar no Brasil, com a inflação indo as alturas e o desemprego campeando.

Os inacabados e abandonados Blocos de apartamentos já sofriam a ação das intempéries, enquanto o país submergia ao fracasso do Plano Cruzado e ao fechamento do Banco Nacional de Habitação (BNH) – que poderia subsidiar os recursos para conclusão das obras.

Em 1987, Canoas enfrentava um déficit de moradias, com aluguéis cada vez mais difíceis do trabalhador pagar, e contava com um conjunto habitacional abandonado e inacabado. A cidade tinha indústrias e passou a ter oportunidades de emprego, mas faltava lugar para esses trabalhadores morarem.

Foi então que no dia 17 de abril de 1987, uma Sexta-Feira Santa, após muitas reuniões com movimentos sociais e organização, ocorreu a ocupação das 5.924 moradias.

Foram dias de luta, com os ocupantes cercados pela Brigada Militar e impedidos de sair por dias.

Só o apoio da Comunidade, Sindicatos, personalidades e Políticos como o Senador Paulo Paim, Metalúrgico que havia sido eleito Deputado Constituinte um ano antes, garantiram a solidariedade e a força necessária pra turma que estava ali não esmorecesse.

A vitória veio com e os moradores seguiram ali, transformando aquela dura luta no Pujante Bairro Guajuviras que temos hoje.

Foto da época, com Lideranças da Ocupação com o lIder Metalúrgico Paulo Paim, então Deputado Constituinte, a frente

Me utilizo de trechos do Notícias da Aldeia, para mostrar que em Corações e mentes de quem travou aquela Luta, a memória continua viva, que reproduzo a seguir:

Moradia e dignidade

A partir dessa data, muitas batalhas foram enfrentadas, com resistência e resiliência. Não se tratava apenas de moradia, mas da busca por dignidade. Um grupo de canoenses, com origem no município, mas também de cidades do interior, que vieram para Canoas em busca de trabalho, marcou a história da cidade ao produzirem uma das maiores ocupações populares de Canoas e do Sul do Brasil. Na época, a cidade também dava início a outras ocupações, como a Santo Operário, no bairro Harmonia; União dos Operários e Vila Natal, no bairro Mathias Velho.

Aquela ocupação de quase seis mil moradias de 1987, hoje conta com 41 mil moradores, segundo dados do Censo (IBGE) de 2022.

Isso é reflexo da luta de muitas lideranças que não desistiram diante dos desafios que surgiam pelo caminho. Depois da ocupação, a luta não parou, muitos salientam que foi quando, de fato, ela começou. Sem água e comida, não podiam voltar se saíssem do local. Quando alguém levava água ou alimento, a Brigada Militar (BM) impedia a entrada, seguindo a ordem que recebiam. Lideranças como Maria Aparecida Flores, a Cida; Antônio Vianna (in memorian), que tem seu nome em uma praça do bairro; Luiz Carlos da Conceição, o Bailarino, e Marcos Machado (in memorian) fizeram a diferença.

Organização para garantir o direito à moradia

Natural de Camaquã, Maria Aparecida Flores, a Cida, foi uma das lideranças que ocupou e colaborou com a organização do movimento. Ela chegou a Canoas na década de 1970 e morava em uma casa alugada no bairro Fátima. Integrante da Ação Católica Operária, sua atuação no movimento social da Igreja Católica foi importante no processo de ocupação do conjunto habitacional Ildo Meneghetti.

Maria Aparecida Flores, a Cida

“A nossa ocupação foi muito organizada. Nós temos as quadras, que ainda organizam o bairro e, na época, cada quadra tinha um líder, que era escolhido pelos moradores daquela quadra. As reuniões eram feitas com todos os líderes, de todas as quadras. Eles eram os representantes dos demais moradores. Isso fazia com que todos os moradores soubessem de tudo que estava acontecendo. Essa organização permitiu que nós conseguíssemos ter o direito à moradia”, relembra Maria Aparecida Flores, a Cida.

Manter o legado da história do bairro Guajuviras é um compromisso de Cida. “Todos os anos, no mês de abril, eu vou às escolas para conversar com as crianças sobre a história do bairro. Elas precisam saber da nossa história. Muitas não sabem o motivo da avenida 17 de Abril ter esse nome”, destaca.

Além de moradores, que foram líderes da ocupação, outras figuras também tiveram uma participação importante no processo. Alguns políticos como o senador Paulo Paim e vereadores da época; religiosos como o padre Armindo Cattelan, que foi pároco da Igreja Matriz São Luís Gonzaga, a primeira de Canoas, e o Irmão Marista Antonio Cecchin (in memorian), militante dos movimentos sociais, e o ex-procurador do Estado do Rio Grande do Sul, Jacques Távora Alfonsin, conhecido como o advogado das causas populares, também tiveram papel fundamental.

Crescimento da região

Com a luta das lideranças do bairro, muitas demandas foram conquistadas ao longo dos anos, entre elas: cinco escolas de ensino fundamental, cinco escolas de educação infantil, duas unidades de saúde, um equipamento cultural e 16 praças.

Escolas Municipais de Ensino Fundamental
EMEF Carlos Drummond de Andrade
EMEF Erna Würth Avenida
EMEF Paulo Freire
EMEF Professora Nancy Ferreira Pansera
EMEF Guajuviras

Escolas Municipais de Educação Infantil
EMEI Anísio Spíndola Teixeira
EMEI Cara Melada
EMEI Olga Machado Ronchetti
EMEI Vó Corina
EMEI Vó Nelsa

Praças
Praça do Setor 1 – Quadras Bb Setor 1
Praça do Setor 1 – Quadra O Setor 1
Praça do Setor 1 – Quadra W Setor 1
Praça do Setor 1 – Quadra Cruz Malta Setor 1 Com Quadra F
Praça do Setor 2 – Quadra B Setor 2
Praça do Setor 2 – Quadra V Setor 2
Praça do Setor 2 – Quadra Ee Setor 2
Praça do Setor 3 – Quadra A Setor 3
Praça do Setor 3 – Quadra R Setor 3
Praça do Setor 4 – Quadra B4 Setor 4
Praça Antônio Carlos Viana – Setor 4 (Lado BM)
Praça 16ª Guajuviras – Alameda 4 Setor 1
Praça Governador Ildo Meneguetti – Setor 6 Quadra F
Praça Doze de Outubro – Setor 6 Quadra P
Praça Setor 6 – Quadra Z Setor 6
Praça K Guajuviras – Rua 103 com Rua Eucaliptos

Equipamento Cultural
Hangar Cultural Oli Borges

Unidades de Saúde
US CAIC
US Guajuviras


Fonte: https://luizmuller.com/2024/04/17/luta-pela-moradia-e-lembrada-nos-37-anos-do-bairro-guajuviras-em-canoas-video-e-texto/

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