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Memória e Verdade: Prefeitura de Porto Alegre abandona Monumento que conta parte da história da Cidade e do País

Marzo 31, 2024 21:01 , by Luíz Müller Blog - | No one following this article yet.
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Todos os dias que caminho na Orla do Guaíba passo ali. Um monumento que deveria ser memorial a nos lembrar a História de Bravura e Luta dos que enfrentaram a Ditadura Militar em Porto Alegre e no Brasil, esta ali, sem cuidado nenhum, enferrujando, como esta enferrujada a máquina pública que deveria estar cuidando do bem estar dos porto alegrenses e da história de lutas e conquistas da cidade.

Há gente querendo “reescrever” a história, apagando dela o que não interessa ao seu mesquinho projeto de poder. Sebastião Melo aderiu a esta gente que espalha tantas inverdades e uma tal velocidade, que até as verdades passam a ser questionadas por muitas gentes. Melo aderiu ao Bolsonarismo, apagando o que restava da história do MDB, que um dia já fez até oposição aos Generais Ditadores.

É provável que muitos dos jovens nascidos no fim dos anos 1990 e nas duas décadas deste século 21, nem tenham se dado conta da existência deste Memorial de Resgate da História, ou pior, muitos iludidos pelos apagadores da história verdadeira até vejam o monumento como mais uma sucata sem serventia.

O problema é, que quando deixamos os monumentos que resgatam a história, seja ela qual for, serem apagados de nossa referência memorial, abrimos caminho para a barbárie do esquecimento, uma espécie de Alzheimer coletivo que pode levar pessoas a loucuras coletivas como foi aquela recente intentona de 08 de janeiro de 2023, onde um bando de desmemoriados da história, manipulados pelos que propositalmente querem apagar a história, atentaram contra a Democracia e as Instituições que as representam no Brasil.

Republico a seguir um fio de Tuites da então Vereadora Maria do Rosário, responsável pela Construção do Monumento em 1994:

Você conhece a história por trás do Monumento aos Mortos e Desaparecidos da Ditadura Militar em Porto Alegre? Uma obra que tem um significado profundo para nossa memória coletiva, mas que hoje está abandonada pela prefeitura.

Como vereadora em 1994, tive a honra de ser autora da lei que autorizou a construção do monumento em memória dos brasileiros e brasileiros mortos ou desaparecidos políticos pela ditadura. Foi um passo importante para garantir que as gerações futuras não se esqueçam dos horrores vividos naquele período.

Na apresentação, uma senhora de cabelos brancos e idade avançada, Ermelinda Bronca, que por anos esperou pelo retorno do filho desaparecido político, iluminou neste espaço o lugar de homenagem a ele, negado pelos ditadores.

O Memorial foi idealizado pelo artista plástico Luiz Gonzaga de Mello Gomes, selecionado por meio de um concurso coordenado pela Secretaria Municipal de Cultura, com Margarete Moraes à frente. Uma que buscava preservar a história e a memória desses tempos sombrios .

Localizado na Avenida Beira Rio, próximo à Orla do Guaíba, o monumento foi inaugurado em 1995 pela prefeitura de Porto Alegre, na gestão do então prefeito Tarso Genro.

Infelizmente, hoje o local está abandonado pela prefeitura, contrastando com a revitalização da Orla ao longo dos anos.

Preservar este monumento é preservar a nossa história e reafirmar nosso compromisso com a memória, a verdade e a justiça.

Compartilho em um breve artigo, publicado hoje no @sulvinteum, um pouco da nossa luta por memória. Que nunca nos esqueçamos dos que lutaram pela democracia e que continuamos a honrar sua memória.

Ao completarem-se 60 anos da longa noite da ditadura no Brasil, somos chamados mais uma vez a olhar para 1964 não apenas como um exercício de recordação, mas como um imperativo moral para garantir que jamais sejamos jogados em novos golpes e ditaduras. Sabemos bem, que impedir a memória daquele período foi uma das estratégias para impedir o conhecimento da verdade e a justiça de transição, condição que até hoje fragiliza a democracia brasileira. Os versos entoados por Gonzaguinha ainda ecoam em nossos corações: “São tantas lutas inglórias, são histórias que a história qualquer dia contará”. 

A memória é nossa ferramenta mais poderosa para construir uma sociedade onde os direitos humanos e a democracia sejam não apenas palavras vazias, mas realidades concretas. Em minha vida pública, tenho orgulho em afirmar que sempre estive do lado da história que defende a democracia, lutando por justiça. 

Na Câmara Municipal de Porto Alegre, sendo vereadora, em 1994, fui autora da lei que autorizou a construção de um monumento em memória dos brasileiros e brasileiras mortos ou desaparecidos políticos pela ditadura. Uma obra para que as gerações futuras não se esqueçam os horrores vividos durante aquele período sombrio. 

O Memorial aos Mortos e Desaparecidos da Ditadura Militar, obra do artista plástico Luiz Gonzaga de Mello Gomes, foi selecionado a partir de concurso coordenado pela Secretaria Municipal de Cultura, Margarete Moraes à frente. O monumento fica localizado na Avenida Beira Rio, próximo à Orla do Guaíba, e foi inaugurado em 1995, pela prefeitura de Porto Alegre, à época sob condução do então prefeito Tarso Genro. Hoje, infelizmente, um local abandonado pela prefeitura municipal, e que ao longo dos anos contrasta com a revitalização da Orla. 

Na inauguração, uma Senhora de cabelos brancos e idade avançada, Ermelinda Bronca, por longos anos à espera do filho desaparecido político, declarou reconhecer neste espaço o lugar de homenagem a ele, negado pelos ditadores. 

Quando a Lei de Anistia completou 20 anos, com as contradições que a marcam, presidindo a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, realizamos um importante Seminário para ouvir as palavra de Leonel Brizola e muitos outros que viveram o exílio e a perseguição. 

A democracia não é obra pronta e se um país não conhece suas próprias contradições, é ainda mais difícil que ela se constitua. É por este motivo que me dedico formação da memória e da verdade. Creio que o Estado brasileiro deve as famílias dos desaparecidos, dos torturados e mortos pela ditadura mais respeito e a informação precisa sobre os fatos em que foram vitimados e o destino de seus restos mortais. Inspirada em Suzana Lisboa e na luta incansável dos familiares, por convite do então Ministro Nilmário Miranda, tive a honra de compor a Comissão Sobre Mortos e Desaparecidos, representando a Câmara dos Deputados. Na Câmara Federal também, apresentei Projeto de Lei, para que sejam identificados publicamente os lugares de repressão política (1156/21). 

O Marco dos 60 anos desde a implantação da ditadura deve nos mobilizar para implementar as recomendações do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade. 

Como Ministra de Estado, tive a honra de colaborar com a presidenta Dilma Rousseff na articulação pela aprovação da Comissão Nacional da Verdade, seguindo os passos dos Ministros que me antecederam e trabalharam por este objetivo nos governos FHC, Lula e Dilma. José Gregori, Gilberto Sabóia, Nilmário Miranda, Mário Mamede, Paulo Vanucchi que elaborou o PL e Rogério Sotilli, foram a linha de frente de diálogo com o parlamento. 

Esse importante órgão, ainda que tenha demorado para existir no Brasil, consignou necessárias iniciativas para uma democracia mais perene. 

Se ainda não foi possível avançar na responsabilização dos torturadores, devemos manter viva a memória de seus atos de crueldade, bem como a bravura de tantos brasileiros e brasileiras, defensores da democracia, neste tempo, que é uma “página infeliz da nossa história”. 

O 8 de janeiro de 2023 foi a tentativa de impor novamente o autoritarismo e a violência em nosso país. Mas encontrou como barreira as atitudes de um governo firme, e um povo, que em sua maioria rejeita uma nova ditadura no país. 

Emília Violatti, renomada historiadora, afirmou certa vez que “um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”. Uma síntese da importância vital de preservarmos uma memória coletiva, que viva nas cabeças como vanguarda, sempre ao norte dos nossos sonhos e esperanças. 

É mais do que hora de recompor a Comissão Sobre Mortos e Desaparecidos, pois a missão democratizante do Estado brasileiro não acabou. Ao contrário, ela parece nos desafiar ainda mais nos dias atuais para que a nação concorde com Ulisses Guimarães que declarou na promulgação da CF/88 ter “ódio e nojo” à ditadura. 

Por memória, verdade e justiça. Ditadura nunca mais!

(*) Maria do Rosário é deputada federal, ex-ministra de Estado e pré-candidata a prefeitura de Porto Alegre pelo PT


 


Source: https://luizmuller.com/2024/03/31/memoria-e-verdade-prefeitura-de-porto-alegre-abandona-monumento-que-conta-parte-da-historia-da-cidade-e-do-pais/

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