O Prefeito Melo aplicou por aqui o negacionismo bolsonarista e ao invés de Buscar a Vacina, promover medidas restritivas de circulação, optou por distribuir milhares de Kits cloroquina, sem eficãcia nenhuma contra covid. A justiça mandou parar esta barbaridade, mas Melo seguiu e chegou a conclamar as pessoas a darem a sua vida pela economia da cidade.

Segue uma lúcida Nota da Bancada de Vereadores do PT de Porto Alegre, dando conta de que parte da sociedade não esta disposta a seguir morrendo só para beneficiar os interesses de poucos que comandam a tal “economia”:

O colapso do sistema de saúde em que nos encontramos exige medidas ainda mais restritiva de circulação de circulação de pessoas na cidade, pois Porto Alegre chega ao pior momento da pandemia. Na noite de quinta (04/03), chegamos a 103,78% de ocupação nas UTIs e 190 porto-alegrenses aguardando uma vaga. Por mais que tenham sido abertos leitos na cidade (em torno de 100), a demanda existente já não comporta a capacidade. São 2.517 vítimas fatais em uma cidade de 1,5 milhão de moradores, número que supera os dados de 7 países que possuem população aproximada de 47 milhões de pessoas.

Infelizmente, a visão negacionista dos efeitos e tratamentos da Covid-19, que orientou as ações e declarações do Presidente Bolsonaro e do Prefeito Melo, é responsável pela catástrofe humanitária vivenciada em Porto Alegre. Esse é um fato relatado pela imprensa até em nível internacional, que considera nossa cidade uma nova Manaus. Diante disso, a prefeitura relutou em implementar os protocolos da bandeira preta, o que motivou uma Ação Judicial do PT, mas mesmo com o seu estabelecimento, basta circular pela cidade para observar o descumprimento dos protocolos e a falta de fiscalização da atual gestão. Isso, aliado aos inúmeros erros anteriores da gestão de Melo, nos fizeram chegar nessa situação. Em meio a um crescente de contágio, o prefeito optou pela abertura irrestrita, o plano de imunização foi apresentado com inúmeras falhas, o transporte público seguiu operando lotado e mantiveram-se as demissões dos trabalhadores do Imesf, que poderiam estar na linha de frente do enfrentamento à Covid-19. Além disso, ao invés de reabrir unidades de saúde, Melo optou pelo fechamento de tendas de triagem nas UPA em um momento em que há, inclusive, pessoas morrendo em casa, pois os hospitais não têm mais capacidade de atender os casos de covid nem as outras doenças e enfermidades que acometem à população. Também faltam testes e sequer campanhas informativas são realizadas; pelo contrário, muitas vezes o próprio prefeito abre mão de ser o exemplo andando sem máscara ou com seu uso incorreto em locais públicos.

Nós denunciamos os equívocos e sabemos que a conjuntura exige, para além da ampla vacinação, maior rigor nas medidas de isolamento para a proteção da vida, mas também sabemos que elas só serão efetivas se, ao mesmo tempo, garantirem-se as condições econômicas e materiais à população, especialmente à mais pobre. No entanto, os vereadores da base do governo obstruíram emendas que garantiriam R$ 24 milhões para compra de quase 1 milhão de vacinas e outros R$ 24 milhões para um Auxílio Emergencial Municipal, com potencial de atender pelo menos 40 mil famílias durante 6 meses. Se isso não bastasse, ignorando a pandemia, Sebastião Melo reproduz a estratégia de Ministro de Bolsonaro, aproveitando-se da situação adversa para “passar a boiada”: procura acelerar privatizações, flexibilizar normas ambientais para grandes construções e retirar de direitos dos municipários.

A bancada do PT tem responsabilidade com a população, especialmente com aquela que menos tem e é atingida diretamente pela crise econômica, a qual é anterior à pandemia, mas foi por ela agravada, ampliando ainda mais o desemprego e a fome. Queremos e realizamos todos os esforços pela vacina, mas o negacionismo do Presidente apoiado pelo Prefeito provocou o atraso da sua chegada ao Brasil, e hoje não temos sequer a garantia de que a população será imunizada até o final de 2021. Em razão disso, apoiamos a compra direta de vacinas por estados e municípios.

Já são mais de 260 mil mortos no Brasil, e não há “mimimi” quando alguém chora a morte de um familiar ou amigo por conta de uma política genocida. Neste momento, entendemos que é preciso coragem. Por isso, saudamos o prefeito de São Leopoldo, do PT, por decretar lockdown mínimo de 4 dias a partir do próximo sábado em sua cidade, medida também adotada por Prefeitos do litoral norte. É uma medida dura, mas necessária para conter a disseminação do vírus, proteger as vidas e garantir a mais rápida recuperação da economia. Para a bancada de vereadores do PT, estas são as duas prioridades do momento: salvar vidas e a economia.

É uma farsa negacionista alicerçada por interesses extremistas achar que a continuidade da atual política de flexibilização e falta de fiscalização irá salvar nossa cidade. Ao contrário, ela jogará a economia de Porto Alegre no limbo por mais um, talvez dois ou três anos e ocasionará muitas outras mortes. Por isso pedimos ao prefeito: decrete já o lockdown por, pelo menos, uma semana, apresentando, concomitantemente, políticas de assistência social, de renda emergencial e de micro-crédito aos micro, pequenos e médios negócios. Somente fazendo o vírus não circular e respeitando as orientações técnico-científicas que salvaremos vidas e recuperaremos a economia mais rapidamente.

Prefeito Melo, o senhor tem a oportunidade de decidir salvar vidas e a economia ou de seguir o negacionismo dos extremistas e do Presidente. A decisão cabe ao senhor e tem impactos de dimensão histórica em uma trajetória política. Saiba que caso decidir pelo certo, mesmo na condição de oposição, terá todo o nosso apoio na política de preservação das vidas e de retomada econômica com brevidade após o Lockdown que Porto Alegre precisa.

Porto Alegre, 05 de março de 2021.

Bancada do PT
Aldacir Oliboni (líder)
Laura Sito
Leonel Radde

Jonas Reis