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Luiz Muller Blog

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Por que A RBS abandonou a palavra “manutenção” quando fala da Proteção as cheias de Porto Alegre ??

22 de Agosto de 2024, 11:55 , por Luíz Müller Blog - | No one following this article yet.
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Em matéria publicada no dia 02/07/2024 na ZH e em outras tantas da RBS, aparecia claramente a Falta de Manutenção do Sistema de Proteção as cheias. Mas a palavra “manutenção” desapareceu na Entrevista Coletiva sobre o Relatório dos Técnicos holandeses.

Má conservação, ou seja, falta de manutenção, era presença constante nos textos. Agora desapareceu

Aí, de uns dias pra cá, a “falta de manutenção” sumiu de tal forma, que parece que nenhum repórter da RBS sequer perguntou sobre ela na tal entrevista sobre o Relatório dos Holandeses.

A RBS parece ter entrado em modo “proteção a Melo” na medida em que o neo liberal Leite não conseguiu forjar uma candidatura de “terceira via” pra eles apoiarem. Aí vale tudo, inclusive apoiar a incompetência, a corrupção e o bolsofascismo que contaminaram a Gestão Melo e se mostram de forma evidente ao Prefeito indicar para sua Vice uma Militar sem compromisso com Porto Alegre mas com muito compromisso com o bolsofascismo, como demonstra claramente em suas redes sociais.

Nem perguntaram sobre a evidente falta de manutenção que a Zero Hora e a RBS tinham constatado em muitas matérias anteriores. E não venham me dizer que o Relatório dos Holandeses não constatou a falta de manutenção. Constatou. Mas nem o Governo de Melo, nem o de Leite e nem a RBS querem mostrar agora. Por que isto prejudicaria o Candidato deles nas eleições.

Publico a seguir, na íntegra, artigo do Engenheiro Vicente Rauber, ex. Presidente do agora DEP- Departamento de Esgotos Pluviais, que até sua extinção em 2017, era responsável pelo entre outros, pelo Sistema de Proteção as Cheias. Ele sabe do que fala:

Tão logo que a inundação generalizada foi ocorrendo em Porto Alegre, no inicio de maio, um grupo de 48 profissionais – ex-dirigentes do Saneamento e áreas vinculadas, professores e pesquisadores – sentiram-se  completamente indignados com o que viam, comportas externas  vazando, casas de bombas também com as comportas vazando, as águas do Guaiba invadindo pelas próprias canalizações, fazendo chafarizes nas bocas-de-lobo. Ficaram mais indignados ainda quando viram que os defeitos não estavam sendo sanados com mergulhadores, profissionais especializados que trabalham sob águas, usualmente atuantes nas atividades do Saneamento a qualquer tempo.

Redigiram uma “Manifestação aos portoalegrenses” fazendo um diagnóstico da situação e apresentando propostas emergenciais, com a Cidade ainda inundada, e propostas para após as águas baixarem. A manifestação teve ampla repercussão nacional e internacional e local, por ser uma importante contribuição visando a solução dos problemas constatados. No entanto, foi mal compreendida, A reação dos dirigentes da Prefeitura e do DMAE foi atacar atacar os signatários e negá-la.

 Preferiu-se então trazer uma ampla delegação holandesa que após avaliar a situação, anunciou preliminarmente:

“É necessário recuperar a integridade do Sistema, fazer o monitoramento de seus níveis de integridade. Monitorar vazões e ventos, com alertas para a população”.

Ou seja, nada diferente do que nossa Manifestação, engenheiros do DMAE  e especialistas em pesquisas hidráulicas já haviam alertado. Frise-se: “recuperar a integridade” é fazer a manutenção que deixou de ser feita.

E importante fazer uma troca de experiências com os holandeses, por todo seu conhecimento e experiência histórica. A questão ruim é como foram trazidos, para tentar negar o que era bem conhecido a nível local.

Nesta segunda-feira, dia 19/8/24 a delegação holandesa entregou à Direção do DMAE o relatório final. A direção do DMAE  informou somente irá divulgar a sua íntegra daqui a  dois meses. Porque escondê-lo se é dem interesse público?

 Resolveu chamar uma entrevista coletiva para divulgar a sua versão.

Segundo informado, o Relatório aborda centralmente três pontos: a baixa altura dos diques do Sarandi, a deficiências nas Casas de Bombas, que foram construídas num nível mais baixo,  e as fragilidades das Casas de Bombas.

Na entrevista a palavra manutenção não esteve proibida. A versão apresentada é a de “existem problemas estruturais decorrentes da construção do Sistema de Proteção contra Inundações”.

Se assim realmente consta do Relatório é necessário perguntar qual fonte de informações foi dada à delegação holandesa. Erro de projeto verifica-se no Projeto. Ou seja, seria necessário revisar a documentação técnica do DNOS que estava arquivada no DEP, essencial para o exercício das atividades. Era usada permanentemente e foi base da publicação ‘PREVENIR É O MELHOR REMÉDIO”. Certamente  esta documentação não foi apresentada à delegação holandesa. Anteriormente um dirigente do DMAE já havia informado que esta documentação não existia no DMAE. Ou  esta documentação está “escondida” ou foi realmente perdida, o que é gravíssimo, e os responsáveis por transferir o DEP ao DMAE precisam responder por isto!

Vamos aos fatos:

– DIQUES DO SARANDI – Os principais diques são os diques Sarandi (Arroio das Pedras) e Fiergs (Arroio Santo Agostinho). Foram construídos nas alturas corretas, no caso, na cota 6,5m com a régua DNOS.

Estão sendo degradados há anos. Em 2018 a Metroplan, no seu Relatório visando a implantação dos diques no Arroio Feijó, de competência estadual por ser a divisa entre os Municípios de Porto Alegre e Alvorada, alertou para a necessidade de recomposição destes diques. Este alerta foi encaminhado à Prefeitura de Porto Alegre, para conhecimento e providências. Nada foi feito.

– CASAS DE BOMBAS – Igualmente foram construídas pelo DNOS, atendendo as recomendações dos engenheiros alemães. A altura dos motores nas Casas de Bombas está correta. As Casas de Bombas não foram feitas para operar inundadas. Aliás, todo o Sistema foi feito para proteger a Cidade e não para inundá-la. Atendem na melhor eficiência para  mais de 95% das necessidades de operação. Com as águas subindo necessitam de mais potência. Com o crescimento da Cidade há necessidade de mais potencia para retirar as águas das chuvas.

Por isto, os Engenheiros do DEP, em 2014, elaboraram um Plano de ampliação e modernização das Casas de Bombas e obras no Arroio Moinho, para o qual a Presidente Dilma liberou R$ 124 milhões a fundo perdido (ratificados por Temer e Bolsonaro), perdidos em 2019 por falta de projeto executivo (DEP extinto em 2017). E a atual gestão, mesmo acumulando R$ 430 milhões em aplicações financeiras também não executou nada do Programa em 5 anos.

FRAGILIDADES DAS COMPORTAS – Fala-se em atualização das comportas em 2010.

O que aconteceu de fato: A última revisão com reformas foi realizada em 2020. Em informação oferecida pelo DMAE, para investimentos entre 2021 e 2024 não consta nenhum recurso destinado a comportas e Casas de Bombas.

“Malditas comportas”: Não possuem nenhuma manutenção desde 2020, mesmo tendo sido operadas em setembro e dezembro de 2023, quando, pelo menos nestas oportunidades deveriam ter sido registrados seus defeitos e contratadas as respectivas manutenções. Tempo e dinheiro não faltaram.

A comporta nº 3, próxima ao TCE, importante acesso ao Porto, numa cena dantesca, foi arrancada ao invés de ser aberta devidamente.

A seguir, num rompante, foi anunciado que todas as comportas seriam substituídas. Ora, porque não revisá-las e verificar quais suas reais necessidades.

Agora anunciou-se que 8 das 14 comportas externas seriam eliminadas, sendo concretado nestas aberturas. Em relação a de nº 14, que permite acesso aos clubes náuticos e outras importantes atividades da região norte junto ao Rio Gravataí, houve fortes manifestações públicas contrárias e a Direção do DMAE resolveu retirá-la da relação. E as outras 7? Qual a justificativa para a sua eliminação?

CONCLUSÃO: Nâo há erro estrutural de projeto no Sistema de Proteção contra Inundações de Porto Alegre. Há sim uma gestão que deixou de cumprir com seus compromissos públicos.

IMPORTANTE: As informações acima, no seu todo ou em parte, podem ser utilizadas em matérias esclarecedoras ou reparadoras.

                                       Vicente Rauber,

Engenheiro Especialista em Planejamento Energético e Ambiental, Ex- Diretor do DEP.

Relatório dos holandeses aponta problemas estruturais em diques e casas de bombas, além de fragilidade nas comportas da Capital

Grupo especializado em prevenção a desastres apresentou documento nesta segunda-feira (19) com recomendações ao Executivo municipal

Camila Hermes / Agencia RBSDiretor-geral do Dmae, Maurício Loss, e Ben Lamoree, conselheiro institucional da Agência Empresarial Holandesa.Camila Hermes / Agencia RBS

relatório produzido por especialistas holandeses, que estiveram em Porto Alegre em junho para verificar causas da enchente e sugerir melhorias no sistema de proteção da Capital, apontou que foram detectados erros técnicos de desenho e execução nos diques de Porto Alegre, falhas nas estações de bombeamento e nas comportas e fragilidade no complexo de defesa da metrópole.

https://349e065ac1fdbe2682f5bb5f61046060.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html

O documento foi apresentado nesta segunda-feira (19) em evento no Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).

— É importante descobrir os dados reais das coisas. Uma conclusão do desastre é de que o desenho do sistema foi feito para um certo nível de enchente, e foi muito maior — disse Ben Lamoree, conselheiro institucional da Agência Empresarial Holandesa e chefe da missão na capital gaúcha.

Camila Hermes / Agencia RBSBen Lamoree, conselheiro institucional da Agência Empresarial Holandesa.Camila Hermes / Agencia RBS

Conforme o relatório, foram detectados erros técnicos dos diques, principalmente na Zona Norte. Os diques foram construídos pelo extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) em 1970. Segundo o relatório, alguns pontos dos diques da capital deveriam ter seis metros e alcançam 4,5 metros.

Sobre as estações de bombeamento — quando 20 das 23 falharam — foram constatadas falhas técnicas na localização. As estruturas, conforme os especialistas, estão em um nível baixo e esse seria o motivo da falha no sistema, necessitando que estivessem em uma altura acima da cota de proteção dos diques.

Além disso, os holandeses apontaram que as comportas da Capital falharam ou estavam ausentes.

Camila Hermes / Agencia RBSDiretor-geral do Dmae, Maurico Loss.Camila Hermes / Agencia RBS

— Podemos observar aproximadamente 20 pontos de fragilidades que entraram água em Porto Alegre. Achamos que estávamos protegidos e nunca estivemos para esse nível de chuva (de maio) — afirmou o diretor-geral do Dmae, Mauricio Loss.

Entre as recomendações, o grupo de holandeses sugeriu a garantia da disponibilidade de capacidade de bombeamento temporário para emergências, além do monitoramento de curto prazo do sistema de diques.

No conjunto, ainda apontaram soluções para aumentar a infraestrutura de proteção contra inundações e para reduzir os níveis máximos de inundação ao redor de Porto Alegre.

Conforme o grupo, “medidas não estruturais são essenciais, como a adaptação da governança institucional multinível de proteção contra inundações”. Também foi apontada a necessidade de se criar alertas precoces e assertivos para a população em casos de emergência.

A comitiva é formada por especialistas do programa de Redução de Risco de Desastres (Disaster Risk Reduction – DRRS), vinculado à Agência Empresarial Holandesa (Netherlands Enterprise Agency – RVO). Não houve custos para a prefeitura. As ações são coordenadas pela Rede Diplomática e Econômica Holandesa no Brasil, por meio da Embaixada, do Consulado Geral de São Paulo e do Escritório Holandês de Negócios na Região Sul do Brasil (NBSO Porto Alegre).


Fonte: https://luizmuller.com/2024/08/22/por-que-a-rbs-abandonou-a-palavra-manutencao-quando-fala-da-protecao-as-cheias-de-porto-alegre/

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