Wed, 25 Sep 2013 11:47:39 +0000
25 de Setembro de 2013, 5:47 - sem comentários aindaO perigo de você pensar que continua garotão…
Só podia ser do Veríssimo …
Romance na terceira idade
Na semana passada estava entrando num banco para ver se tinha restado
algum trocado, até o dia da “viúva” (INSS) fazer o depósito. Foi quando
uma linda garota de uns quarenta anos, minissaia, entrou na fila dos
caixas, imediatamente saí da fila dos idosos e também entrei na mesma
fila.
Em pouco tempo, ela olhou para trás e, sorrindo, disse:
- Por que o senhor não utiliza a fila dos idosos?
Você sabe para que lugar eu tive vontade de mandá-la, não é?
Porém, mantive a calma e usei toda minha experiência. Puxei papo e
resolvi inventar, para impressionar. Falei das minhas “experiências
como comandante de navio de cruzeiro”. Semana passada havia lido um
livro sobre um comandante de navio de turismo. Sabia tudo a respeito.
- Uau! O senhor foi comandante de transatlântico?
- Só por vinte e dois anos.
Respondi expressando uma certa indiferença pelos anos de trabalho, mas
sentindo que tinha capturado a presa, era só abater e comer.
- Nossa!!!! E com essa sua pinta o senhor deveria, certamente, agradar
muito o público feminino, nas noites de jantar com o comandante.
Boquiaberto só pude responder:
- Hã? – distraído que estava, de olho fixo no decote da jovem, que
exibia, exuberantemente, seus lindos seios.
Ela me pegou no flagra. Eu, sem graça, e ela não fez por menos!
- O senhor ficou vermelho! Ficou até mais bonito. Aliás, o senhor
deveria fazer um teste na televisão.
Eu estava perplexo e apavorado, depois dos sessenta, isto acontece uma
só vez antes da morte. Aquele “avião pronto para decolar” e eu sem
condições nem mesmo de efetuar o “check in”. Sim, não sabia ao certo
quanto teria na conta-corrente…
Quanto estaria custando um Viagra?
… Onde poderia arrumar duzentão, até o dia do depósito da “viúva”?
… Quanto estariam cobrando um apê no motel?
Será que se chamar um táxi pega bem? Comecei a suar frio.
- Eu, artista de televisão?
- Sim! O senhor lembra aquele famoso galã dos anos cinqüenta, que minha
avó me mostrou na revista “Rainha do Rádio”. Ela tem verdadeira paixão
por essas revistas. Adorava Marlene, Emilinha Borba… Deus nos livre
de alguém mexer nas suas revistas. Ela guarda a sete chaves, com o
maior carinho. O senhor é saudosista também?
- Sim! Mas, você ta me gozando. Galã dos anos cinqüenta?
- Verdade… Não me lembro bem o nome, só sei que ele fazia filmes para
o cinema, era muito famoso. Ma.. Mário, não era. Era alguma coisa
como… Ah sim, tinha dois ?Z? no nome.
- Mário Gomezz (apelei)?
- Não, não era este o nome. Ahhh lembrei… Mazzaropi? Isto Mazzaropi!
Mazzaropi era um galã, não era?
Nesta hora minha autoestima fez um buraco no chão e foi parar na terra
do sol nascente.
Pô, quando ela disse que eu parecia galã dos anos cinqüenta, pensei num
Paulo Gracindo, Paulo Autran, ou algum Antonio Fagundes da vida. Mas,
Mazzaropi? …PQP! Mas, até aí tudo bem, para pegar aquele avião, eu ia
de Mazzaropi mesmo.
O meu fabuloso programa da tarde só veio a acabar quando ela,
incautamente, derrubou um livro que tinha na mão. Eu, como um
verdadeiro cavalheiro, inventei de abaixar para apanhá-lo. Só que
esqueci as recomendações do meu ortopedista sobre minhas artroses e
artrites, que, quando eu me abaixasse, o fizesse de uma forma bem
vagarosa.
Enquanto o livro descia, eu, mais que depressa, inventei de pegá-lo na
altura dos joelhos desnudos da jovem. Só escutei a frase dela:
- Uau! Que reflexo – você parece um garotão!”
Ouvi esta frase e mais dois sons. Um som abafado da região da minha
coluna que travou no ato, e o som estridente de um prolongado peido,
que, além de sinalizar a frouxidão do rabo, lembrou-me da intensa dor
na coluna. E quem disse que eu conseguia endireitar o corpo, nem
chamando o Carvalhão.
Arcado, tentava me endireitar e peidava. Tentava, e novamente peidava.
Pô, o pior, que há pouco tinha almoçado num restaurante alemão. Imagina
o odor?
A jovem, vendo que a situação não reverteria, tirou os dois dedos que
apertavam suas narinas, apanhou o celular e discou para o SAMU. Fim de
um provável romance…
Wed, 25 Sep 2013 11:46:15 +0000
25 de Setembro de 2013, 5:46 - sem comentários ainda
Vídeo-documentário: Pinheirinho um ano depois do massacre da PM de Geraldo Alckmin |
Via Outras Palavras
O documentário conta a história de algumas famílias que viviam no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, antes e depois da ação feita da tropa de choque do governador Geraldo Alckmin, em janeiro de 2012.
Wed, 25 Sep 2013 11:45:01 +0000
25 de Setembro de 2013, 5:45 - sem comentários ainda
Mauricio Dias: A “grande mídia” perdeu no julgamento da AP 470 |
O apocalipse, pregado pela mídia golpista, não aconteceu.
A mídia tentou pautar o julgamento do “mensalão”. Por este caminho, corre-se o risco de desestabilizar a Justiça.
Mauricio Dias, via CartaCapital
O resultado da votação dos embargos infringentes, com resultado apertado, expressa a derrota da imprensa que sempre tentou pautar o julgamento. Valendo-se de espaço farto na mídia, os arautos do apocalipse do Supremo Tribunal Federal, o fim da credibilidade da Corte, quebraram a cara. Anunciaram que, vitoriosa a aceitação dos embargos divergentes benéfica a 12 réus da Ação Penal 470, a Justiça estaria desmoralizada perante a opinião pública.
A decisão sobre a inclusão dos embargos chegou a uma dramática situação de empate: cinco juízes contra e cinco a favor dos embargos. O ministro Celso de Mello estava com o voto de desempate. Indicado no governo Sarney, ele é o mais antigo ministro da Corte.
Sem nenhum constrangimento, o ministro Marco Aurélio Mello, que votou contra o uso desse recurso, botou a faca no pescoço do decano e alertou publicamente: “As pessoas podem ficar decepcionadas, e isso pode levar a atos”.
E, de fato, levou. No dia da decisão, um braço do que os jornais consideram opinião pública chegou às portas do STF. Houve tentativas de bombardear o prédio com fatias de pizza, gritando palavras de ordem contra a possível aceitação do embargo.
Visto pela tevê, fica a desconfiança de que havia mais pizza do que manifestantes. A imprensa não deu destaque. Os manifestantes não saíram na foto. Não era aquela multidão esperada e cultivada no imaginário de alguns.
A mídia, como nunca antes em qualquer país do mundo, tentou pautar o julgamento na Justiça. Nos Estados Unidos, há pelo menos um caso que, por essa razão, levou o juiz a anular o julgamento.
Mas é possível tirar daí uma lição. Pressionar o Supremo Tribunal Federal, como fez a mídia, pode ser o começo de um processo capaz de criar instabilidade jurídica. Nesse episódio a pressão perdeu. Uma derrota com placar apertado.
Com decisões desmedidas, estimuladas pela atenção espetaculosa da imprensa, o julgamento do chamado “mensalão” sempre esteve um tom acima do objetivo natural de fazer justiça, de punir os envolvidos nos delitos cometidos.
Há 25 réus condenados com penas que variam de 2 a 40 anos. Por que tanta resistência com os embargos infringentes que poderão somente alterar, para menos, algumas penas? Não se pode dizer que a Justiça não deixou de cumprir seu papel em razão da cor do colarinho dos réus. Não só cumpriu, como exagerou.
É nesse ponto que se vê o outro lado da Ação Penal 470: a face política que, a partir de certo ponto, transformou o “mensalão” em julgamento de exceção. Construíram, sem constrangimentos, pontes e escadas, e abriram trilhas imaginárias, fosse o que fosse, para punir aqueles réus com “notória exacerbação”, como anotou o ministro Teori Zavascki.
O “mensalão” foi uma rara oportunidade de se tentar provar que, no Brasil, os privilegiados também são punidos quando erram. Quem quiser que se embale nessa fantasia. Ela insinua que, a partir de agora, as celas das cadeias vão ser divididas por pobres e ricos, pretos e brancos.
Wed, 25 Sep 2013 11:44:06 +0000
25 de Setembro de 2013, 5:44 - sem comentários ainda
Lula volta a defender Constituinte Exclusiva para a Reforma Políticaby luizmullerpt |
Lula diz que reforma política feita pelo Congresso será capenga
São Paulo – Perto de completar 68 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstra ceticismo com a possibilidade de que as propostas de reforma política em tramitação no Congresso apresentem mudanças significativas. Articulador político conhecido pela habilidade entre apoiadores e opositores, o petista não vê chance de mudança significativa nas regras do jogo pelos detentores dos atuais mandatos.
Pescado da Rede Brasil Atual
“Achar que os atuais deputados vão fazer uma reforma política mudando o status quo é muito difícil. Pode melhorar um pouco”, diz, horas depois de participar de uma conversa com o presidente do PT, Rui Falcão, e com o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que comanda o grupo da Câmara responsável por debater alterações nas regras. Entre os deputados, parece improvável emplacar um debate sobre financiamento público de campanha. Entre os senadores, a proposta encabeçada por Romero Jucá (PMDB-RR), ex-líder da base aliada, quer mexer na pintura de muros e no tempo de campanha, mas não no formato do sistema atual.
Em entrevista à RBA, à TVT e ao jornal ABCD Maior, Lula voltou a defender que se convoque uma constituinte para tratar exclusivamente do tema. A proposta chegou a ser apresentada por Dilma Rousseff após as manifestações de junho, mas foi rapidamente deixada de lado pelo Congresso e pelo PMDB, que engavetaram também a ideia da presidenta de realizar um plebiscito sobre a reforma política. “Por que o empresariado brasileiro não está na rua fazendo campanha para que seja pública e parar de dar dinheiro? Oras, é porque a eles interessa cada um construir a sua bancada”, argumenta, ao analisar o cenário formado após as manifestações de junho.
Outra das medidas propostas por Dilma enfrenta resistência, mas parece avançar. Na visão de Lula, o Mais Médicos não resolve o problema da saúde no Brasil, mas é um “gol” da presidenta e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, porque começa a dar atenção básica a quem antes não tinha direito a isso.
O ex-presidente considera, porém, que a questão só se resolverá com mais recursos, e recorda que a oposição decidiu aprovar, em 2007, o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF). “Foi um ato de insanidade dos tucanos em relação a meu governo, fizeram isso achando que iam me prejudicar”, diz, na primeira entrevista extensa que dá após deixar a Presidência da República.
Confira a seguir o primeiro trecho da conversa, realizada ontem/hoje (24) no Instituto Lula, no Ipiranga, na zona sul de São Paulo.
Qual o impacto das manifestações de junho na vida do país e o que elas mudam na vida dos governantes?
Eu acredito que o impacto de tudo que aconteceu em junho de 2013 deve servir como uma grande lição para a sociedade brasileira e, sobretudo, para os governantes brasileiros. Costumávamos afirmar que o povo precisa reivindicar sempre. Certamente, muita gente de partidos políticos, sindicatos e movimentos organizados da sociedade civil foi pega de surpresa, porque foi um movimento que se deu à margem daquilo que nós conhecíamos como tradicional forma de organização. Eu me lembro que não aconteceu nada no Brasil nos últimos 40 anos que a gente não estivesse à frente. Seja o movimento sindical, sejam os partidos de esquerda, seja a UNE, sejam os sem-terra…
O que eu acho importante? Aquilo não foi um movimento contra o governo, não foi um movimento em que as pessoas queriam derrubar o governo, mas foi um movimento em que as pessoas diziam “nós queremos mais”. Nós queremos mais educação, nós queremos mais saúde, nós queremos mais transporte, nós queremos mais qualidade de vida. Aí eu lembro de um discurso do Fernando Haddad durante a campanha que ele falava você está lembrado que na sua casa, da porta para dentro, melhorou muita coisa, mas da porta para fora piorou ou ficou como está. E era verdade, porque o cara tinha comprado uma máquina de lavar roupa, uma geladeira, um televisor, mas a cidade não foi cuidada adequadamente. Ou seja, você não fez as tarefas para cuidar do transporte adequadamente, não fez o saneamento básico adequado, não tornou a periferia boa para se morar.
A nossa presidenta teve a sabedoria de dar uma resposta muito imediata, colocando a reforma política como uma coisa fundamental para que a gente possa mudar a situação do Brasil, depois da questão da saúde com o Mais Médicos, depois da aprovação de 75% dos royalties para a educação… Ou seja, foram medidas tomadas pela nossa presidenta que mostraram que o governo está num processo de evolução para tentar encontrar soluções. Eu acho que agora ninguém pode mais dizer que o problema do transporte é só do prefeito. É do prefeito, do governador, do governo federal. Os problemas da saúde e da segurança não são mais do prefeito, passam a ser dos três juntos.
O que a gente precisa neste instante é saber que mudou a sociedade brasileira. Ela está mais exigente, ela tem mais informações do que tinha antes. Você imagina, nós saímos de um país que tinha, em 2007, 48 milhões de pessoas que viajavam de avião. Hoje nós temos 113 milhões de pessoas. Essa gente quer se queixar do aeroporto agora, quer se queixar do preço da passagem, quer se queixar da qualidade do serviço no avião. Antigamente você não tinha isso.
Eu acho que foi uma coisa de Deus fazer com que a sociedade se manifestasse e dissesse “olha, nós estamos vivos, nós reconhecemos que muita coisa foi feita e nós queremos que seja feito mais”. Isso é bom porque alertou os governantes. Ao invés de ficarmos lamentando, nós temos que agradecer e começar a trabalhar para que nós façamos acontecer as melhorias que a sociedade brasileira deseja e que todos nós sabíamos que o povo queria porque está na pesquisa de opinião pública.
Que bom que o povo resolveu dizer “estou aqui”. A única coisa grave do movimento é a manipulação para a tentativa de negar a política. Tenho dito publicamente que toda vez, em qualquer lugar histórico, em qualquer lugar do mundo que se negou a política, o que veio depois é pior. Portanto, se você quer mudar, mude através da política. Participe, entre num partido, crie um partido, faça o que você quiser. Aqui no Brasil o que teve foi o regime militar de 1964. No Chile foi Pinochet, na Argentina foi ditadura. Não queremos isso. Queremos democracia exercida em sua plenitude. E a sociedade quer isso. A sociedade quer debater política, então vamos debater sem medo de debater qualquer assunto. Sou daqueles que acham que não tem tema proibido.
Em relação às manifestações de junho, imaginava-se que elas dariam força para aprovação da reforma política no Congresso, e também que em 2011 a base aliada maior de Dilma daria mais condições para isso. Por que não avança?
Não é fácil. As pessoas que foram para as ruas não vão votar no Congresso Nacional. É importante lembrar que fizemos a campanha das Diretas, que possivelmente foi um dos maiores movimentos cívicos desse país, meses em que fomos à rua com todos os partidos políticos, com movimento sindical, centenas e centenas de manifestações pelo Brasil inteiro, toda a sociedade querendo, e quando chegou no Congresso não tínhamos número para aprovar e não aprovamos.
Tenho dito que só teremos uma reforma política plena o dia em que tivermos uma constituinte própria para fazer uma reforma política. Achar que os atuais deputados vão fazer uma reforma política mudando o status quo é muito difícil. Pode melhorar um pouco.
Acredito que é possível discutirmos uma mudança na votação, votar em lista, financiamento de campanha. Há um equívoco de fazer a sociedade compreender que o financiamento público vai tirar o dinheiro da União. A forma mais eficaz, honesta e barata de se fazer uma campanha política é você saber que cada voto vale um centavo, R$ 1 real, R$ 10 reais e que cada partido vai ter tanto, e que cada partido vai fazer aquilo e se alguém pegar dinheiro privado tem de ser considerado crime inafiançável, para que as pessoas não fiquem subordinadas aos empresários.
Por que os empresários não estão defendendo o financiamento público? É muito interessante que algumas pessoas, que se acham as mais honestas do planeta, acham que o financiamento público é corrupção e vai gastar dinheiro público. Por que o empresariado brasileiro não está na rua fazendo campanha para que seja pública e parar de dar dinheiro? Oras, é porque a eles interessa cada um construir a sua bancada. Os bancos têm bancada no Congresso Nacional, têm influência, porque cada um tem a lista de quem financia. Quem tiver dúvida disso, saia candidato para ver o que acontece, para ver como você se elege no Brasil. Quando colocamos financiamento publico é porque a gente acredita que pode melhorar.
Acredito que (para 2014) a gente vai conseguir fazer uma reforma política muito capenga. Temos que levar em conta que há interesses partidários. Tem partidos para os quais está bom assim. O cara tem mandato e quer preservar o seu mandato.
Na minha opinião a reforma política é a melhor possibilidade para se mudar a lógica da política no Brasil. E ter em conta que não é só para combater a corrupção, mas para facilitar as coalizões que são conseguidas, porque quando você ganha uma eleição com um partido aliado a outro tem que ter coalizão na hora para montar o governo.
Aqui no Brasil se acha um absurdo que um partido ganha eleição e dê cargo a outro, mas no mundo inteiro é assim. A Angela Merkli acabou de ser eleita primeira-ministra da Alemanha, com a maior votação dos últimos anos, vai ter que fazer uma coalizão com algum partido, vai ter que dar ministério para algum partido senão não forma maioria.
A reforma política pode ajudar nesse processo, mas acho que será muito frágil. Sobretudo
no ano de eleições. Nada, estou avisando com antecedência, nada, mudará para as próximas eleições. As pessoas podem querer fazer as coisas para 2018, 2020, mas para essa eu acho que não vai haver mudança.
O Mais Médicos é um programa apoiado por 70% da população. No entanto, há uma resistência de determinados setores da sociedade. Há oportunismo nisso?
As entidades que representam os médicos no Brasil nunca reconheceram que no Brasil faltava médico. Mais recentemente nós temos uma gama de denúncias de prefeitos espalhados pelo interior do país que querem contratar algumas especialidades que não existem. Padilha tem razão com o que ele fala: não se está buscando médico fora para substituir o médico brasileiro; se está buscando médico fora para trabalhar onde não tem médico.
E o Padilha sabe que o Mais Médicos não vai resolver o problema da saúde. O Mais Médicos vai dar oportunidade ao cidadão que não tem acesso a nenhum médico, a ter acesso ao primeiro médico e tratamento. E quando esse cidadão tiver acesso ao médico, ele vai querer mais saúde, porque ele vai ter informações: vão pedir pra mulher fazer mamografia, se é um homem vai ter que fazer exame de câncer não sei das quantas. Então, todas as vezes vai precisar formar mais gente.
É um trabalho bom. Por que é bom? Porque, quando em 2007 derrubaram a CPMF, que foi um ato de insanidade dos tucanos em relação a meu governo, fizeram isso achando que iam me prejudicar. A CPMF era 0,38% que se descontava em cada cheque que você passava. E não fizeram isso por conta da quantia, fizeram isso porque a CPMF permitia que a gente pudesse acompanhar e evitar a sonegação nesse país. Era por isso que eram contra a CPMF. Eles tiraram uma bagatela de R$ 40 bilhões por ano a partir de 2007.
Soma isso em quatro ou sete anos e vê a quantidade de dinheiro que tiraram da saúde, achando que iam prejudicar o Lula. Qual era a ideia? Vamos prejudicar o Lula. Vamos quebrar a cara dele, ele não vai se eleger. E caíram do cavalo, porque terminei meu mandato com 87% de bom e ótimo, 3% de ruim e péssimo e 10% de regular. Pois bem, quem eles prejudicaram? O povo. E alguns estão prejudicados porque viraram governador, e agora estão sabendo a quantidade de dinheiro que falta pra eles, ou viraram prefeitos.
Então, foi um gesto de insanidade. Nós temos que colocar na sociedade brasileira a seguinte ideia: você não vai conseguir fazer com que as camadas mais pobres da população tenha acesso a uma boa qualidade de saúde e à média ou alta complexidade sem dinheiro.
Se nós quisermos dar ao povo pobre o direito de ter acesso às mesmas máquinas que eu tenho, por conta de um plano médico, e que os ricos deste país têm por conta de um plano médico, tem que ter consciência de que tem que ter dinheiro. Tem gente que diz “eu tenho saúde boa porque pago do meu bolso”. Não é verdade. Aquilo que ele tira do bolso ele paga o Imposto de Renda e quem paga o tratamento dele é o Estado brasileiro. Essa é a verdade nua e crua. Todas as máquinas que eu passo quando faço exame são pagas pelo Estado, que me restitui na declaração do Imposto de Renda.
Temos que ter consciência de que temos que melhorar isso. A Dilma tem consciência disso, o Padilha tem consciência e é preciso que a gente discuta com a sociedade. Porque achar que a gente pode elevar a um padrão de ter acesso de alta complexidade as pessoas mais pobres sem dinheiro é vender ilusão. E achamos que o rico tem que pagar pela saúde do povo mais pobre. Era por isso que tínhamos apresentado um programa chamado Mais Saúde em que a gente iria utilizar todo o dinheiro da CPMF para cuidar da saúde. Agora vai ter um dinheiro do pré-sal e espero que num futuro bem próximo a gente possa fazer com que as pessoas tenham acesso à alta complexidade.
O Brasil precisa acabar com a mania de dizer que o SUS não funciona. O problema é que universaliza a saúde, coloca muita gente, a qualidade diminui. Se atendesse só 30% melhoraria a qualidade, se atendesse só 20% ela seria melhor, se atendesse só 10% ela seria extraordinária. Mas na hora em que tem que ter um programa para todo mundo precisa de mais recurso. É isso que temos de ter em conta. Dilma e Padilha marcaram um gol com o Mais Médicos. Abriram um debate muito importante com a sociedade para as pessoas começarem a enxergar.
Wed, 25 Sep 2013 11:43:02 +0000
25 de Setembro de 2013, 5:43 - sem comentários ainda
Jornalismo econômico: A guerra da desinformação não “surpreende” |
Saul Leblon, via Carta Maior
Depois de anos de abuso do recurso adversativo – “país vai bem, mas…” – o jornalismo de economia agora se agarra ao verbo “surpreender”. E nele equilibra precariamente sua credibilidade.
Por exemplo: a Fundação Getulio Vargas informa na terça-feira, dia 24, que a confiança do consumidor na economia é a maior em cinco meses. Não só. O PIB também “surpreendeu” no segundo trimestre, resmungaram as manchetes diante do crescimento econômico bem acima do previsto pelo noticioso isento: 3,3% em relação a igual período de 2012.
O emprego foi outra variável que “surpreendeu” em agosto, com um salto de 26% na oferta de vagas formais. A arrecadação tributária manifestou também seu desacordo, na segunda-feira, dia 23, com as previsões cinzentas da emissão conservadora. A receita atingiu valor recorde no mês passado, com alta da ordem de 3% sobre agosto de 2012.
“Surpreendeu”, apesar dos R$51 bilhões em desonerações concedidas para fomentar a produção. Intervencionismo, de resto, inaceitável, pelos critérios da mídia financeirizada, que há anos vaticina o desequilíbrio fiscal “iminente” causado pela “gastança petista”. Para surpresa de seus leitores, não foi o que ocorreu até agora.
A sequência é infernal. Antes, ainda, as manchetes já haviam manifestado surpresa com a volta da inflação ao limite da meta do BC, em julho e agosto. E os consumidores não param de teimar. Em movimento quase paradoxal, eles reduziram a inadimplência e aumentaram as compras.
O comércio varejista brasileiro “surpreendeu”, com avanço de 1,4% de janeiro a agosto, frente ao mesmo período de 2012, desdenharam as manchetes na semana passada. Por fim, a contrariedade atravessou a fronteira para atazanar a vida dos pregoeiros do colapso.
Ben Bernanke, o presidente do Banco Central norte-americano, o FED, pirraceou na quarta-feira, dia 18. O incentivo à liquidez nos EUA não vai acabar tão cedo, anunciou sem precisar o novo horizonte, que pode varar 2014.
Colunistas que saboreavam a inevitável escalada da Selic, para conter o efeito da pressão cambial, associada a alta dos juros nos EUA, engoliram em seco e concederam: “O FED surpreendeu”.
A presença recorrente do efeito surpresa nas manchetes não deve ser entendida como sintoma do que não é. O País tem problemas estruturais sérios. Mas não exatamente aqueles listados pela mídia que se espanta com a inconsequência de seus vereditos e a baixa aderência de suas “soluções”.
A engrenagem econômica brasileira se ressente de mortífera sobrevalorização cambial que inibe exportações e transfere demanda para o exterior. As contas externas sofrem, ademais, com a erosão nas cotações das commodities.
O parque industrial, defasado tecnologicamente, está vendo suas cadeias serem esfareladas pela invasão dos importados. A infraestrutura grita e o modelo de investimento necessário à aceleração das grandes obras tarda.
Falta, sobretudo, uma estratégia política pactuada com a sociedade para vencer a transição entre uma economia pensada para 1/3 da população, e aquela requerida agora que o mercado de massa atingiu uma escala estruturante no Brasil.
Ao contrário do que sugere a pregação midiática, o desafio reside justamente em construir alternativas à matriz anacrônica da liberalização, sobretudo dos fluxos de capitais, que sonega consistência a qualquer projeto de desenvolvimento. Isso já era verdade na reunião de Bretton Woods, em 1944.
Um certo John Maynard Keynes dizia, então, que mesmo nos marcos do capitalismo, que afinal era o seu foco, não se pode servir a três deuses ao mesmo tempo. A saber: a liberdade de capitais, o livre comércio e a autonomia da política monetária – leia-se, a definição da taxa de juro, espoleta decisiva de um ciclo de investimento.
Um exemplo ilustra o quanto a lição ainda é atual. Ao primeiro sinal de recuo nas injeções de liquidez nos EUA, o BC brasileiro foi impelido a elevar os juros. Para preservar a atratividade do País diante de capitais ariscos, deu uma paulada na variável que pode reverter a natureza do capital especulativo em produtivo. E vice-versa, como neste caso.
Compreender o papel que joga o monopólio midiático nessa encruzilhada é crucial para reagir com eficácia ao cerco da agenda conservadora.
Em que medida é possível estruturar a agenda do desenvolvimento, centrando esforços no plano exclusivamente econômico, como tem sido feito, sem alterar o desequilíbrio clamoroso na difusão das ideias?
Em que medida a manipulação do discernimento social, condicionado por esférica máquina de difusão de interesses rentistas, restringe a própria palheta de soluções para a crise?
Recapitulemos. Vivemos há cinco anos o maior colapso do capitalismo desde 1929. Obra-prima do credo no Estado mínimo, associada à delegação suicida do destino da sociedade aos mercados autorreguláveis.
Restituir ao Estado seu papel – o que inclui, entre outras obrigações, o controle de capitais, para proteger a economia dos solavancos das finanças globalizadas – é parte da solução. Sacrificada, porém, no altar da desregulação, pelo mesmo jornalismo que, ora enfatiza as adversativas, ora flexiona ardilosamente o verbo “surpreender”. Quase como se fosse um sinônimo de desmentido. Não de suas premissas. Mas da própria realidade, que ele tudo fará para desautorizar.