Ir para o conteúdo

Nocaute

Voltar a Blog
Tela cheia Sugerir um artigo

Amorim fala de Trump e Putin, de Obrador e o congresso e, claro, da reforma política no Brasil

18 de Julho de 2018, 19:23 , por Nocaute - | No one following this article yet.
Visualizado 21 vezes

Olá meus amigos, hoje vou falar um pouquinho de política internacional e também de política nacional, e até mostrar como as duas coisas estão muito ligadas.

Trump e Putin

Na política internacional, os fatos que foram mais noticiados estão relacionados com a viagem do Trump, do encontro dele com o Putin, e antes a visita dele a Europa e as manifestações dele sobre a OTAN e também sobre o Reino Unido e o Brexit.

Uma coisa interessante é que o Trump um elemento, digamos o mais subversivo da ordem internacional que se poderia imaginar, quer dizer, a esquerda durante muito tempo criticou a OTAN, criticou alguns aspectos, pelo menos, senão tudo da União Europeia criticava, e com razão, esse acordos comerciais regionais, como o Tratado do Pacífico e quem está acabando com isso tudo, ou pelo menos desnorteando todo esse processo é o Trump, um homem conservador norte-americano.

Mas qual é a importância que eu acho que isso tem?  Ao mesmo tempo em que ele vai aos poucos se desmentindo, vai se desmentindo para atender uma reação de opinião pública, como ele já fez em vários outros casos, mas obviamente ele vai ao Putin porque ele nutre uma certa simpatia ou um certo desejo de comunicação com o Putin e com a Rússia, o que é bom, porque eu acho que é uma questão de ter um diálogo mundial.

Mas o que está acontecendo? Eu acho que ele, de uma maneira mais ou menos sistemática, está desconstruindo a ordem internacional que os próprios americanos criaram depois da Segunda Guerra Mundial. Era uma ordem mundial que não se estendia para o mundo todo porque uma parte do mundo vivia sob a tutela, ou sob a orientação geral da União Soviética. Depois que a União Soviética se dissolveu, ou até um pouco antes disso, essa ordem passou a vigorar para tudo.

É uma ordem que teve aspectos políticos, aspectos econômicos, comerciais e aspectos até ligados a direitos humanos, tudo isso fazia parte de uma mesma ideia, que era a ideia, talvez simbolicamente resumida pelo Forance Fukuyama , quando houve a queda o muro de Berlim e depois a dissolução da União Soviética, que era o fim da história, e o que é o fim da história? O fim da história é fazer com que todo mundo fosse alguma espécie de “democracia capitalista”, ou “democracia liberal”, como eles diziam. E essa ordem está sendo desconstruída.

O Trump, na reunião no Canadá do G7, disse que o G7 não serve para nada, é muito duro com críticas a alguns dos membros, como ao primeiro ministro canadense, visivelmente se indispõe com a Merkel na relação e no diálogo, e agora vai na OTAN e diz a mesma coisa. Diz que os países da OTAN não estão gastando o suficiente etc. Com isso ele quer mostrar que aquilo não está funcionando do jeito que interessa a ele.

Resumo: o que eu acho que ele está querendo com isso? Eu acho que o que se pode dizer do Trump é um pouco aquela coisa do Hamlet , de dizer que “é loucura mas tem método dentro dela”, eu acho que é isso. No caso do Trump ele está querendo criar uma ordem mundial onde o podem norte-americano pode se manifestar sem teias, inclusive as teias decorrentes das normas que eles próprios norte-americanos criaram.

Por que é que eu estou falando isso tudo e por que é que isso pode ter interesse para o Brasil? Uma situação dessas cria muitas incertezas e é acompanhada de muitas ações e posições negativas. A começar pelo muro que se propõe, até agora não começou, mas que ele propõe em construir na fronteira com o México. Ele chegar e dizer da Venezuela que não exclui a opção militar. Enfim, tem muita coisa negativa.

Tem também coisas positivas que abriu diálogo com outros países independentemente do que ele acha ou não das pessoas, isso diminui a chance ou a possibilidade de conflito, de guerra, que é algo positiva.

Agora, tem muitas coisas negativas além dessas que eu falei. A relação dos Estados Unidos com o Conselho de Direitos Humanos. Enfim, essas são as coisas negativas. Mas isso cria brechas na ordem internacional onde países como o Brasil poderiam entrar sozinhos ou acompanhados de outros associados.

Então, o que isso nos remete ao fato de que o Brasil hoje em dia não pode fazer isso, porque nós estamos em uma posição de total subserviência. E, de certa maneira, uma subserviência pior. Porque se o Brasil estivesse em uma subserviência em função de um projeto mundial, de uma visão de mundo. Mas não, é uma subserviência em função do America first. America first, Brazil second. É isso, é o máximo que eles estão querendo obter. E simbolizado, essa falta de visão estratégica, para mim um símbolo claro disso é que na reunião ministerial dos BRICS, o ministro brasileiro não foi porque preferiu ter uma conversa com o Mike Pompeo, secretário de Estado dos Estados Unidos. Provavelmente para discutir como isolar a Venezuela. O que é uma coisa também muito triste.

Mas então há essa relação.

López Obrador e o congresso

Agora, falando desses assuntos, também vem à mente a questão do México, vem a questão do muro, vem a questão da eleição do AMLO. E aí eu entro em um outro tema que interessa ao Brasil também. Eu acho que um dos grandes problemas da política brasileira está no sistema eleitoral. No sistema de partidos, eu não estou dizendo nenhuma novidade, mas o que eu quero dizer é que é possível resolver isso desde que haja vontade política.

Dou dois exemplos. Um o próprio México. A coisa que mais surpreendeu nas eleições do México, todos os observadores, não só a mim, talvez os mais conhecedores não tenham ficado surpresos, mas quem estava observando um pouco de longe, não foi a eleição do AMLO que já era esperada. A menos que houvesse uma mega fraude todas as pesquisas indicavam grande vantagem para ele.

O que realmente surpreendeu foi o fato dele ter feito maioria no Senado e na Câmara. Muito diferente do que aconteceu com o Lula aqui em 2002. O Lula foi eleito e depois teve que governar com aquela choldra de partidos que havia aqui no Brasil e isso está na raiz de muitos dos problemas que nós tivemos.

Reforma política no Brasil

E por que fez isso? Porque o sistema político mexicano permite ou facilita que quem vota para um presidente possa também votar, eu ainda preciso estudar isso mais a fundo, mas uma parte dos votos é um voto em lista, outra parte é de tal modo que fica atrelada ao voto ao presidente. O fato é que ele fez a maioria na Câmara e no Senado. Coisa que no Brasil não tem ocorrido.

E outro exemplo, totalmente diferente, que vem a mente é o do Macron na França. E não é a primeira vez que isso ocorre. O que aconteceu lá? Macron foi eleito por um partido que não existia, praticamente, foi criado, era uma dissidência do Holande, do centro, uma mistura, foi eleito e aí dissolve o Congresso e convoca eleições gerais para o Congresso e, naturalmente, é uma tendência dos cidadãos de votarem para dar condições de governar para a pessoa que ele elegeram.

O que eu quero dizer com isso é o seguinte, por mecanismos totalmente diferentes e que, na realidade, podem levar mais a direita ou levar mais a esquerda, não é isso que está em questão, mas eles permitem uma governabilidade que no Brasil não está existindo e não vai existir na próxima eleição.

Claro que nós todos queremos e estamos lutando para que o presidente Lula seja candidato e, aliás, até interessante porque tem crescido o número de opiniões de advogados, não necessariamente ligados ao PT, que defendem que isso é possível em qualquer circunstância.

Mas o Lula, ou quem quer que seja eleito, vai ter que enfrentar também uma dispersão partidária que levam a negociações que nem sempre interessam. Não é uma negociação ideológica, a esquerda que ganhou e tem partidos de centro, então temos que ceder alguns ministérios para o centro. Não é isso. É você ter uma mercantilização total do voto e dos partidos políticos. É esse que é o lado negativo que eu acho que a gente poderia evitar no Brasil com uma reforma política.

Como fazer a reforma política é a grande questão. Eu acho que a única maneira de conseguir isso, e o presidente Lula tem muita consciência disso, mas isso vai ter que ser dito nos dias que antecederem a campanha, quando a campanha começar oficialmente, é o compromisso com uma reforma profunda. O que só será possível através de uma reforma constitucional. Não há como mexer sem mexer também na Constituição.

Não uma reforma constitucional, não uma constituinte, creio eu, porque é sempre um risco. A Constituição de 88 tem muitos pontos positivos, sobretudo na área social e na área, em alguns aspectos da área econômica, mas sobretudo na área social que se você permitir a onda privatista pode querer acabar com isso. Mas sim na área político-eleitoral.

Eu acho interessante ver como essa dinâmica da política internacional abre oportunidades que não estão sendo aproveitadas pelo Brasil devido ao acanhamento total e a subserviência da nossa política externa e por outro lado exemplos que vêm de fora que podem ilustrar que sim é possível ter um sistema eleitoral que permita ter governabilidade no país.

Não vamos evitar com isso que haja gente mais à direita e mais à esquerda, isso são outros fatores mais complexos que tem a ver com outros fatores mais complexos que têm a ver com a hegemonia no campo das ideias e com a própria situação econômica e social do país. E sim que ofereçam governabilidade.

O post Amorim fala de Trump e Putin, de Obrador e o congresso e, claro, da reforma política no Brasil apareceu primeiro em Nocaute.


Fonte: https://www.nocaute.blog.br/2018/07/18/amorim-fala-de-trump-e-putin-de-obrador-e-o-congresso-e-claro-da-reforma-politica-no-brasil/

Nocaute