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Agência da ONU apoia Casa do Saber em povoado indígena da Colômbia

24 de Março de 2017, 17:55 , por ONU Brasil - | No one following this article yet.
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Crianças dos povos indígenas Senú celebram a inauguração do espaço comunitário Casa do Saber. Foto: ACNUR/ A.Méndez

Crianças dos povos indígenas Senú celebram a inauguração do espaço comunitário Casa do Saber. Foto: ACNUR/ A.Méndez

Dom Pedro Juan Nisperuza, um homem de aproximadamente 80 anos, é líder comunitário da aldeia indígena Senú, localizada na reserva de San Andrés de Sotavento, no departamento de Córdoba, ao norte da Colômbia.

Em 1973, Nisperuza, sua mulher e sua pequena filha saíram de sua aldeia natal localizada em Puerto Bélgica, no departamento de Antióquia, em busca de uma vida melhor. Entretanto, as coisas não saíram conforme o planejado. Puerto Bélgica foi assolada pelo conflito armado que afetava fortemente a região nos anos 1980. Dom Pedro e sua família foram forçados a fugir.

E foi assim que ele chegou à remota aldeia de Alto El Tigre, localizada no município de Cáceres, também no departamento de Antióquia. “Lá, consegui comprar um terreno e erguer um pequeno rancho para viver”, disse Dom Pedro. Depois dele, seu irmão José e outros membros da comunidade, que ainda permaneciam na reserva indígena, decidiram ir para Alto El tigre. Todos com o objetivo de recomeçar suas vidas e construir um futuro melhor.

Assim que a comunidade indígena se estabeleceu no território, grupos armados ilegais começaram a se instalar na região, cuja localização estratégica a tornava ideal para o desenvolvimento de diversas atividades ilícitas, gerando riscos de deslocamento e afetando, principalmente, as estruturas organizacionais e comunitárias.

Diante dessa situação, e devido ao aumento dos riscos de deslocamento, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) iniciou em 2014 um trabalho em estreita colaboração com a comunidade, tanto para promover seu fortalecimento, como para buscar soluções.

“No ano de 2016, em uma das diversas atividades de avaliação de necessidades da aldeia, a comunidade de Alto El Tigre manifestou interesse em conseguir um espaço digno para a educação étnica de meninos, meninas e adultos”, comenta Jorge Alzate, oficial de proteção do ACNUR.

“Desta maneira, em articulação com a Organização Indígena de Antióquia e a corporação Opción Legal, deu-se início à construção de um espaço comunitário que hoje se chama Casa do Saber Pedro José Nisperuza, em homenagem a Pedro e José, os primeiros habitantes da aldeia”, acrescenta Jorge.

Trinta e três anos depois de ter chegado à região, Dom Pedro Juan e as quase 80 pessoas presentes na inauguração da Casa do Saber ficaram entusiasmadas ao ver se tornar realidade o sonho de ter um espaço digno para a escolarização e o intercâmbio de conhecimentos entre as pessoas que vivem no povoado indígena.

“Quando chegamos aqui, nunca imaginamos que teríamos uma escola assim. Às vezes pensamos que as coisas são impossíveis, mas nos damos conta de que se formos uma comunidade unida e esforçada, podemos conquistar muito mais. Não apenas para nós mesmos, mas também para nossos meninos e meninas”, disse José Nisperuza, membro da comunidade.

Cerca de 150 pessoas, incluindo crianças, jovens e adultos da comunidade Alto El Tigre, irão se beneficiar da Casa do Saber. Foto: ACNUR/ A.Méndez

Cerca de 150 pessoas, incluindo crianças, jovens e adultos da comunidade Alto El Tigre, irão se beneficiar da Casa do Saber. Foto: ACNUR/ A.Méndez

Após um ritual de batismo da Casa do Saber no ato de sua inauguração, o ACNUR entregou oficialmente à comunidade este espaço do qual se beneficiarão cerca de 150 pessoas entre meninos, meninas, adolescentes, jovens, mulheres e homens adultos, que poderão se escolarizar e continuar reforçando suas capacidades para estabelecer medidas de proteção comunitária.

Os processos organizacionais e comunitários, como um ambiente seguro para crianças de comunidades indígenas, têm um sentido muito importante para o ACNUR, pois ajudam a reconstruir a estrutura social e oferecem ferramentas para que as pessoas possam superar o deslocamento e alcançar soluções.

Os meninos e meninas não disfarçaram a felicidade com a nova casa: “a gente gosta desta escola porque ela é maior, tem janelas, é mais iluminada e aqui vamos aprender a trançar, tecer chapéus, e colocar em prática muitos outros conhecimentos de nossos antepassados”, disse Esmeralda, de 12 anos. “Aqui também aprendemos a ler, a escrever, a gente vem jogar e interagir com nossos companheiros”, acrescentou Alexander, de 9 anos.

“Por sermos uma comunidade indígena, temos feito um grande esforço para levar adiante o Sistema Educativo Indígena Próprio – SEIP, por meio do qual estamos recuperando nossa cultura e tradições”, disse o professor e membro da comunidade Senú, Duban Nisperuza. “Ter a Casa do Saber nos permitirá continuar esse trabalho e fomentar outros conhecimentos indígenas para nossas crianças, e isso os ajudará a enfrentar a vida e o futuro”, acrescentou.

Os grupos étnicos na Colômbia sofreram intensamente os efeitos do conflito armado interno. Dos 7,3 milhões de deslocados do país, estima-se que cerca de 3% pertencem à população indígena e 10% são afrodescendentes.


Fonte: https://nacoesunidas.org/agencia-da-onu-apoia-casa-do-saber-em-povoado-indigena-da-colombia/

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