Mudanças climáticas vão agravar secas e prejudicar produção de alimentos no Caribe, segundo a FAO. Foto: FAO
De 2013 a 2016, os recursos financeiros mobilizados na América Latina e Caribe para combater as mudanças climáticas chegaram a 19 bilhões de dólares. O investimento foi tema de painel na comissão econômica da ONU para a região, a CEPAL. Seminário sobre finanças verdes reuniu na quinta-feira (24), em Santiago, representantes de bancos, do mercado e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Nos países latino-americanos e caribenhos, a CEPAL vê um protagonismo crescente dos bancos multilaterais no financiamento de medidas para conter as transformações do clima.
Em 2013, esses organismos concentravam 30% desses investimentos, enquanto os bancos nacionais de desenvolvimento se afirmavam como principais patrocinadores (60%). Em 2016, o cenário mudou, com 44% do total de recursos injetados nas iniciativas climáticas vindo de instituições multilaterais. Apenas 28% eram de bancos nacionais de desenvolvimento.
A comissão das Nações Unidas associa a inversão principalmente à crise econômica do Brasil.
Durante o encontro na capital do Chile, o diretor da Divisão de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos da CEPAL, Joseluis Samaniego, ressaltou que é importante medir o financiamento e quantificar seu impacto no enfrentamento ao aquecimento global.
“Estamos convencidos de que é necessário alinhar os motores econômicos da região com um grande impulso ambiental, isto é, aproveitar as revoluções energética, de mobilidade, biológica e tecnológica do mundo atual para fazê-las convergir num maior desenvolvimento econômico, com inclusão e uma menor pegada no meio ambiente”, afirmou o especialista.
Samaniego chamou atenção ainda para o surgimento dos bônus verdes no financiamento climático regional – eles representaram 22% dos recursos de 2016. Em 2013, os ativos ainda não haviam sido emitidos. “Isso mostra a importante participação do setor privado, que foi entrando paulatinamente neste negócio.”
O presidente da Fundação Dinheiro e Consciência e líder mundial da Banca Ética, Joan Melé, ressaltou a necessidade de uma mudança radical no sistema econômico financeiro. Para o dirigente, o ser humano deve estar no centro da economia, não o dinheiro, o crescimento ou as utilidades econômicas.
“Uma entidade financeira é a melhor empreitada para tentar mudar o mundo. Gerimos o dinheiro, mas o dinheiro não é nosso, o dinheiro dá poder e esse (poder) pode ser gerido de maneira positiva para mudar o mundo”, disse.
O encontro em Santiago foi promovido pela CEPAL, a Iniciativa Financeira da ONU Meio Ambiente, a Banca Ética/Doble Impacto, ALAS 20 e GovernArt.