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Banco Mundial alerta para diminuição da mobilidade social em países em desenvolvimento

24 de Maio de 2018, 19:13 , por ONU Brasil - | No one following this article yet.
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Artigo publicado pelo IPC-IG mostrou que a concentração de renda no topo da pirâmide brasileira é maior do que se imaginava e não mudou entre 2006 e 2014. Foto: EBC

Mobilidade social teve piora na comparação com geração nascida nos anos 1940. Foto: EBC

A mobilidade econômica piorou entre países em desenvolvimento. É o que revela o Banco Mundial em relatório divulgado neste mês (9). No Brasil, em torno de 12% dos cidadãos que nasceram na década de 1980 entre a metade mais pobre da população conseguiram chegar aos 25% mais ricos. Número está próximo da tendência identificada entre as nações emergentes (14%). Nessas economias, 48% dos nascidos entre os 25% mais abastados continuaram no mesmo nível de renda.

Disparidades entre a persistência num mesmo degrau de riqueza ou pobreza e a possibilidade de melhorar de vida são tema da pesquisa “Progresso justo? Mobilidade econômica entre gerações em todo o mundo”. Com dados de 148 países, que respondem por 96% da população mundial, a publicação do organismo da ONU mostra que, as gerações de 1940 registraram índices de mobilidade maiores do que posteriormente, nos anos 1980.

Nos anos 1940, 17% das pessoas em países em desenvolvimento que nasciam na metade mais pobre da população conseguiam chegar aos 25% mais ricos. Entre os homens, a taxa era maior — em torno de 22,5%. Mas entre as mulheres, o valor era o menor de todos (12%).

Nos anos 1980, o índice geral caiu para 14% e, entre os indivíduos do gênero masculino, chegou a um valor estimado em 16%. Contudo, houve uma diminuição das lacunas de gênero, com quase 14% das mulheres pobres chegando às camadas mais ricas da sociedade.

O Banco Mundial mostra que os índices de mobilidade social no mundo em desenvolvimento eram mais altos nos anos 40 do que os valores verificados nas nações ricas. Nesses países, 14% dos cidadãos nascidos na metade mais miserável conseguiam chegar aos 25% com maior renda. Também foram identificadas diferenças entre homens (17,5%) e mulheres (menos de 12%).

Ao longo dos últimos 70 anos, porém, o cenário se inverteu, com o arrefecimento da distribuição de renda nos países emergentes. Hoje, os desenvolvidos registram taxas de mobilidade mais altas — entre a população geral, o índice chega a 16%; entre os homens, 17%; entre as mulheres, em torno de 15%.

Atualmente, no Brasil, Índia, Nigéria, Peru e África do Sul, se um homem ganha o dobro que outro, o filho do pai mais rico deverá ter um salário entre 60 a 70% mais alto que o filho do pai com rendimentos menores.

Mas as desigualdades também devem ser fontes de preocupação nas economias mais desenvolvidas, alerta o Banco Mundial. Segundo o organismo financeiro, nesses mercados, 43% das pessoas que nascem entre os 25% mais ricos se mantêm nessa mesma faixa de renda. Na avaliação da instituição, a persistência do privilégio é comum em quase todos os lugares do planeta.

Educação no Brasil

Apesar dos problemas, o Banco Mundial identificou alguns avanços, sobretudo no acesso à educação — outro componente importante para avaliar a mobilidade econômica intergeracional.

Francisco Ferreira, conselheiro sênior do Banco Mundial, explica que a população brasileira hoje está passando mais tempo na escola. “Na coorte (geração) nascida em 1940, 50% das pessoas alcançavam um nível educacional maior que o dos pais. Na coorte de 1980, em comparação, 80% chegam a essa marca de ultrapassar o nível de escolaridade dos pais”, ressaltou o especialista.

A questão de gênero também é discutida pelo organismo financeiro em sua análise sobre a educação formal. Globalmente, em um futuro não muito distante, a parcela de mulheres com mais educação do que seus pais será maior que a dos homens. No Brasil, já há mais mulheres que homens concluindo o ensino superior, algo bem diferente do registrado na década de 1940.

“De lá para cá, as mulheres têm dominado e hoje têm vários pontos percentuais acima dos homens. O que é ótimo para as mulheres, mas uma fonte de preocupação para os meninos porque essa trajetória começa na infância. Então, no Brasil, nós temos um problema de gênero ao revés, em que nós temos de nos preocupar, em termos de políticas públicas, com o que está afastando os nossos meninos da escola.”

PIB grande, desigualdade pequena?

O Banco Mundial identificou um padrão peculiar entre os países avaliados — quanto maior o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, maior os índices de mobilidade. Contudo, o diagnóstico é válido apenas para níveis mínimos e máximos de riqueza nacional.

Quando um Estado tem seu PIB per capita acima de 2,5 mil dólares, aumentos nesse valor tendem a ser acompanhados por crescimento da possibilidade de melhorar de renda entre a população. Mas ao atingir 5 mil dólares per capita, a proporcionalidade direta se perde, com a mobilidade se estagnando mesmo com a expansão das riquezas produzidas num país.

No Brasil, a taxa de persistência geracional beirava os 8% em 1940, quando o país tinha um PIB per capita estimado em 1.750 dólares. O índice chegou a 6,5%, acompanhando uma alta no PIB per capita, que atingiu 2.500 dólares. Depois, foi para 5%, quando o PIB per capita bateu cerca de 3,1 mil dólares, e 4,2% no patamar de 5 mil dólares.

De acordo com o Banco Mundial, a expansão inicial da mobilidade pode estar associada ao fato de que políticas para tornar oportunidades mais igualitárias talvez não sejam financiáveis em países com renda mais baixa. Já a desaceleração das mudanças de níveis de renda, mesmo com crescimentos mais expressivos do PIB, estaria associada à dificuldade em promover o acesso a níveis mais altos da educação formal, após um certo limiar de popularização do ensino.

Acesse o relatório na íntegra clicando aqui.


Fonte: https://nacoesunidas.org/banco-mundial-alerta-para-diminuicao-da-mobilidade-social-em-paises-em-desenvolvimento/

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