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Cirurgia restaura audição e esperança de jovens irmãos sírios no Líbano

15 de Fevereiro de 2018, 18:29 , por ONU Brasil - | No one following this article yet.
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Durante uma visita ao dentista há seis anos em sua cidade natal na zona rural de Alepo, a síria Badriyeh Hayan descobriu a verdade por trás da personalidade “tímida e silenciosa do filho” Mohamed, de 4 anos na época. O dentista percebeu que o jovem não respondeu à voz da mãe e declarou: “acho que seu filho é surdo”.

Os exames confirmaram que tanto Mohamed quanto seu irmão mais novo, Issam, nasceram surdos. Mas com a pouca renda de seu marido, Abdul Latif, a família não tinha como pagar a onerosa cirurgia de implante coclear que permitiria que seus filhos ouvissem.

O agravamento do conflito na Síria tornou a situação ainda pior. Os pesados bombardeios chegaram ao bairro e destruíram sua casa, forçando a família a fugir para o Líbano. Eles se mudaram para um assentamento informal em Jiyeh, a cerca de 20 quilômetros ao sul da capital libanesa, Beirute.

Vivendo com os vouchers mensais de alimentação e o que mais Abdul Latif conseguisse ganhar com seu trabalho manual, a família vive uma existência precária em um país onde mais da metade dos quase 1 milhão de refugiados sírios registrados estão em situação de extrema pobreza.

Então, em junho do ano passado, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), organizou a visita da jornalista libanesa Rima Maktabi ao assentamento onde moram. Um vídeo dela interagindo em Libras com Mohamed viralizou na Internet e teve como resultado a oferta da Cruz Vermelha do Kuwait de pagar mais de 50 mil dólares para cobrir os custos das cirurgias.

“Uma pessoa do ACNUR me contatou para dizer que eles iriam pagar a cirurgia para os meus filhos”, recorda Badriyeh. “Eu não podia acreditar. Estamos lutando para sobreviver, como poderíamos fazer a cirurgia? Eu comecei a chorar”.

Apesar do nervosismo de Badriyeh, a cirurgia no Hospital Sacre Coeur, de Beirute, foi um sucesso. Em dois meses os meninos começaram a ouvir pela primeira vez.

“No começo eles não conseguiam lidar direito com isso, não estavam acostumados”, explica a mãe. “Mas depois de um tempo, adoraram. Agora, sempre que os chamo, eles me olham e sorriem”.

Outro benefício da cirurgia é que os meninos finalmente puderam ir à escola, o que nunca haviam feito antes. Durante a semana, frequentam as aulas em uma escola especial em Saida, com taxas, livros e transporte pagos pela Cruz Vermelha do Kuwait. Aos sábados, têm sessões de fonoaudiologia para ajudá-los a falar com clareza.

“Mídias sociais mudam vidas”, diz Mohammed Abu Asaker, diretor regional de informações públicas sênior do ACNUR. “A experiência de Mohammed e Issam é uma prova do poder das comunidades virtuais e do indivíduo para fazer a diferença. Estou emocionado por vê-los ouvir e falar pela primeira vez”.

Dos cerca de 5,48 milhões de refugiados do conflito na Síria, as organizações estimam que um em cada cinco tem uma deficiência física, sensorial ou intelectual. Em situações de deslocamento forçado, as pessoas com deficiência muitas vezes enfrentam barreiras ao acesso a serviços como a educação.

De volta em sua casa, Mohamed foca intensamente no som da voz de sua mãe e repete os números conforme ela os pronuncia. Badriyeh permite-se um sorriso de profunda satisfação, e admite que ainda não pode acreditar no que aconteceu.

“Liguei para todos que eu conheço para dizer que os meus filhos fizeram a operação e agora podem ouvir”, diz ela. “Eu tinha perdido a esperança deles fazerem a operação e irem à escola. É como um sonho que se tornou realidade “.


Fonte: https://nacoesunidas.org/cirurgia-restaura-audicao-e-esperanca-de-jovens-irmaos-sirios-no-libano/

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