Campo de deslocados internos em Mellia, no Chade. Foto: OCHA/Ivo Brandau
O Conselho de Segurança da ONU foi informado na semana passada (15) de que a força-tarefa conjunta do chamado Grupo dos Cinco (G5) — Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger — para combater a ameaça do terrorismo na região do Sahel, na África, já está operacional. No entanto, a força-tarefa continua a enfrentar diversos desafios, incluindo o financiamento.
“A criação da força conjunta do Sahel G5 tem o potencial de contribuir significativamente para os esforços já realizados para estabilizar a região”, disse o secretário-geral assistente para as Operações de Paz, El-Ghassim Wane, ao Conselho de Segurança.
“Mas também devemos ser realistas sobre os desafios que permanecem e os problemas que ainda precisam ser resolvidos. O sucesso da força conjunta depende tanto do aprofundamento dessa parceria regional e das políticas aplicáveis, quanto da determinação de seus membros para alcançar sua operacionalização e do apoio infalível de seus parceiros internacionais.”
“Dirigir-se às causas profundas da instabilidade no Sahel exige ir além da ação militar, combatendo o déficit de governança, pobreza crônica e desemprego, mudanças climáticas e a falta de financiamento para o desenvolvimento”, afirmou.
A pobreza extrema, o rápido crescimento da população, as mudanças climáticas, crises alimentares e nutricionais recorrentes, conflitos armados e violência convergem perigosamente e minam as vidas, os recursos e as perspectivas futuras de milhões de famílias em toda a região do Sahel, disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Wane também observou a necessidade de se combater a criminalidade transfronteiriça e impor sanções específicas, bem como criar uma estratégia política para orientar as atividades da força conjunta e alinhá-las ao processo de paz do Mali e a outras iniciativas regionais.
Ele acrescentou que a força conjunta deve trabalhar em estreita colaboração com o grupo de trabalho recentemente criado pelo Comitê Executivo sobre o Sahel presidido pela secretária-geral adjunta da ONU, Amina Mohammed, e com a União Africana.
Entre as maiores necessidades do projeto destaca-se o financiamento. Segundo Wane, a contribuição conjunta dos cinco países-membros, somada à contribuição prometida pela União Européia, chega a 108 milhões de euros, ou 25% dos requisitos totais.
“Gerar compromissos e contribuições para atender os requisitos da força conjunta será fundamental, mas a criação de um financiamento transparente, coordenado e efetivo será tão importante quanto”, disse Wane.
A força conjunta realizará suas primeiras operações ao longo das fronteiras de Mali, Nigéria e Burkina Faso em outubro, e terá um aumento de capacidade em 2018.
Um relatório escrito sobre o funcionamento da força conjunta é esperado em outubro.