Residentes de Alepo, na Síria, aguardam na fila para receber alimentos distribuídos pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas. Foto: PMA/Hani Al Homsh
Mais de 600 mil sírios deslocados retornaram para suas casas nos primeiros sete meses de 2017, informou relatório publicado nesta sexta-feira (11) pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Dados da OIM e de parceiros indicam que, do total de pessoas que retornaram, 84% estavam deslocadas dentro do próprio país, enquanto o restante retornou de Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque. Refugiados que estavam em Turquia e Jordânia retornaram principalmente para as províncias de Alepo e Al Hasakeh.
Aproximadamente 27% dos que retornaram disseram ter voltado para proteger seus bens e propriedades, enquanto 25% relataram ter retornado por causa de uma melhoria na situação econômica do local de origem.
Outros fatores citados incluem a piora da situação econômica nos países de refúgio (14%); questões sociais e culturais, como vínculos tribais, afiliações políticas e outros obstáculos que impediam a integração no local de refúgio (11%; e a melhora da segurança no local de origem (11%).
Metade do total de sírios que retornaram às suas casas em 2016 tiveram como destino a província de Alepo. O relatório mostra tendências similares em 2017: 67%, ou 405.420 pessoas, retornaram à província de Alepo; 75.209 retornaram a Hama; 45.300 a Ar-Raqqa; 27.620 a Idleb; 21.346 à área rural de Damasco; e 27.861 a outras províncias. A cidade de Alepo foi a que registrou maior número de retornos.
O documento também indicou que 97% das pessoas retornaram às suas próprias casas; 1,8% estão vivendo na casa de hóspedes; 1,4% em casas abandonadas; 0,14% em assentamentos informais; e 0,03% em acomodações alugadas.
Aproximadamente 83% dos que retornaram disseram ter acesso a alimentos e 80% a itens domésticos. No entanto, apenas 41% disseram ter acesso a água e 39% a serviços de saúde, um número perigosamente baixo, disse o documento. A infraestrutura do país foi extremamente danificada pelo conflito.
Enquanto o volume de pessoas que retornam às suas casas tende a aumentar, a Síria continua sofrendo com altos números de deslocados. De janeiro a julho de 2017, aproximadamente 808.661 pessoas saíram dos seus locais de moradia, muitas delas pela segunda ou terceira vez, e mais de 6 milhões continuam deslocadas dentro do próprio país.
Os retornos têm sido principalmente espontâneos, mas não necessariamente voluntários, seguros ou sustentáveis. Até o momento, segundo os relatórios, não é possível considerar que essa tendência de retorno de refugiados, tanto internos quanto de fora para dentro da Síria, seja uma solução duradoura.