Conflitos entre o governo e forças da oposição se intensificaram na região de Unity, no Sudão do Sul. Foto: UNMISS/Eric Kanalstein
O aumento da violência na região de Unity, no Sudão do Sul, “é garantido de continuar” mesmo após o acordo de cessar-fogo firmado no ano passado, afirmou um oficial das Nações Unidas no país.
“Todos os lados devem obedecer com o que concordaram, além de terem suas ações cuidadosamente monitoradas e examinadas” afirmou David Shearer, representante especial do secretário-geral e chefe da missão de paz da ONU no Sudão do Sul (UNMISS), em referência ao cessar-fogo assinado em dezembro de 2017.
“A escalada do conflito implica um profundo impacto humano. Centenas de pessoas estão buscando refúgio próximo à base da ONU. Vimos tukuls (habitações típicas) serem queimadas. Ouvimos relatos de que idosos e crianças foram mortos e clínicas médicas saqueadas.”
Shearer fez as declarações durante uma visita no início de maio a Leer e Dublual, na região de Unity, onde presenciou os impactos da deterioração da segurança em comunidades locais.
“Encontrei com uma criança que havia levado um tiro no estômago e nas costas. Ela é apenas um exemplo de dezenas de pessoas feridas e mortas nas últimas semanas”, afirmou o chefe da missão. “Nós também sabemos que centenas, se não milhares, de pessoas fugiram para os pântanos e estão sobrevivendo de vegetais e frutas silvestres.”
Shearer e sua missão se reuniram com o governo do país e com líderes da oposição, pedindo para que baixem as armas, se reconciliem e trabalhem juntos para construir paz duradoura.
“No início desse ano, parecia que estávamos nos movendo para a direção certa. Mas após ver os impactos desse conflito em civis, acredito que existe um risco real de que a situação se agrave ainda mais e enfraqueça chances de paz prolongada”, declarou o chefe da missão.
Segundo ele, a assinatura do acordo de cessar-fogo no ano passado garantiu força para o processo de paz, mas essa evolução estaria em risco de se desfazer sem real comprometimento político.
Shearer também declarou que a UNMISS continuará a cumprir seu mandato.
“Nosso trabalho ainda é proteger e auxiliar pessoas a superar esse momento sombrio, de maneira que o processo de paz possa ter êxito, e que encontremos uma solução durável. Continuaremos a fazer tudo o que podemos para apoiar o povo do Sudão do Sul”, completou.