Profissionais da OPAS e de outras organizações de assistência nas Ilhas Virgens Britânicas. Foto: OPAS
Com a passagem dos furacões Maria e Irma pelo Caribe, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) decidiu enviar suprimentos médicos e humanitários para as ilhas afetadas, além de profissionais de atendimento. Apoio internacional visa suprir escassez de serviços e reparar instalações de saúde destruídas. Na segunda-feira (18), Dominica foi atingida pelo Maria, que chegou ao solo como um furacão de categoria cinco e com ventos de 250 km/h.
“Os ventos varreram os telhados de quase todas as pessoas com quem falei ou entrei em contato. Meu foco agora é resgatar quem está preso para assegurar assistência médica aos feridos no país”, afirmou o primeiro-ministro do país, Roosevelt Skerrit, em publicação nas suas redes sociais.
Na avaliação do diretor do Programa de Emergências em Saúde da OPAS, Ciro Ugarte, as necessidades prioritárias para o Caribe incluem a retomada das operações em unidades de atendimento danificadas. O objetivo é garantir o fornecimento de serviços essenciais de saúde para a população, permitindo o diagnóstico rápido, tratar doenças transmissíveis e restabelecer o acompanhamento de pacientes com patologias crônicas não transmissíveis.
Os dois furacões de categoria cinco passaram pelo Caribe em menos de duas semanas. Chuvas e ventos fortes continuam atingindo as Ilhas Leeward, incluindo as unidades do arquipélago já afetadas pelo furacão Irma.
O Maria “poderia impactar muitas estruturas e detritos já maltratados, complicar a entrega da ajuda humanitária e deslocar mais pessoas para abrigos”, afirmou Ugarte.
“Uma entrega rápida dos suprimentos e recursos humanos necessários, bem como o pré-posicionamento e preparação para a próxima tempestade, serão importantes para evitar um maior impacto na saúde pública em países e territórios localizados no caminho desse poderoso furacão”, acrescentou.
Epidemias e higiene
As equipes enviadas para as ilhas do Caribe incluem coordenadores de desastres, engenheiros e epidemiologistas de instalações sanitárias e de saúde, bem como especialistas em saúde pública, gestão de informações, logística, controle de vetores e avaliação de danos e necessidades.
A manutenção de condições sanitárias, especialmente em abrigos, é um dos pontos críticos da resposta à crise, segundo a OPAS. Um aumento na população de mosquitos e roedores foi relatado em ilhas fortemente atingidas pelos fenômenos climáticos.
De acordo com Ugarte, outra frente crucial de atuação é o monitoramento epidemiológico intensificado para apoiar a detecção precoce e o gerenciamento oportuno de surtos. Com o acesso escasso a água potável e cuidados de saúde, doenças têm mais facilidade para se proliferar. Alguns abrigos já estão relatando patologias diarreicas e de pele.
Desafios logísticos
O especialista da OPAS relatou ainda uma série de problemas logísticos, como a falta de espaços e de segurança para o armazenamento de medicamentos e outros insumos de saúde. O cenário também impõe obstáculos ao envio de profissionais para as ilhas caribenhas. Para Ugarte, é necessário garantir entregas rápidas de suprimentos, tendo em vista a presença do furacão Maria e a potencial chegada de novas tempestades vindas do Atlântico.
Os recursos solicitados para os países são fornecidos pela sede da OPAS e pelos escritórios da agência na Jamaica, Barbados, Bahamas, Haiti, República Dominicana e Trinidad e Tobago. Os suprimentos estão sendo preposicionados no Panamá e em Barbados para uma distribuição mais eficaz em meio à passagem do Maria.