Uma avô cuida da neta em Moçambique. Foto: ONU
Para melhorar a nutrição das crianças de Moçambique, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) resolveu apostar na comunicação. A agência da ONU criará comitês locais de saúde em 90 comunidades da província de Manica, onde atividades divulgarão informações que podem melhorar o bem-estar da população. O organismo também investirá na sensibilização por meio de transmissões em rádios locais. Público alcançado pelas ações deve chegar a quase 424 mil moçambicanos.
O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), instituição também vinculada às Nações Unidas, auxilia o PMA na implementação do projeto de comunicação.
Um estudo recentemente concluído pelo instituto de pesquisa revelou, por exemplo, que 60% das famílias não têm acesso ao rádio, 28% das famílias têm acesso ao rádio em casa e 29% têm acesso ao rádio fora de sua casa, embora esses dois últimos grupos possam se sobrepor. Apenas um em cada quatro entrevistados tem acesso a aparelhos de televisão.
Isso significa que uma grande parte dos indivíduos-alvo provavelmente não será alcançada pelas ações nas mídias de massa.
O IPC-IG também traçou um perfil da população visada pelo projeto. Segundo o levantamento, a maioria das mulheres realizava exames pré-natal durante a gravidez, teve parto em uma clínica ou hospital e considerou importante se alimentar melhor durante a gravidez. No entanto, o nível geral de desenvolvimento socioeconômico das famílias é baixo. Na área de alimentação de lactantes e crianças, há espaço para melhorar as práticas de amamentação e a diversidade alimentar.
Outros problemas identificados foram defasagens entre conhecimento e conduta prática para prevenir a malária, além de falta de informações sobre higiene, saneamento e água. Estudos realizados pelo PMA na província de Manica também apontaram um conhecimento baixo sobre saúde e nutrição infantil em toda a sociedade.
Localizado no sudeste da África, Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, ocupando a posição de número 181 entre 188 países no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano de 2015. Apesar do rápido crescimento econômico registrado nos últimos anos, 54% da população permanece abaixo da linha de pobreza nacional e 43% das crianças com menos de cinco anos de idade sofrem de raquitismo.
O acesso limitado a alimentos e a serviços primários de saúde, combinado a uma alta incidência de doenças infecciosas, resultam em desnutrição e em deficiências de micronutrientes.
O projeto do PMA e do IPC-IG visa combater as lacunas de saber que podem agravar problemas de saúde e nutrição enfrentados pela população, sobretudo pelas crianças.
“O projeto é uma intervenção inovadora com o potencial de melhorar a vida de pessoas necessitadas promovendo boas práticas nos campos da saúde e da nutrição. Nosso relatório de base confirma a relevância da intervenção no contexto da região de Manica”, explica Tatiana Martinez Zavala, consultora do IPC-IG e uma das principais pesquisadoras da iniciativa.
O programa de comunicação faz parte de uma iniciativa financiada pela União Europeia para alcançar o primeiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas: “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”.