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Respeito pela diversidade étnica e religiosa será pilar das minhas ações, diz chefe da ONU

17 de Janeiro de 2018, 16:08 , por ONU Brasil - | No one following this article yet.
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Secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: ONU/Mark Garten

Secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: ONU/Mark Garten

Em reunião com os Estados-membros da Assembleia Geral da ONU, o chefe da Organização, António Guterres, apresentou na terça-feira (16) 12 áreas que merecerão atenção do organismo ao longo de 2018. Entre as prioridades, estão a resolução de crises no Oriente Médio e na Europa, o combate às mudanças climáticas e a promoção da migração segura. Um 13º ponto elencado pelo dirigente como transversal a todas as temáticas é o empoderamento das mulheres.

Em coletiva de imprensa após o pronunciamento, Guterres afirmou que “o respeito pelos migrantes e o respeito pela diversidade, étnica e religiosa, é um pilar fundamental das Nações Unidas e será um pilar fundamental” de suas ações.

O primeiro item da lista do secretário-geral é a promoção de uma globalização igualitária, que garanta a repartição justa dos benefícios trazidos pela expansão das trocas comerciais, financeiras e culturais no mundo contemporâneo.

“Não é fruto do acaso que oito pessoas possuam o mesmo volume de riqueza que a metade mais pobre da população mundial. O funcionamento da economia mundial e do comércio internacional são o produto das escolhas feitas pelos seres humanos”, alertou Guterres, que lembrou o compromisso da Assembleia Geral com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais preveem o fim da pobreza e a redução das desigualdades.

“Eu exorto a comunidade internacional a implementar mecanismos eficazes contra a evasão fiscal, a lavagem e os fluxos ilícitos de capitais, de modo que os países em desenvolvimento possam melhor mobilizar os seus próprios recursos”, completou o dirigente.

A desigualdade e o nacionalismo estão
em alta, enquanto a confiança e
a solidariedade estão
em baixa. Precisamos
de menos ódio, mais diálogo.

Outra prioridade é fortalecer os esforços contra as alterações do clima. “Em 2016, pela primeira vez em três anos, as emissões de CO2 aumentaram. Os cincos últimos anos foram os mais quentes da história”, lembrou o secretário-geral.

Guterres frisou que, embora o Acordo de Paris represente um novo compromisso para conter o aquecimento global, as promessas dos países até o momento não são suficientes para manter a elevação da temperatura a menos de 2ºC. O chefe da ONU cobrou mais empenho na transição para uma economia verde e defendeu que Estados-membros abandonem modelos econômicos baseados em combustíveis fósseis.

“Temos de investir no futuro, não no passado. No próximo ano, organizarei uma cúpula sobre o clima para mobilizar a comunidade internacional em prol de uma redução mais ambiciosa das emissões, da adaptação às mudanças climáticas e da transição energética de que tanto precisamos.”

Migração, direitos humanos e nacionalismo

Em sua lista, Guterres incluiu o apoio à migração segura e ordenada e a superação do que descreveu como uma “falsa contradição”, que opõe os direitos humanos à soberania nacional.

Sobre os desafios envolvendo a mobilidade humana internacional, o secretário-geral defendeu que “as migrações são um fenômeno positivo e favorecem o crescimento econômico, criam laços entre sociedades e nos ajudam a enfrentar as evoluções demográficas”. Contudo, deslocamentos também estão na origem de “tensões políticas” e “tragédias humanas”.

“É por isso que temos de criar muito mais oportunidades de migração lícita e oferecer às pessoas a possibilidade de viver e trabalhar dignamente em seu próprio país, (isso deve ser considerado) como objetivo central das estratégias de desenvolvimento e da cooperação internacional para o desenvolvimento.”

Na sua avaliação, a adoção do Pacto Mundial sobre Migrações Seguras, Ordenadas e Regulares é uma das tarefas mais importantes da ONU para 2018.

“A desigualdade e o nacionalismo estão em alta, enquanto a confiança e a solidariedade estão em baixa. Precisamos de menos ódio, mais diálogo e uma cooperação internacional aprofundada”, acrescentou o secretário-geral posteriormente, em coletiva de imprensa após seu pronunciamento na Assembleia Geral.

Guterres foi perguntado se apoiaria um posicionamento da União Africana e de embaixadores africanos nos Estados Unidos condenando as recentes declarações do presidente norte-americano Donald Trump, que teria descrito nações africanas, Haiti e El Salvador como “países de merda”.

“Até onde eu sei, o presidente dos Estados Unidos negou que teria dito isso. Nossa posição é bastante clara. Precisamos ter relações de respeito mútuo com todos os povos no mundo e a migração é particularmente um aspecto positivo. Migrantes contribuem não apenas para o bem-estar de seus países de origem, mas também para o bem-estar dos países de cujo processo de desenvolvimento eles se tornam parte”, afirmou o secretário-geral.

“O respeito pelos migrantes e o respeito pela diversidade, étnica e religiosa, é um pilar fundamental das Nações Unidas e será um pilar fundamental” das minhas ações, completou o chefe da ONU.

Guerras crises pelo mundo

Uma das expectativas de Guterres é também “arrumar a bagunça” no Oriente Médio, onde muitos pontos de tensão tornam o risco de escaladas de violência real.

“Temos de colocar pressão por um retorno às negociações entre israelenses e palestinos. Não há alternativa à solução de dois Estados. Sinais recentes de diminuição do apoio (à solução) fragilizam os setores moderados e empoderam os radicais. Não há plano B”, enfatizou o secretário-geral.

“No Líbano, trabalhemos para preservar a soberania e a estabilidade do país e para fortalecer as instituições do Estado. No Iêmen, é hora de as partes (do conflito) ingressarem em negociações de paz significativas, que vão além dos esforços para enfrentar a dramática catástrofe humanitária”, acrescentou.

O respeito pelos migrantes
e o respeito pela diversidade,
étnica e religiosa, é um pilar
fundamental das Nações Unidas.

Guterres disse ainda que a ONU continuará engajada na promoção das negociações pela paz na Síria, buscando uma resolução política para a guerra. No Iraque, a Organização seguirá apoiando medidas para garantir a integridade territorial do país e apaziguar tensões sectárias.

O chefe da ONU também afirmou esperar avançar nos processos de paz na Europa, onde conflitos na Ucrânia, Geórgia e Transnistria persistem. “Tendo começado duas guerras mundiais, e levando em conta os recursos e capacidades disponíveis na Europa, é injustificável que conflitos persistam na região.”

Guterres pediu com urgência um “esforço coordenado, que leve a uma estabilidade duradoura nas Bálcãs Ocidentais”. “Peço aos líderes europeus que mostrem que o continente pode cumprir seus ideais de prosperidade compartilhada e coexistência pacífica”, completou o secretário-geral.

Empoderamento feminino

Outros temas escolhidos como prioritários para a agenda da ONU foram a necessidade de fortalecer as missões de paz; a crise de refugiados rohingya entre Mianmar e Bangladesh; a luta contra o terrorismo; a inclusão de toda população global na revolução digital; as parcerias com a União Africana; e a escalada de tensões na República Coreana.

Um 13º ponto, que diz respeito a todas essas áreas, é o fim das disparidades de gênero.

“A participação significativa das mulheres na paz e na segurança foi comprovada como capaz de tornar a paz mais sustentável. A participação igualitária das mulheres na força de trabalho e a igualdade salarial liberariam trilhões de dólares para nossas economias. Contudo, para alcançar tais ganhos, é necessário mais ação. Minha abordagem se resume a três pilares”, afirmou Guterres.

O primeiro é o empoderamento, com a garantia de inclusão das mulheres nos espaços e instituições dos quais se encontram excluídas. Um exemplo citado por Guterres foi sua decisão de garantir a paridade de gênero em todos os Grupos de Gerenciamento Seniores da ONU.

O segundo é a prevenção da exploração sexual e do abuso contra mulheres. O terceiro é a prevenção e o combate ao assédio sexual. O secretário-geral lembrou sua política de tolerância zero para casos dessas violações perpetrados por funcionários das Nações Unidas.


Fonte: https://nacoesunidas.org/respeito-pela-diversidade-etnica-e-religiosa-sera-pilar-das-minhas-acoes-diz-chefe-da-onu/

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