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Sede da OMS em Brasília oferece bicicletas para deslocamento de funcionários

22 de Agosto de 2017, 16:04 , por ONU Brasil - | No one following this article yet.
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Uso da bicicleta como meio de transporte gera atividades físicas regulares que previnem diversas doenças crônicas não-transmissíveis, como hipertensão e diabetes, e o bem-estar físico e mental dos funcionários. Foto: OPAS/OMS

Uso da bicicleta como meio de transporte gera atividades físicas regulares que previnem diversas doenças crônicas não-transmissíveis, como hipertensão e diabetes, e o bem-estar físico e mental dos funcionários. Foto: OPAS/OMS

Milvo Rossarola, representante da organização não governamental Bike Anjo, ficou surpreso ao visitar esta semana o prédio da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) em Brasília (DF). Havia na sede da agência da ONU no país um bicicletário completo à disposição dos funcionários.

“Essas iniciativas ainda são tímidas e (as instituições e empresas) ainda não descobriram que trabalhar a mobilidade é pensar na saúde do funcionário. Para mim, a OPAS está à frente, pois construiu um sistema prático e não burocrático”, afirmou o cicloativista.

Em junho de 2014, a OPAS/OMS passou a disponibilizar gratuitamente aos mais de 200 funcionários 12 bicicletas: duas dobráveis elétricas, sete dobráveis manuais e três de passeio. Mais do que uma forma de lazer, a oferta de bicicletas no ambiente de trabalho pode ser uma estratégia para mobilizar os funcionários a adotar hábitos benéficos ao meio ambiente e à própria saúde.

Seu uso como meio de transporte gera atividades físicas regulares que previnem diversas doenças crônicas não-transmissíveis, como hipertensão e diabetes, e o bem-estar físico e mental dos funcionários. Além disso, esse tipo de atividade reduz a quantidade de veículos no trânsito e as emissões de partículas nocivas à saúde, além de estimular o uso do espaço público.

Colocando essa ideia em prática

Victor Pavarino, consultor em segurança no trânsito da OPAS/OMS, foi uma das pessoas envolvidas no desenho e na implementação da iniciativa. “Começamos a discutir a ideia em 2013, buscando relacionar dois temas importantes: a mobilidade segura e sustentável e a promoção da saúde”, lembrou.

Em um primeiro momento, o organismo internacional entrou em contato com empresas especializadas em aluguel de bicicletas, com o intuito de instalar uma estação em seu terreno. Posteriormente, chegou-se à conclusão de que seria mais simples desenvolver o projeto internamente, com o auxílio dos próprios especialistas da área e também dos ciclistas aficionados que trabalham na representação.

Na primeira fase de desenvolvimento do projeto, em meados de 2013, a OPAS/OMS elaborou uma pesquisa online para definir as opiniões dos funcionários em relação às bicicletas, seus perfis e hábitos de mobilidade cotidiana, bem como os custos econômicos associados ao deslocamento individual para o trabalho. Com esses dados, foi possível fazer um levantamento dos custos e dos equipamentos mais adequados para a equipe.

Rossarola ressalta que as instituições e empresas interessadas em implementar um projeto como esse “não precisam inventar a roda”. “Não é preciso fazer nada mirabolante. Na verdade, é bem simples: criar um bicicletário, colocar bicicletas à disposição e incentivar os funcionários a utilizarem os equipamentos a princípio como lazer e, depois, como meio de transporte”, declarou.

Demanda tem que ser induzida

Segundo Pavarino, a pesquisa realizada ajudou a compreender as necessidades e o perfil dos funcionários, auxiliando no planejamento das ações. “Existe um conceito chamado ‘demanda induzida’, que é basicamente ofertar um produto que encoraja as pessoas a procurarem mais aquilo que é ofertado. Quando facilitamos os meios, há um incentivo pela demanda”, explicou.

Justamente por isso, o bicicletário está estrategicamente posicionado no estacionamento interno da Organização, bem na entrada do edifício, onde há um grande movimento de funcionários.

Oferecer bicicletas no ambiente de trabalho é uma forma de incentivar os funcionários a experimentar um novo meio de locomoção, que traz benefícios para a saúde e para o meio ambiente. “Dessa forma, incentivamos a equipe a testar as bicicletas antes de comprá-las. É sempre interessante experimentar um produto antes de adquiri-lo, assim não há riscos de ele acabar encostado, sem nenhuma utilidade”, declarou Pavarino.

Foi exatamente o que aconteceu com Melissa Figueiredo, secretária da Organização no Brasil. Antes de o projeto ser colocado em prática, ela costumava pedalar apenas aos fins de semana. “Quando comecei a trabalhar na OPAS/OMS, há quase dois anos, resolvi fazer da bike um meio de transporte”, contou.

Pouco tempo depois de adotar esse novo estilo de vida, Melissa resolveu comprar seu próprio equipamento e começou a usá-lo como principal meio de locomoção para o trabalho. Em pouco tempo, percebeu que sua saúde e qualidade de vida começaram a melhorar. “A minha disposição aumentou. Sinto que tenho mais energia, mais fôlego e também fico menos estressada. Pedalar também ajudou a controlar os meus níveis de colesterol”, disse a funcionária.

Construindo uma política de uso

Durante a concepção do projeto, várias dúvidas surgiram. “Nos confrontamos com todos os aspectos burocráticos”, lembrou Pavarino. Quando adquiridas, as bicicletas se tornariam parte do patrimônio das Nações Unidas e estariam sujeitas às mesmas normas que regem o uso dos outros equipamentos e materiais da Organização.

“No entanto, a bicicleta é diferente de um notebook ou de um celular, que a pessoa precisa devolver no mesmo estado em que pegou emprestado”, ponderou o consultor. A partir dessa reflexão, percebeu-se que era preciso “pensar fora da caixa”. “Andar de bicicleta implica em gastar seus componentes e às vezes furar um pneu, entre outras coisas”, esclareceu.

A equipe da OPAS/OMS envolvida no desenho do projeto decidiu simplificar o processo para evitar que a burocracia desestimulasse os funcionários a usar as bicicletas. “A manutenção de uma bicicleta é relativamente barata. Com todas essas questões, tivemos que enxergar o custo-benefício da situação, então, na política de uso, descomplicamos e retiramos o máximo de restrições que poderiam amedrontar ou desanimar os colaboradores a usar as bicicletas”, disse.

Para poder utilizá-las, o funcionário precisa preencher um cadastro interno, que permite o controle das retiradas e devoluções. O usuário pode permanecer até 24 horas com o equipamento, sendo permitido renovar o empréstimo caso não haja mais reservas. Também é possível alugar as bikes para o fim de semana: a retirada é feita às sextas-feiras e as devoluções, às segundas-feiras. No momento da devolução, a equipe da OPAS/OMS responsável pela manutenção das bicicletas verifica se há algum dano ou avaria, que precisa ser registrado.

Garantindo um trajeto mais seguro

Todas as bicicletas disponibilizadas possuem equipamentos e acessórios de segurança previstos pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Entre eles, estão a sinalização refletiva dianteira e traseira e o espelho retrovisor, além de um suporte para garrafa. No momento da reserva da bicicleta, o funcionário recebe um colete refletivo e um capacete (que não está previsto atualmente no CTB, mas é recomendado pela OPAS/OMS).

De acordo com Rossarola, é possível utilizar a bicicleta no dia a dia de forma segura e responsável. “É fundamental conhecer as regras de trânsito e também o trajeto cotidiano e seus obstáculos. Recomendo que se faça a primeira viagem com calma, mas, acima de tudo, mostrando aos veículos que o ciclista também tem direito à faixa, direito de estar ali ocupando pelo menos um terço dela. É importante mostrar aos veículos o que você está fazendo, se vai virar à esquerda ou à direita. É fundamental que você mostre suas ações”, aconselhou o ciclista.


Fonte: https://nacoesunidas.org/sede-da-oms-em-brasilia-oferece-bicicletas-para-deslocamento-de-funcionarios/

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