Ir para o conteúdo

Cúpula dos Povos

Voltar a Notícias da ONU
Tela cheia Sugerir um artigo

Trabalhos que transformam vidas; conheça indicados ao Prêmio Nansen 2017

15 de Setembro de 2017, 17:31 , por ONU Brasil - | No one following this article yet.
Visualizado 17 vezes
Clique para exibir o slide.

Da educação para refugiados no oeste de Uganda ao acolhimento de solicitantes de refúgio LGBTI que fogem de perseguições na América Central, os cinco indicados deste ano ao Prêmio Nansen da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) representam o empenho de todos aqueles que apoiam pessoas deslocadas por guerras e violência no mundo todo.

O prêmio humanitário foi criado em 1954 em memória do primeiro alto-comissário para refugiados, Fridjtof Nansen. O vencedor de 2017 será anunciado em 18 de setembro, e o atual alto-comissário, Filippo Grandi, entregará o prêmio e 150 mil dólares ao vencedor na cerimônia de 2 de outubro em Genebra, na Suíça.

Entre os indicados ao prêmio deste ano, está a organização não governamental Coburwas International Youth Organization to Transform Africa (CIYOTA), fundada por jovens refugiados de diferentes nacionalidades no campo de Kyangwali, em Uganda. Sua missão é transformar a vida de jovens refugiados, particularmente as meninas, tendo como sua principal ferramenta a educação.

O grupo dá auxílio a menores desacompanhados logo no primeiro momento em que chegam ao campo de refugiados. Suas atividades evoluíram rapidamente e, atualmente, a organização apoia o ensino primário e secundário, garante bolsas de estudo para instituições em todo o mundo e cria programas de meios de subsistência.

Joseph Munyambanza, de 25 anos, é o cofundador e diretor executivo da organização. Ele se tornou refugiado aos 6 anos, quando foi forçado a fugir da guerra na República Democrática do Congo. Frustrado com as oportunidades disponíveis no acampamento, uniu forças a outros três refugiados de Burundi, Ruanda e Sudão para criar a CIYOTA.

“Ao dar às crianças refugiadas uma educação de qualidade, nós abrimos um grande mundo para elas, onde elas são livres. Mas também colaboramos com algo especial — suas habilidades, seu talento, sua confiança de que realmente podem contribuir para criar um mundo melhor”, disse.

Perto da fronteira guatemalteca com o México, Frei Tomás González Castillo dirige o La 72, um abrigo para pessoas que fogem de violência, extorsão, recrutamento forçado e de violações dos direitos humanos em Honduras, El Salvador e Guatemala.

Ele também oferece um lugar seguro para pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersex, coletivamente conhecidas como LGBTI, que sofreram discriminação e homofobia em seus países de origem.

Frei Tomás, membro da ordem religiosa cristã dos Franciscanos, defendeu os direitos dos solicitantes de refúgio no México, incluindo pessoas da comunidade LGBTI.

Com o apoio do ACNUR, o abrigo construiu dormitórios e desenvolveu um programa de assistência e proteção para refugiados LGBTI.

“La 72 não é apenas sobre alimentar algumas pessoas, mas sobre se envolver com o futuro delas”, disse Frei Tomás. “Eu tento fazer parte de suas vidas e incentivá-las”.

O médico sírio Ihsan Ezedeen, de 73 anos, foi indicado ao Prêmio Nansen por sua dedicação no apoio aos deslocados internos sírios.

Ezedeen começou a praticar medicina, com especialização em pediatria, em 1968. Ele abriu uma clínica gratuita, mantida apenas por meio de doações, na cidade de Jaramana, perto de Damasco, em 1975. Dessa forma, tornou-se amplamente conhecido como o “Doutor dos Pobres”.

Quando o conflito interno começou, em 2011, ele abriu as portas de sua clínica para as centenas de famílias deslocadas que chegavam de Idleb, Homs e Alepo, que tinham poucos recursos e diversas necessidades médicas.

Ezedeen trabalha 16 horas por dia e, depois do plantão, viaja para as casas daqueles que estão doentes ou feridos demais para chegar à clínica. O tratamento é gratuito ou custa uma taxa simbólica de 25 centavos para aqueles que podem pagar. Durante um período de sete anos, estima-se que tenha prestado assistência médica a 100 mil deslocados internos.

“Escolhi cuidar das pessoas vulneráveis e desprovidas, porque eu morava nessa comunidade e testemunhava as condições em que viviam”, disse o médico.

O missionário cristão francês Bernard Wirth, conhecido como o Irmão Bernard, vive na Tailândia desde 1971. Quando chegou, ajudou a melhorar as condições nas áreas das comunidades em torno de Bangcoc. Acabou se tornando professor na Universidade de Silpakorn, ensinando francês. Ele completou mestrado em educação e doutorado em história tailandesa.

O Catholic Office for Emergency Relief and Refugees (Escritório Católico para Ajuda Emergencial e Refugiados, tradução livre) convidou-o a visitar o Centro de Detenção de Imigrantes em Bangcoc, em 1996, onde conheceu refugiados de vários países, incluindo Mianmar, Paquistão, Sri Lanka, Bangladesh e Camarões.

Os solicitantes de refúgio e os refugiados são geralmente tratados como imigrantes irregulares na Tailândia, onde são acusados de crimes e enviados para centros de detenção. As instalações são superlotadas e as condições são precárias.

Comovido pelas condições no centro de Bangcoc, ele decidiu dedicar seu tempo livre a refugiados e solicitantes de refúgio em detenção. Seu principal objetivo é ouvir suas preocupações, encontrar soluções para seus problemas e, sempre que possível, facilitar seus processos de liberdade.

Mais de 400 refugiados e solicitantes de refúgio foram liberados e milhares receberam apoio do Irmão Bernard. Ele disse ao ACNUR que era importante passar o tempo com os refugiados detidos, que na maioria das vezes nem sabiam as razões de sua detenção.

“O que aprendi de mais importante com os refugiados é que eles vivem em uma situação terrível, numa situação em que realmente não deveriam viver”, disse. “É totalmente desumano e ninguém se preocupa com isso”.

Já o projeto Hej Främling! (Olá, estranho!, tradução livre), foi criado em 2013 pelos amigos Emma Arnesson e Anne Lundberg em Östersund, na Suécia, com o objetivo de conectar as comunidades suecas existentes com os refugiados e solicitantes de refúgio recém-chegados por meio de atividades culturais e desportivas.

A organização acredita na promoção de iniciativas populares já existentes, e se torna uma catalisadora para desenvolver e nutrir ideias de integração dos próprios refugiados e da comunidade de acolhimento. Ela acredita que isso criará um forte vínculo entre os dois e promoverá a integração.

Arnesson e Lundberg se voluntariaram para ajudar os solicitantes de refúgio alojados em uma base do exército abandonada em Grytan, no meio de uma floresta. O Hej Främling! tornou-se uma rede de vários clubes, cada um dos quais, desde então, se expandiu para oferecer uma gama de atividades em cidades em toda a Suécia.

A cofundadora Emma Arnesson, em declarações durante um TED em Östersund em 2015, disse que a ideia surgiu quando ela e seus amigos perceberam que ninguém estava se responsabilizando pelos refugiados, além de ter o objetivo de abrigá-los e alimentá-los.

“Nós vemos alegria toda vez que passamos o tempo com nossos amigos, estamos surpresos com tantos sorrisos e amor”, declarou ela.


Fonte: https://nacoesunidas.org/trabalhos-que-transformam-vidas-conheca-indicados-ao-premio-nansen-2017/

Rio+20 ao vivo!