Lousanny Rocha, da Secretaria de Saúde de Arapiraca, Jaime Nadal, do UNFPA, e Aurélia Fernandes, também da pasta municipal. Foto: UNFPA

Municípios de Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso e Porto Alegre foram reconhecidos pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) por iniciativas para a promoção da saúde materna, sexual e reprodutiva e também por esforços contra o racismo no atendimento. Premiação foi concedida durante a 14ª Mostra “Brasil, Aqui Tem SUS”, realizada durante o XXXIII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).

Ao longo dos dias 13, 14 e 15 de julho, o CONASEMS reuniu gestores e especialistas para debater experiências de sucesso na promoção do bem-estar a nível local. O encontro contou com a participação de outra agência da ONU, a Organização Pan-Americana a Saúde (OPAS), parceira do UNFPA na premiação da mostra.

Na categoria Planejamento Reprodutivo/Planejamento Familiar, venceu o trabalho “Impacto da Implementação do Pré-Natal do Parceiro em uma Unidade Básica de Saúde”, de Arapiraca, em Alagoas. Na categoria Saúde Sexual e Reprodutiva de Adolescentes e Jovens, a experiência vencedora foi “Adolescência e Sexualidade – Uma Abordagem no Ambiente Escolar”, da cidade capixaba de Guarapari.

No grupo Saúde Materna, o prêmio foi para “Educação em Saúde para Gestantes”, iniciativa de Novo Horizonte do Norte, no Mato Groso. Na categoria Racismo e Saúde, a vencedora foi “Diversidade Cultural na Saúde: A Experiência da Equipe de Saúde Indígena”, da capital gaúcha Porto Alegre.

A menção honrosa do UNFPA não foi concedida em três das sete categorias inicialmente previstas: saúde sexual e saúde reprodutiva, direitos reprodutivos e sexuais no contexto do zika vírus e saúde da população negra, devido à falta de projetos inscritos nessas temáticas.

O representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, elogiou a mostra “Brasil, Aqui tem SUS”, descrita pelo dirigente como uma boa prática brasileira que tem potencial para ser compartilhada com o mundo. “É um espaço de troca de experiências e de reconhecimento do protagonismo e inovação da força de trabalho em saúde”, disse.

A 14ª edição do projeto contou com 310 trabalhos, apresentados em 13 salas. Houve premiações por regiões e estados, mas também por categorias temáticas, como as que tiveram o apoio do UNFPA na escolha dos trabalhos e iniciativas vencedores. Clique aqui para conhecer todas as experiências vencedoras.

“Ficamos muito satisfeitas com o resultado”, afirmou Lousanny Rocha, da Secretaria de Saúde de Arapiraca. “Nossos homens são reconhecidos por serem machistas, mas o projeto do pré-natal do parceiro mostrou que eles querem participar do pré-natal de suas parceiras, mas precisam de ferramentas para isso.”

Para Aurélia Fernandes, colega de Lousanny na pasta, a proposta estimula o uso dos serviços de saúde pelos homens. “Queremos agora expandir e levar essa iniciativa para todas as unidades básicas de saúde do município”, acrescentou.

UNFPA elogia gestão municipal da saúde

O CONASEMS reuniu quase 3,7 mil participantes — entre eles, 1.523 secretários municipais de saúde de todo o país —, além de profissionais de saúde, dirigentes estaduais e do Ministério da Saúde. O tema desse ano — “Diálogos no Cotidiano da Gestão Municipal do SUS” — faz referência ao Manual do Gestor de Saúde, lançado pela própria organização do Congresso.

Durante a abertura do evento, Jaime Nadal elogiou a parceria entre o UNFPA e o CONASEMS pelo seu caráter estratégico E por promover “um modelo de gestão pública de saúde baseado na descentralização e na municipalização, que busca a efetivação do direito humano à saúde por meio de ações integradas, centradas nas pessoas e comunidades.”

Segundo o dirigente nacional da agência da ONU, “a gestão pública municipal tem um papel fundamental na melhora direta das condições de vida da população, no enfrentamento ao acesso e distribuição desigual de serviços e na abordagem das iniquidades em saúde”.

O presidente do CONASEMS, Mauro Junqueira, chamou atenção para o protagonismo dos municípios na promoção da saúde da população brasileira. “Em 2016, os municípios brasileiros investiram 29 bilhões de reais além dos valores constitucionais no financiamento da saúde. Quem está financiando a saúde no Brasil são os municípios”, afirmou, defendendo uma revisão do pacto federativo e o aumento dos recursos para a saúde em âmbito municipal.