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Blog do Skora

21 de Setembro de 2015, 20:36 , por luiz skora - | No one following this article yet.
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Só um bloguezinho despretencioso


Tentando digerir as causas, origens e alternativas para o caos que nos assola

10 de Abril de 2018, 21:49, por luiz skora - 3030 comentários

 

Caos

 

 

 

Numa leitura bastante superficial da realidade que nos rodeia, temos a impressão de que as atuais crises brasileiras – política, econômica, institucional, representativa, de direitos – têm origens na forma como tem sido conduzida a política no país, na corrupção descontrolada em todos os níveis e no monopólio midiático partidarizado.

Eu aqui, que só entendo um pouquinho de bastante coisa, vou tentar fazer uma leitura das origens e desdobramentos desta crise que vá um pouco além de apenas arranhar a superfície dos fatos, do consenso comum e ordinário. Sem nenhuma pretensão de estar com a razão, meu objetivo é somente desenvolver uma ideia.

Pois bem.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, duas teorias econômicas antagônicas disputam  a hegemonia na América Latina.

A progressista, keinesiana x A liberal, conservadora

Ambas teorias têm seus pontos positivos e negativos e divergem em vários aspectos.

Por exemplo, nas causas da inflação e do desemprego.

Numa leitura bastante simplista

Inflação:
    - Segundo os liberais, a principal causa da inflação são os custos e investimentos do governo que, para gerar recursos, precisa emitir títulos, imprimir moeda gerando assim um processo inflacionário.

    - Segundo os progressistas, a principal causa da inflação, são os processos de oferta e demanda do mercado interno e as relações e flutuações do mercado externo.

Para os liberais, uma economia equilibrada e forte está intimamente atrelada ao controle de gastos e investimentos do governo. Quanto menor os gastos e investimentos, menor a inflação e maior a participação da iniciativa privada nos processos de troca e assim, a economia como um todo, crescerá de maneira sustentável e constante.

Para os progressistas, o crescimento e equilíbrio da economia está intimamente ligado ao endividamento do governo em investimentos na infra estrutura e na liberação de linhas de crédito para que assim a inciativa privada tenha condições financeiras suficientes para se estabelecer e prosperar.            

Ou seja:
Para os liberais, quanto menor a intervenção do governo, maior a liberdade da iniciativa privada e assim, o mercado como um ser ciente se auto regula e prospera.
Para os progressistas, a iniciativa privada precisa do suporte e regulação do governo para que possa prosperar e tornar-se competitiva no mercado.  

Desemprego:
    - Segundo os liberais, a causa do desemprego está no indivíduo. Um indivíduo especializado, bem preparado para o mercado não enfrentará problemas em encontrar trabalho e, conforme se der o crescimento da economia, a própria iniciativa privada, segundo suas necessidades e demandas, se encarregará de produzir sua própria mão de obra especializada. O governo fica fora desta equação.

    - Segundo os progressistas, a causa do desemprego está intimamente relacionada aos investimentos em infra estrutura, financiamentos e flutuações próprias do mercado. Quanto maior os investimentos, financiamentos e controle do governo no mercado, maior será o poder do próprio governo em controlar as flutuações nas taxas de desemprego.

E no Brasil?
No Brasil, de 1945 até 2002, a teoria econômica liberal foi dominante, salvo raríssimas exceções.

Houve uma a tentativa de se implantar uma economia progressista durante o Governo Getúlio Vargas (1951 – 1954 ) e, desconfio, foi este um dos motivos que o levou ao suicídio em agosto de 1954.

Entre 1956 e 1961, durante o governo de Jucelino Kubitschek, uma tentativa mais agressiva e contundente de uma economia verdadeiramente progressista e que, ainda em 1958, ficou conhecida pela expressão “Nunca Fomos Tão felizes”.

Uma nova tentativa de retomada do modelo econômico durante o frágil governo de João Goulart ( agosto de 61 – abril de 64). Mesmo apesar de um mandato conturbado, sofrendo forte oposição no congresso e na imprensa, Jango, que era herdeiro político do governo democrático de Vargas, tentou, além disso, implantar reformas estruturais no país. O que acabou por desembocar no golpe militar de 1964 e todas suas consequências deste golpe, sentidas ainda hoje, 54 anos depois.

Durante todos os outros governos do período (Dutra 46-51, Café Filho, Carlos Luz, Nereu Ramos 54-56; Jânio Quadros, Mazzilli 61; Militares 64-85; Sarney 85-90; Collor/Itamar Franco 90-95) o modelo econômico adotado foi o liberal e, nestes períodos, os resultados práticos foram:

    -O aumento descontrolado da inflação, chegando a 242% em 1985, fim do período militar. E atingindo um pico absurdo de 3.000% em agosto de 1994;
    - Cinco reformas econômicas nos primeiros 10 anos da redemocratização 85-94 (de Cruzeiros para Cruzados, Cruzados-novos, Cruzeiros de novo, Cruzeiros Reais e, finalmente, Reais);
    - Desindustrializção;
    - Aumento galopante nas taxas de desemprego;
    - Enfraquecimento da economia;
    - Aumento da concentração de renda;
    - Aumento da desigualdade social.

O Governo Fernando Henrique Cardoso, na tentativa de contornar as crises econômicas perenes, optou pela radicalização. Não, não adotou o modelo progressista que já havia se provado eficaz para o país, nos curtos períodos em que foi implantado. Radicalizou o liberalismo, adotando o neoliberalismo, modelo que estava dando resultados positivos na Inglaterra e nos Estados Unidos (só esqueceu que modelos econômicos de sucesso para os europeus e norte-americanos, não funcionam do mesmo jeito em economias com dinâmicas completamente diferentes como são as economias da América Latina).

Além de diminuir ainda mais os investimentos em infra estrutura e os financiamentos, FHC diminuiu ainda mais o tamanho do estado dando inicio aos processos de privatizações. Privatizou todas as empresas estatais que teve tempo de privatizar. Não importavam os lucros ou prejuízos destas empresas o que importava mesmo era tirar o controle destas empresas das mãos do governo e entregá-las a iniciativa privada internacional. As empresas estatais que FHC não conseguiu privatizar foram modificadas de estatais para empresas de capital misto (Publico/Privadas).

Com isso, FHC conseguiu controlar um dos graves problemas que assolavam o país desde a redemocratização. Obteve o controle da inflação que a partir de então, não ultrapassou mais que 10% ao ano.

Mas foi só isso, todos os outros problemas foram ainda mais agravados. Desemprego, diminuição da renda do trabalhador, aumento da desigualdade social e concentração de renda, tarifas públicas (luz, água, gás, telefonia, transporte) com aumentos substanciais consecutivos, aumento no número de pobres e miseráveis e serviços públicos cada vez mais ineficientes.

Até que, a partir de 1998/99, pela inexistência de investimentos estatais e, principalmente, pela incompetência da iniciativa privada, os sistema de produção e distribuição de energia no país entrou em colapso. Sem infraestrutura e sem energia, a iniciativa privada não tinha condições de produzir e de ser competitiva, as perspectivas da continuidade do modelo neoliberal eram tenebrosas. Então, o mercado, a iniciativa privada, a população em geral deram um basta ao modelo neoliberal de FHC nas urnas. Lula, o mais influente adversário político de FHC, foi eleito presidente em 2002.

Todos esperavam que Lula, depois de tomar posse em 2003, iria dar inicio às reformas estruturais que o Brasil tanto espera e necessita desde o fim do período imperial. O setor mais aflito com estas reformas era justamente o Econômico. Se bem me lembro, durante o período de transição de governo, Lula se comprometeu a não modificar o modelo neoliberal em troca de, com isso,  receber dos vários setores da sociedade e da economia, um ambiente artificialmente pacífico que lhe garantissem um mínimo de governabilidade.

Lula prometeu e Lula cumpriu. A lua de mel com as elites econômicas e com a imprensa corporativa, durou até a metade de seu primeiro mandato - Até a eclosão do Escândalo Mensalão.     

Porém, descobrimos mais tarde que Lula não era um reformista. Era sim, um exímio conciliador.

Mesmo depois da metade do seu primeiro mandato, bem como, durante todo seu segundo mandato, sob todos os ataques que recebia de setores da elite econômica e da grande imprensa, Lula manteve sua promessa, não trocou o modelo econômico neoliberal pelo modelo progressista/desenvolvimentista. Ao invés disso, a sua maneira, moldou o modelo neoliberal, para que este garantisse pelo menos um mínimo de investimentos federais em setores crucias da economia e liberou linhas de crédito para alguns setores.

Este modelo econômico Frankenstein, mistura de neoliberalismo com progressismo, aliado com políticas públicas de distribuição de renda e para o crescimento da economia, produziram um aumento constante e significativo no endividamento do estado.

O neoliberalismo-progressista, de fato alavancou a economia nacional. Em contra partida, criou um monstro que dificilmente será combatido. Sem uma legislação que o regulasse, criou os monopólios. Empresas e empresários muito bem relacionados nos círculos do poder, ganharam uma certa “facilidade” na obtenção de linhas de crédito. Com dinheiro de sobra, compravam as empresas concorrentes e dominaram os mercados, praticando os preços que bem entenderem, obtendo os lucros que quiserem sem se preocupar com absolutamente nada. Como exemplos: A Ambev, que comprou cervejarias no Brasil e no mundo; A JBS, da Friboi, dos irmãos ‘wesley’, que adquiriram quase todos os matadouros do Brasil e vários matadouros pelo Mundo; As Empreiteiras que se tornaram verdadeiramente competitivas mundo afora, a Kroton que monopoliza a educação superior privada no Brasil e tem ramificações pelo mundo inteiro, mais algumas outras que não vêm ao caso citar. Isso é um problema grave e real, mas que só será sentido de fato num futuro próximo.

O endividamento galopante do estado não ficou em evidência devido ao excelente desempenho da balança comercial. As receitas do estado, cobriam o endividamento da mesma, graças ao saldo sempre bastante positovo.

Daí, veio a crise econômica de 2008, uma crise não da economia clássica, produtiva, uma crise da economia financista de papeis das negociações de divididas que se tornaram insustentáveis, graças a ganância de especuladores e operadores do mercado financeiro que têm como único objetivo lucros astronômicos no menor espaço de tempo possível.
Em situação normal, fosse qualquer outro na presidência, o Brasil estaria extremamente vulnerável à crise de 2008. Já naquele ano, quase metade do orçamento da união era destinado ao pagamento de juros da dívida (ainda é). Pagamento de juros da dívida, grosso modo, é transferência de capital em forma de juros para os acionistas donos do papéis, das dívidas do país. (um assunto muito mais complexo que merece um texto específico).

Lula, numa jogada de mestre, coloca o povão para bancar o rombo da crise financeira (financista) global. Cria mecanismos que incentivam o consumo interno e, este incremento na produção e no consumo interno, garantem um superávit primário que transforma a crise global numa marolinha no Brasil e segura os efeitos desta crise até meados de 2014.   

Dilma, em seu primeiro mandato 2011-2014, segue o mesmo modelo econômico neoliberal-progressista de seu antecessor, modelo que em 2014 apensar do elevado endividamento do estado, atinge seu ápice com uma economia forte e produtiva, taxa de desemprego baixíssima (menor que 5%), saldo da balança comercial bastante positivo e acúmulos de reservas nunca antes vistos na história do país.

Mas daí vieram as eleições, Dilma não conseguiu formar uma base no congresso forte o suficiente para manter a governabilidade, o modelo econômico Frankestein neoliberal-progressista, mesmo com pontencial, já dava sinais de esgotamento e as elites econômicas, financeiras e a mídia não aceitaram os resultados das urnas, queriam a retomada do modelo neoliberal. Deu no que deu.

O segundo mandato de Dilma durou menos de um ano e meio, O executivo ficou engessado,  impedido de tomar qualquer iniciativa. Com o impeachment e o comando do executivo nas mãos de Temer, o neoliberalismo voltou com mais força que nunca antes.

Congelamento de investimentos do governo por vinte anos, reforma ‘trabalhosta’, reforma da previdência em pauta, projetos radicais de terceirização dos serviços públicos, projetos de privatizações de tudo que puder ser privatizado. Enfim, estado mínimo de fato, o sonho de consumo dos economistas liberais e neoliberais colocado em prática.

Se os modelos econômicos liberal e neoliberal, apesar dos números bonitinhos, na prática produzem proliferação da pobreza, da miséria, do desemprego, do subemprego; criam um processo de acumulação absurda de riqueza para um número cada vez mais reduzido de pessoas; promovem a desigualdade social e de renda cada vez mais aguda, reduzem a produção e os salários. Quem ganha com estes modelos econômicos para que tanta gente, mesmo sem se dar conta disso, defenda com unhas e dentes este modelo fadado ao insucesso?

Quem ganha com isso e o que ganham com isso?

Os Neo-monopolistas
Os neo-monopolistas, crias diretas do neo-liberalismo-progresista dos governos petistas, sequer cogitam ter seus impérios econômicos ameaçados por um diferente modelo econômico. Também, não têm nenhum interesse de que algum governo crie regras que possam ameaçar seu monopólios. Para eles, o mundo ideal é um mundo onde o governo interfira o mínimo na economia. De preferência, que o governo não interfira nada.

Só assim terão as condições ideias para adquirir, absorver todas as empresas concorrentes. Assim, com o monopólio total, poderão vender seus produtos pelos preços que quiserem. Com o governo intervindo o mínimo, sem legislações trabalhistas que garantam qualquer direito aos trabalhadores, poderão reduzir seus custos de produção reduzindo salários e aumentando carga horaria. Assim, elevam seus lucros até a estratosfera e, com estes lucros, adquirem e/ou absorvem ainda mais empresas concorrentes aumentando ainda mais seus império. A galáxia é o limite.

Os operadores do mercado financeiro e os especuladores deste mercado
Com um estado mínimo e governo mínimo, as regras são mínimas. Os objetivos deste grupo são conseguir os maiores lucros possíveis dentro do menor tempo possível. Sem regras podem, por exemplo, adquirir ações de um empresa de distribuição de energia e impor que os lucros aos acionistas deverão se de, suponhamos, 300% do custo de produção. Assim, se o valor da tarifa é de R$ 100,00 o valor passa para R$ 300,00 da noite para o dia. Se o usuário não tem condições de pagar este valor, tudo bem. Interrompe-se o fornecimento para este usuário, com isto diminui-se os custos de produção e os lucros sobre os investimentos permanecem inalterados. A Terra arrasada é o limite.     

A mídia corporativa
A mídia corporativa no Brasil já detém o monopólio concentrado em apenas seis famílias e exercem  suas atividades sem qualquer tipo de regulação do estado, fora um ou outro limitador para publicidade que não vem de qualquer órgão governamental, vem de agentes de regulação interna.

A renda destas empresas de comunicação vem basicamente da publicidade então, quanto maiores os lucros e rendimentos das empresas neo-monopolistas do primeiro grupo, maior será o investimento destas em publicidade para conquistar e fidelizar cada vez mais consumidores. Sem regras, diminuirão custos para produção de conteúdo e aumentarão seus ganhos com publicidade. O céu é o limite.

As oligarquias políticas
A oligarquias políticas se perpetuam conquistando e cativando seu eleitorado. Quanto mais fragilizado estiver um potencial eleitor, mais fácil será conquistá-lo com pequenos mimos, pequenas promessas, com soluções paliativas mirabolantes para solucionar os problemas que afligem este eleitor. Com governo mínimo, sem regras partidárias, eleitorais, sem partidos, com candidaturas avulsas liberadas, qualquer método poderá ser utilizado para o convencimento deste eleitor. A monarquia absolutista é o limite


Quais a consequências

Como exposto anteriormente, desde 1945, na maior parte dos governos, o Brasil adotou políticas econômicas liberais e neoliberais. Já sentimos na pele estas consequências: Aumento da inflação; Desemprego; Sub-emprego; Marginalização; Desigualdade Social; Fome; etc.

O Diferencial é que os liberais até os anos 1990, ainda tinham uma certa preocupação nacionalista, ainda se preocupavam com o mercado e a produção internos. Hoje esta preocupação não existe mais, o mercado é global as corporações são globais, qualquer coisa poderá ser entregue ou vendida a quem estiver disposto a pagar o preço.

Mais preocupante ainda. Nem o mais radical dos liberais ou neoliberais do passado, sequer cogitou a possibilidade de se entregar a saúde e a educação publicas aos cuidados da iniciativa privada. Hoje isto é uma pauta, um projeto da economia neoliberal aplicada no país.

Se hoje, com a educação pública já é difícil, quase impossível, que um estudante das classes sociais populares adquira conhecimentos suficientes para competir no mercado de trabalho em igualdade de condições com um estudante de classe média onde a família têm condições de sobra para bancar uma boa educação. Com uma educação pública entregue para a inciativa privada que visará os lucros e terá este aluno como mais um número gerador de lucros, ficará impossível para as próximas gerações se qualifiquem para o mercado. Serão marginalizados.
Mesmo os estudantes com condições de pagar por um ensino de qualidade, terão que se especializar muito mais para conseguir um trabalho bem remunerado. Pois, quanto maior o número de desempregados, menores os salários oferecidos pelas empresas cada vez mais monopolizadas. Sem garantias trabalhistas, sem  previdência, sem saúde publicas, a longo prazo a classe média tende a desaparecer. Restarão apenas uma pequena minoria de super ricos, os pobres e os miseráveis.

Outro fato inédito é a radicalização que veio a reboque do processo de impeachment de Dilma. Esta divisão de brasileiros entre petralhas, coxinhas e isentões (isentões uma pinóia, têm lado, mas escondem), não é uma divisão natural, orgânica. É fruto de um projeto que, vamos chamar aqui de Olavismo Cultural e que tem como protagonistas o próprio Olavo de Carvalho, movimentos como MBL, Vem Pra Rua, Alexandre Frota e outros. Surgiu na internet sem nenhum aporte da mídia corporativa e ganhou uma projeção e alcances absurdos a partir de das jornadas de junho de 2013. Até então eram desconhecidos.

Para ter uma vaga ideia, conheci o ‘trabalho’ de Olavo de Carvalho mais ou menos em 2007, ele tinha um programa “True Outspeak” e aquilo era uma piada para qualquer ser vivente com pelo menos meia dúzia de neurônios funcionais. Tinha não mais que mil seguidores em  seu canal do Youtube.
Como é que, de um dia para outro, em 2013, um palhaço como Olavo de Carvalho ganha dimensão de celebridade da internet, o status de guru e arregimenta um exército de milhões de seguidores e, junto com ele, seus discípulos do MBL e Vem Pra Rua adquirem um sucesso igualmente estrondoso?

Pois bem, mais recentemente, descobrimos que Olavo de Carvalho é financiado pelo Partido Republicano estadunidense, de tendencias neoliberais. MBL é um braço informal da fundação Students for Liberty, também estadunidense, mantido pelos bilionários irmãos Koch, igualmente defensores ferrenhos do neoliberalismo. Não é preciso muito mais do que a capacidade de juntar “lê” com “crê” para suspeitar que o crescimento exponencial e repentino do alcance das publicações destes atores em sites como facebook e youtube tenham sido produzidos de maneira artificial, justamente em meados de 2013 quando, em junho, se originaram a manifestações os processos que resultaram no impeachment de Dilma e na subsequente retomada do neoliberalismo de maneira radicalizada pelo governo de Temer.

Sim, este radicalismo entre petralhas, coxinhas e isentões foi produzido artificialmente, mas esta radicalização ainda não chegou a seu ápice. Os conflitos ainda se tornarão muito mais violentos. O objetivo é claro, dividir para conquistar e vão nos dividir até atingirem o objetivo de implantar o neoliberalismo radical no Brasil.         

Se o PT e Lula não agiram contra o neoliberalismo enquanto estavam no governo, por que são tão odiados pelos neoliberais?

Sim, nem Dilma e nem Lula enfrentaram ou ameaçaram o neoliberalismo, nem tentaram implementar uma política econômica diferente do neoliberalismo. O problema dos neoliberais com Lula e o PT não é com o que Lula e o PT fizeram enquanto governo, é com o que Lula e o PT representam enquanto atores políticos.  

A base de sustentação de Lula e do PT é sua militância e esta militância, majoritariamente com tendências de esquerda, não vê como positivos, nem mesmo palatáveis, as propostas da economia neoliberal. Além disso, a militância petista tem forte poder de influência nos meios acadêmicos, nos formadores de opinião fora do “mainstream” e tem argumentos para sustentar sua ojeriza aos ideais e métodos do modelo econômico neoliberal.

Além disso as origens do PT e de Lula nas organizações sindicais, seus relacionamentos fraternos com movimentos sociais como o MST, transformam Lula, o PT e as esquerdas que os apoiam no inimigo perfeito.

A velha tática para convencimento das massas. Cria-se um inimigo, pinta-se este inimigo como a personificação e origem de todo mal, de todos os problemas e se apresenta como o único ser capaz de enfrentar, vencer e exterminar este inimigo. Foi assim com as religiões contra o diabo, os nazistas contra os judeus e comunistas e agora, os Neoliberais conta Lula e o PT.

Há alguma saída, existem alternativas?

Em curto prazo, não.
As próximas eleições de outubro já são e continuarão sendo usadas como estratégia de distração. Manterão a militância focada num evento que não oferece nenhum perigo aos interesses dos neoliberais e ainda serão utilizadas para acirrar ainda mais os ânimos entre petralhas e coxinhas para que, quando os ânimos estiverem suficientemente exaltados, se inicie a caça e o extermínio das ameaças ao sistema.

Mesmo que Lula, ou qualquer pupilo escolhido por ele, vença a disputa pela presidência não acredito que haverá mobilização e grana suficiente para se eleger um congresso menos reacionário e golpista que o atual. Vai ser muito difícil montar uma base de apoio no congresso e, sem uma base de apoio, o presidente ficará engessado e seguramente não vai completar mais que dois anos de mandato.

Se, por um milagre, algum candidato progressista conquistar a presidência e junto dele vier uma bancada progressista robusta no congresso, o judiciário já entregue, vai dar um jeito de impedi-los.

Em médio prazo, talvez
Se os progressista conseguirem inverter a narrativa atualmente hegemônica, auxiliados pelo caos social que virá depois das reformas neoliberais radicais já implantadas por Temer e das que virão por seu sucessor, pode ser que a política econômica predatória dos neoliberais seja revertida na urnas, democraticamente em 2022, mas se estes progressistas não fizerem as reformas necessárias e urgentes, será uma vitória temporária e o ciclo progressistas – neoliberais se reiniciará.

Em longo prazo, com certeza
Mas para isso vai ser preciso se juntar, conversar e bolar estratégias de longo prazo. Sentadinho,  com a boca escancarada e cheia de dentes, esperando a morte chegar, é que não vai acontecer nada mesmo.




HC negado a Lula e as reações do populacho midiotizado

5 de Abril de 2018, 0:00, por luiz skora

Hc lula Créditos: veja.com.br

É  bem provável que o amiguinho não entenda porque dos alienados verde-amarelos de plantão se referirem ao condenado Lula como, Luladrão e o porque deles comemorarem a condenação do ex-presidente, sem que Lula possua qualquer indício de enriquecimento de, pelo menos, alguma fração do enriquecimento dos ex-presidentes que o antecederam.

Titio Polaco Doido, sem precisar de nenhum embasamento acadêmico, explica, tomando por base apenas os ex-presidentes da redemocratização:

- Sarney e Collor, são políticos de pedigree, herdeiros de famílias com gerações de políticos a serviço dos interesses das oligarquias. Ainda mais, são prorpietários ou controladores de redes regionais de comunicação. Ou seja, são vassalos das seis famílias que controlam o maior poder do país, as corporações de mídia.

- FHC, originário da classe média paulista abastada, é intelectual de profissão e ganhou a simpatia das elites econômicas com sua principal obra,  "Dependência e Desenvolvimento na América Latina", A Teoria da Dependência.

Lula, por outro lado, tem origem popular, ordinária. É um retirante, operário, sindicalista. Apesar de nunca ter enfrentado ou ameaçado qualquer dos interesses ou privilégios das elites econômicas, sempre foi visto por elas com desdém, antipatia e desconfiança. Graças, única e exclusivamente, a suas origens e por não possuir um currículo acadêmico.

Parece insano, não é?
Na verdade não, as elites econômicas além de deter os meios de produção, controlam também os meios de comunicação de massa e, com isso, moldam a opinião publica como melhor lhes convém.
Simples assim!

Ah! Mas daí, pode aparecer alguém por aqui, lendo este artigo e questionando-se:
- Ora, se Lula não fosse um ladrão, não fosse culpado, não teria sido condenado em primeira e segunda instância e nem teria negado seu pedido de Habeas Corpus pelo STF.
Os outros ex-presidendes, se roubaram ou enriqueceram no exercício do cargo, foram mais inteligentes e fizeram isso sem dar qualquer brecha para investigações ou futuras condenações.

De novo, Titio Polaco Doido explica, sem precisar de nenhum embasamento acadêmico:  

No século XIX, na França, revolucionários que derrubaram o Imperio de terror de Luís Bonaparte e estabeleceram ali algo que ouso chamar de uma "Democracia Popular", inspiravam-se num poema, escrito em 1871 por Eugene Pottier. Mais tarde, em 1888, este poema foi musicado e virou um hino que é bem provável, o leitor já tenha ouvido *.

Deste hino, traduzido para a língua portuguesa em 1909, pelo anarquista português, Neno Vasco, então radicado em São Paulo, destaco os versos: *

"No crime do rico a lei o cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido"

 

Versos de há quase um século e meio que explicam a condenação de um ex-presidente e a tranquilidade de todos os outros.

As comemorações do populacho midiotizado, são apenas consequência da falta de identificação deste populacho com a realidade na qual estão inseridos. Eles, na pirâmide social, acreditam estar muito mais próximos do topo, quando, na verdade, são mais uma parcela da base desta pirâmide. A mesma base que se sente politicamente representada por Lula e que por isso, alimenta tanta aversão da eleite economica por Lula e por tudo que ele simboliza e representa.

Titio Polaco Doido

 * Colaborou na revisão, dados históricos e datas, O Carcamano Bolchevique



Memórias de lições da vida

21 de Março de 2018, 21:15, por luiz skora - 66 comentários

Caloteiro

 

A morte de Luciano Pizzato me trouxe lembranças.

 

Não, não guardo mágoas do recém falecido, mas calotes são tipo uma rasteira que a vida nos dá e, de um ponto de vista positivo, servem como aprendizado.

 

Me deu vontade de compartilhar os dois maiores calotes que já levei na vida, para quem quiser ler. Então vai.

 

Comecei a trabalhar com desenvolvimento de softwares completamente sem querer. Estudava agronomia na UFPR e gostava dos computadores que se popularizavam nos anos 90.

 

Um amigo muito querido, Marcyus Ney Vicente, que hoje se transformou num tremendo coxinha, passou no vestibular de informática da Tuiuti (se não me engano), desistiu do curso ainda no primeiro semestre e me presenteou com dois livros de C++ e um compilador C/C++ ainda em disquetes.

 

Seis disquetes que mudaram o rumo da minha vida.

 

No sétimo período do curso de Agronomia, eu já não tinha mais tempo para me dedicar aos estudos tamanho o volume de encomendas de programas que pagavam muito bem para um universitário normalmente sem grana nem para o rango no RU.

 

Uma professora de cálculo da UFPR descobriu meu talento para a programação e sempre fazia o meio de campo no contato com clientes, normalmente políticos ligados a oligarquia política do estado. Eu fazia o trampo e ela ficava com uma porcentagem pelos contatos.

 

Até que, em 2002 ela me convenceu a escrever um programa para a campanha do Pizzato ao senado e Richa ao governo do estado. Era uma boberinha, um sistema de cadastro de lideranças, articuladores, mala direta e envio de emails (span).

 

Eu era assumidamente Lula e Requião, mas serviço e grana não é coisa que se negue então, aceitei o trampo.

 

Escrevi os códigos em tempo recorde, instalei e configurei o programa em máquinas novinhas, todas com Windows original, monitores enormes. Dei treinamento para todas as meninas que iriam usar o programa e fiquei de plantão na central da campanha por vários dias, a postos caso houvesse algum problema.

 

Quando as pesquisas começaram a apontar que nem Pizzato e nem Richa teriam alguma chance naquelas eleições, a animação começou a diminuir, minha cobrança de honorários se transformaram em desculpas e desconversas, até que me toquei que levaria um tremendo calote.

 

Dito e feito!

 

Nunca mais aceitei prestar serviços para campanha de político nenhum.

 

Da outra vez, no lugar mais improvável possível.

 

O Padre da paróquia me chama para uma conversa na casa dele, estranhei, já era ateu assumido na época, mas fui.

 

Chegando lá, ele queria um site para a paróquia, descreveu mais ou menos o que queria e aceitei a empreita.

 

Na época o Datsi (Walfred Klitski) um cara gente boa pacas trabalhava comigo, não manajava muito de programação para internet, mas topou escrever a prova do site para apresentar ao padre e ver se ele aprovava. Se ele aprovasse, eu escreveria os códigos para colocar o site em produção.

 

Fez, ficou muito legal, um tremendo trabalho de pesquisa com textos, fotos a respeito da história da paróquia, mais um monte de textos a respeito da liturgia, dias santos, porquês e como funcionava a a igreja e até, uma fórmula para calcular o dia da páscoa e outros feriados e dias importantes na igreja, baseados no calendário lunar, para qualquer ano. Pra esse eu tirei o chapéu. Empenho louvável do Datsi.

 

Publiquei a prova do site em meu domínio pessoal e fui lá na casa do padre apresentar a prova e o orçamento pelo trampo.

 

Ele olhou, fez cara de quem gostou, não reclamou do preço, só disse que teria de estudar uma forma de fazer o pagamento e então entraria em contato.

 

Beleza, passaram-se umas semanas, e o Datsi sentado na bancada dele, diz pra mim:

 

"- Chefe, digita o domínio da paróquia aí no seu navegador."

 

Digitei e apareceu a prova do site com todos os textos e imagens da pesquisa que o Dasti havia feito dias antes!

 

Fiquei muito puto, fui na casa do padre pedir explicações e ele, assustado respondeu com cara de imagem de santo.

 

"- Apresentei teu orçamento pro rapaz que dá aula de informática aqui na escola e ele disse que era fácil e me fez quase de graça."

 

"- Como assim, quase de graça? Eu vou ter que pagar pelo trabalho de pequisa, formatação, digitação do Datsi! de Graça pra quem Cara Pálida?!

 

"- Ahh! o Rapaz só copiou aquilo que você me apesentou e colou no site da paróquia. Tá pronto!"

 

(Realmente, o "Professor" de informática só copiou os códigos html da prova e colou no site em produção)"

 

"- Como assim, CARALHO! O conteúdo do site é propriedade intelectual e não pode ser utilizado sem autorização, Porra!"

 

"- Ahh! Então eu mando o professor de informática remover todo conteúdo que for de sua propriedade intelectual."

 

Pra evitar de dar um murro nas fuças do padre, evitei de olhar para sua cara de imagem de santa e fui embora batendo as portas atrás de mim.

 

Chegando de volta, tremendo de tão puto, ainda levei uma comida de rabo da mãe, do pai, da tia e da avó, porque o padre ligou pra eles reclamando que eu fui brigar e xingar ele dentro da casa paroquial.

 

Até a última vez que olhei, anos atrás, os textos e as imagens do Datsi ainda estavam no site da paróquia.

 

Esta, sem dúvida, foi a maior rasteira profissional que levei na carreia. Quem esperaria ser passado para trás pelo líder espiritual da vila?

 

Nunca mais confiei em líder religioso nenhum!

 

Duas lições que a vida ensinou.

 

Skora



Afinal, a superfície da Terra é plana?

3 de Janeiro de 2018, 9:04, por luiz skora - 0sem comentários ainda

Terra amizade

 

Desde bem pequeno fui doutrinado na escola a acreditar que a Terra é um planeta redondo que gira em torno do Sol completando uma volta a cada ano. Também sempre gostei muito do assunto astronomia, nunca estudei mais aprofundadamente sobre o tema, apenas acompanho com entusiasmo os documentários de astronomia e astrofísica da TV, desde o começo dos anos 80, quando nos domingos pela manhã, a TV Globo exibiu a Série Cosmos do Carl Sagan. Aventuras mesmo, no mundo da astronomia, só uma vez, quando era garoto e num almanaque encontrei uma fórmula para descobrir a fase da Lua em qualquer dia do ano, me debrucei naquilo, calculei as fases da Lua para diversas datas no passado e no futuro, mas nunca fui além disso.

 

De uns tempos pra cá, tenho visto uma avalanche de textos e vídeos onde seus autores tentam provar que a superfície da Terra é plana, que tudo que me ensinaram na escola não passa de uma mega conspiração de governos mundiais e institutos de pesquisa, com a finalidade de manter toda a população na ignorância a respeito do verdadeiro formato da Terra. Alguns destes textos e vídeos são verdadeiramente ridículos, com seus protagonistas tentando desconstruir a teoria de que a Terra é um globo, munidos apenas de uma réguinha escolar de plástico, alinhada com o horizonte ou então, jogando água sobre uma esfera qualquer para tentar provar que se a Terra não fosse plana todo líquido do planeta escorreria e não teríamos oceanos. Outros, são um pouco mais elaborados, utilizam-se de passagens bíblicas, cartas de navegação e mapas antigos, afirmando que no passado a humanidade sabia que a superfície da Terra é plana e que esta ideia de Terra redonda é uma invenção recente da humanidade envolta numa gigantesca teoria de conspiração.

 

Quando começaram a pipocar estes vídeos e artigos afirmando que a Terra é de fato plana, em princípio achei que era uma brincadeira de muito mau gosto de algum desocupado na internet ou então, maluquice de fundamentalistas religiosos que interpretam a Bíblia ao pé da letra e aceitam como verdade absoluta os textos do antigo testamento, principalmente o que está escrito no Livro do Gênesis.

 

Algumas semanas atrás, quando fiquei sabendo que existem até encontros mundiais de pessoas que acreditam e discutem seriamente sobre a Terra ser plana e que um maluco fabricou no fundo do quintal um foguete para se lançar na estratosfera e ver com os próprios olhos que, mesmo olhando de uma altitude considerável o horizonte permanecerá reto, a situação ficou insuportável. Estes malucos estão tão convictos de que a Terra é plana que merecem pelo menos, um pouco de atenção a respeito do assunto. E como eles sempre dizem em seus textos e vídeos “Sempre questione aquilo que tem como verdade imutável”, resolvi questionar mesmo, para mim e para quem mais quiser ler isso aqui. Então, vamos questionar:

 

A superfície da Terra é Plana ou é Curva?

 

Alerta de spoiler: é curva.

 

Temos duas hipóteses conflitantes:

 

#1 – Afirma que a superfície da Terra é plana e que o Sol é muito menor e está muito mais próximo da superfície terrestre do que tentam nos fazer acreditar.

 

#2 – Afirma que a superfície da Terra é curva e que o Sol é imenso e está a uma distância enorme da Terra.

 

Em comum, as duas hipóteses têm como elementos o Sol e a Terra. Nós estamos na Terra, então, vamos observar o Sol para descobrir se com isso chegamos a alguma conclusão definitiva.

 

Todos nós, que temos a capacidade de ler este texto, fomos alfabetizados, conhecemos pelo menos um mínimo de matemática básica, podemos usar o telefone e/ou a internet para nos comunicar e temos amigos ou o potencial de fazer amigos em qualquer lugar do Brasil. Acredito que não precisamos de nada mais que isso para descobrirmos por nós mesmos uma resposta sobre o assunto.

 

 

Proponho o seguinte experimento:

 

Dois ou mais amigos, sediados em duas cidades diferentes, o mais distante possível uma da outra e que estejam o mais próximo possível do mesmo fuso horário.

 

Batendo o olho num mapa do Brasil, as duas cidades que melhor se encaixam no experimento proposto são, Altamira no Pará e Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Ambas estão mais ou menos no mesmo fuso horário, ambas estão bem distantes uma da outra e ambas têm pessoas que podem se animar e nos ajudar a obter uma resposta.

 

 

 

Primeiro passo: A Coleta de Dados

 

Nossos amigos devem se comprometer durante um ano inteiro na coleta destes dados, não podem haver falhas nem buracos na planilha.

 

Os investigadores devem procurar um lugar elevado, de onde consigam enxergar o horizonte mais limpo e plano num ângulo mais aproximado possível de 360º.

 

No local da coleta de dados, deve ser instalada uma haste, vara ou antena, exatamente perpendicular ao solo com, no mínimo 2 metros de altura, em local plano com raio maior a duas vezes comprimento da haste.

 

Devem registrar religiosamente, todos os dias:

(desconsidere o horário de verão, sempre!)

 

  • A data;
  • A hora e minutos do nascer do Sol no horizonte;
  • A hora e minutos em que o Sol atingir seu ponto mais alto no céu;
  • A altura do Sol em relação ao horizonte na hora exata de seu ponto mais alto, medida em graus, com precisão de duas casas decimais;
  • O comprimento da sombra da haste instalada no observatório, no momento em que o Sol atingir seu ponto mais alto, medida em metros, com precisão de 4 casas decimais (décimo de milimetro);
  • A hora e minutos do pôr do Sol no horizonte;
  • A duração do dia – obtido pela hora do pôr do Sol - (menos) a hora do nascer do Sol.

Feito isso, depois de um ano de observação teremos duas planilhas muito parecidas com estas aqui:

Plans

 

Os dados do exemplo foram estimados com base em cálculos e observações anteriores. Observações reais em campo, deverão conter sensíveis variações dependendo da longitude e altitude do local onde se realizarem estas observações. As planilhas em formato csv podem ser baixadas aqui: Altamira.csv Porto_Alegre.csv

 

Segundo passo: Analisando os dados obtidos

 

Temos um monte de números e ângulos nessas duas tabelas, o que será que há de interessante neles?

 

- Médias:

  • A duração média do dia (período solar) nas duas cidades é de exatamente 12 horas;
  • A média da altura máxima do Sol ao longo do ano é diferente nas duas cidades. 74,93º ~ 75º em Altamira e 59,97º ~ 60º, aproximadamente 15º de diferença;
  • A altura máxima do Sol se dá sempre na mesma hora do dia, não importa a época do ano, com uma diferença de 4 minutos entre as duas cidades (12h28 em Altamira, 12h24 em Porto Alegre).

 

- Variações:

  • A variação na duração do dia (período solar) ao longo do ano. Em Porto Alegre é de 03h52. Em Altamira é de apenas 0h22. Uma diferença de 03h30, três horas e meia!
  • A variação da altura máxima do Sol durante o ano. Em Porto Alegre é de 46,9º. Em Altamira é de 26,3º. Uma diferença de 20,6º.

 

- Extremos:

  • O dia (período solar) mais longo do ano. Em Porto Alegre, 21/12/18 com 13h56 de duração. Em Altamira, também em 21/12/18 com 12h11 de duração;
  • O dia (período solar) mais curto do ano. Em porto Alegre, 21/06/18 com 10h03 de duração. Em Altamira, também em 21/06/18 com 11h48 de duração.

 

- Equivalências:

  • O dia (período solar) igual a noite (período noturno). Em Porto Alegre. 22/03/18 e 21/09/18. Em Altamira, também 22/03/18 e 21/09/18

 

Conclusão prévia:

O Sol se move em trajetórias diferentes no céu, quando observado das cidades de Altamira no Pará e Porto Alegre no Rio Grande do Sul.

 

O que isso nos responde a respeito do formato da superfície da terra?

Por enquanto nada.

 

 

Terceiro passo: Testando as hipóteses #1

 

Hipótese #1 – Afirma que a superfície da Terra é plana e que o Sol é muito menor e está muito mais próximo da superfície terrestre do que tentam nos fazer acreditar.

 

Se o Sol está bastante próximo da Terra, podemos admitir que os raios de luz solar que emanam do Sol e atingem as cidades de Altamira e Porto Alegre não são paralelos entre si e que, se a Terra é realmente plana as duas hastes, instaladas em Altamira e em Porto Alegre, estão perpendiculares ao solo e são paralelas entre si.

 

Se nos atermos apenas aos dados das planilhas correspondentes ao meio dia solar ou o ponto mais alto que o Sol atinge durante o dia, teremos todo dia, ao longo do ano:

  • Três pontos (Sol, Altamira e Porto Alegre) formando um imenso triângulo imaginário no céu;
  • Quatro linhas, as duas hastes e suas respectivas sombras projetadas, formando dois tiângulos menores

 

 

TRIÂNGULOS!

 

Nós aprendemos nas aulinhas de geometria do ensino fundamental que: A área de um triângulo qualquer é igual a sua base (b), multiplicada pela altura (h) dividido este resultado por dois.

Areastriangulos

Imagem-1

 

Assim, todos o triângulos da imagem-1 acima possuem a mesma área

Do mesmo modo, como a distância do Sol até a superfície da Terra permanece constante ou aproximadamente constante, a área do triângulo imaginário com vértices no Sol, Altamira e Porto Alegre deverá ser sempre a mesma ou aproximadamente a mesma ao longo do ano.

 

Nós não sabemos a distância entre Altamira e Porto Alegre (Base - b) e nem sabemos a distância do Sol até a superfície da Terra (Altura - h), mas nós aprendemos muito sobre os triângulos nas aulinhas de matemática do ensino fundamental.

 

Nas aulinhas de matemática, aprendemos que dois triângulos são semelhantes ente si quando os ângulos internos deste triângulos são iguais. Assim, existe uma razão entre as áreas destes triângulos semelhantes.

 

Sol0602

Imagem-2

 

O triângulo de vértices, Altamira, Sol e o ponto localizado entre a distância de Porto Alegre e Altamira exatamente perpendicular ao Sol, é semelhante ao triângulo formado pela reta haste instalada em Altamira e a reta da sombra projetada por esta haste.

e

O triangulo de vértices, Porto Alegre, Sol e o ponto localizado entre a distância de Porto Alegre e Altamira exatamente perpendicular ao Sol é semelhante ao triângulo formado pela reta haste instalada em Porto Alegre e a reta da sombra projetada por esta haste.

 

Então, a soma das áreas dos triângulos menores possui uma razão equivalente a àrea do triâmgulo imaginário maior com vértice no Sol.

 

Nós já registramos o comprimento da sombra projetada então nem precisaremos usar os ângulos para calcular estas áreas ( ainda bem, esse negócio de seno, cosseno e tangente é muito chato). Basta multiplicar a altura da haste pela soma das sombras projetadas em Porto Alegre e Altamira e dividir o resultado por dois.

 

Assim, para o dia 26/02/2018:

 

Altura da haste: 2m

Sombra projetada em Altamira: 0,4584m

Sombra projetada em Porto Alegre: 0,4956m

 

[2 x (0,4584 + 0,4956 )] / 2 =

[2 x 0,954] / 2 =

0,954m2

 

Para confirmar a hipótese da Terra Plana, basta calcular as áreas nos outros dias do ano. Se o valor obtido for igual ou bem próximo de 0,954m2, a Terra é sim, Plana e fim de papo.

Tabela1

Os resultados obtidos são muito diferentes do esperado para a hipótese da superfície da Terra ser Plana.

 

Análise dos resultados obtidos:

Hipótese 1: Houve erros na coleta de dados em campo e portanto, os resultados obtidos não correspondem ao esperado.

Hipótese 2: A altura (h) do Sol varia consideravelmente ao longo do ano e portanto, o método escolhido para testar a hipótese da Terra Plana é inválido.

Hipótese 3: A distância entre as cidades de Porto Alegre-RS e Altamira-PA, varia consideravelmente ao longo do ano e portanto, o método escolhido para testar a hipótese da Terra Plana é inválido.

Hipótese 4: Tanto a altura (h) do Sol quanto a distância entre as cidades de Porto Alegre-RS e Altamira-PA variam consideravelmente durante o ano. A gente só não morre cozido, congelado ou em virtude dos terremotos porque alguma entidade divina ou sobrenatural nos protege e portanto, o método escolhido para testar a hipótese da Terra Plana é inválido.

Hipótese 5: A matemática, a geometria e a trigonometria são falhas, os resultados obtidos através destas ciências não correspondem à realidade, a matemática é uma invenção de Deus para testar a fé dos homens e os homens de pouca fé não terão o direito de desfrutar do paraíso eterno ao lado de Deus e portanto, a Terra é Plana e não há nenhuma necessidade de testar esta hipótese, basta ter fé para saber a verdade.

Hipótese 6: A superfície da Terra não é plana.

 

Poderíamos testar estas novas hipóteses e com isso encontrar outras novas hipóteses em um círculo vicioso interminável, mas acredito que com o que temos até aqui já é suficiente. Podemos passar para a hipótese 2.

 

 

 

Terceiro passo: Testando as hipóteses #2

 

Hipótese #2 – Afirma que a superfície da Terra é curva e que o Sol é imenso e está a uma distância enorme da Terra.

 

Se o Sol está muito distante da Terra e os raios de luz solar que atingem a superfície são praticamente paralelos ente si, as hastes instaladas em Altamira e em Porto Alegre são perpendiculares em relação à superfície da Terra, mas não são paralelas entre si, o ângulo de curvatura da superfície terrestre entre as duas cidades é igual a soma dos ângulos complementares relativos a altura máxima observada do Sol e esse ângulo é constante para qualquer dia do ano.

 

Ângulos complementares a gente também aprendeu nas aulinhas de matemática básica do ensino fundamental. São os ângulos que somados resultam em 90º.


Curvaturaa

Imagem-3

 

Então, para o dia 06/02/2018:

 

Inclinação máxima do Sol em Altamira: 77,09º

Inclinação máxima do Sol em Porto Alegre: 76,08º

Ângulo complementar de 77,09: 90º - 77,09º = 12,91º

Ângulo complementar de 76,08: 90º - 76,08º = 13,91º

Curvatura da superfície entre as cidades: 12,91º + 13,92º = 26,83º

 

Para confirmar a hipótese da Terra Curva, basta calcular a curvatura da Terra nos outros dias do ano. Se o valor obtido for igual ou bem próximo de 26,83º, a superfície da Terra é sim, Curva.

 

Tabela2

Os resultados obtidos são diferentes do esperado para a hipótese da superfície da Terra ser Curva.

A Terra parece ter superfície curva apenas nos meses de Janeiro, Fevereiro, Março, Outubro, Novembro e Dezembro.

 

Análise dos resultados obtidos:

Hipótese 1: Entre os meses de Outubro a meados de Março a superfície da Terra é Curva. Entre meados do Mês de Março até o final do mês de Setembro a superfície da Terra não é nem Curva e nem Plana.

Hipótese 2: Houve algum erro na metodologia ou na coleta de dados.

 

 

Revendo e analisando a metodologia:

 

Entre os meses de Outubro até meados do mês Março, a sombra projetada pelas hastes instaladas nas cidades de Altamira e Porto Alegre se encontram em direções opostas (Imagem-3).

A partir do dia 14/03/18, quando a inclinação do Sol atinge seu ponto mais alto em Altamira, até o dia 28/09/18, quando a inclinação do sol atinge novamente seu ponto mais alto, a sombra projetada pela haste em Altamira inverte de direção e aponta para o mesmo lado da sombra projetada pela haste em Porto Alegre (Imagem-4), nestes casos, o valor do ângulo complementar em Altamira deve ser negativo.

Curvatura b


Imagem-4

 

 

 

Corrigindo a planilha adicionando o sinal:

 

Para o dia 21/06/2018:

 

Inclinação máxima do Sol em Altamira: 63,35º

Inclinação máxima do Sol em Porto Alegre: 36,52º

Ângulo complementar de 63,35: 90º - 63,35º = 26,65º

Ângulo complementar de 36,52: 90º - 36,52º = 53,48º

Direção da Sombra em Altamira: -1

Curvatura da superfície entre as cidades: (26,65º x -1) + 53,48º = 26,83º

 

Para confirmar a hipótese da Terra Curva, basta calcular a curvatura nos outros dias do ano. Se o valor obtido for igual ou bem próximo de 26,83º, a superfície da Terra é sim, Curva.

 

Tabela3

Os resultados obtidos são iguais e comprovam a hipótese de que, pelo menos entre Altamira no Pará e Porto Alegre no Rio Grande do Sul, a SUPERFÍCIE DA TERRA É CURVA com uma angulação de 26,83º entre as duas cidades

 

Conclusão:

 

Fato 1: Com base na observação do Sol e na aplicação de conhecimentos adquiridos no ensino fundamental durante as aulinhas de matemática básica, a superfície da Terra é Curva.

Fato 2: Conhecendo-se a distância entre as cidades de Altamira e Porto Alegre é possível, utilizando-se os mesmos elementos do Fato 1, calcular o raio da Terra, o comprimento da circunferência terrestre, bem como, a altitude que o maluco que construiu um foguete no fundo do quintal precisa atingir para conseguir observar a curvatura da terra com seus próprios olhos.

Hipótese 1: A matemática, a geometria e a trigonometria são falhas, os resultados obtidos através destas ciências não correspondem à realidade, a matemática é uma invenção de Deus para testar a fé dos homens e os homens de pouca fé não terão o direito de desfrutar do paraíso eterno ao lado de Deus e portanto, a Terra é Plana e não há nenhuma necessidade de testar esta hipótese, basta ter fé para saber a verdade.

 

Conclusão Final

 

Existe muita informação disponível na internet e há informação para todos os gostos e crenças. Sem muito esforço, é possível encontrar informações que confirmem nossas crenças e reforcem cada vez mais aquilo em que acreditamos, independente de “o que acreditamos” ser uma verdade, uma mentira ou uma brincadeira de algum desocupado.

 

Pelo menos num ponto, o adeptos da hipótese da Terra Plana têm razão. É preciso questionar sempre, até mesmo as mais absolutas certezas que temos e assim, questionando sempre, podemos chegar a conclusões que, não importa se corretas, ou não, estão embasadas em exercícios de raciocínio e este exercício do pensar é tão ou até mais importante que a conclusão em que chegamos.

 

No mais, pelo observado até aqui, de forma, imagino, bastante simples e intuitiva, a superfície da Terra é Curva e se existe alguma teoria de conspiração sobre isso, ela não se origina em algum governo mundial ou em institutos de pesquisa e sim, dos próprios adeptos da hipótese da Terra Plana que, me parecem, muito mais preocupados em provar para si mesmos suas próprias crenças do que, admitir que podem estar errados, impedem-se a si mesmos de questionarem-se a respeito de suas crenças.

 

Se algum leitor mais atento encontrar algum erro nos cálculos aqui apresentados ou na metodologia utilizada para se chegar a conclusão exposta, utilize a caixa de comentários para questionar-me ou até mesmo questionar-se

 

Obrigado por ler esta postagem

 

Skora

Terra amizade

 



O fim de mais um ciclo histórico no Brasil

12 de Julho de 2017, 19:03, por luiz skora - 1919 comentários

Digerindo...

Lula condenado1

Hoje a lava jato cumpriu o objetivo para o qual foi criada, condenar Lula.

Amanhã, moro não aparecerá mais nas manchetes e a força tarefa já foi desmantelada.

É isto o estancar da sangria premeditado por Jucá.

Vida segue em um país destruído por corruptos com a falsa premissa de 'combater a corrupção', mas que, de fato, sempre teve o objetivo de proteger os corruptos de sempre e colocar as coisas em seus devidos lugares. Ou seja: pré 2002 na política e pré 1947 não relações trabalhistas.

De junho de 2013 pra cá, culminando apoteoticamente ontem e hoje, o Brasil retrocedeu 100 anos em 4.

Reverter este caos não é missão para as próximas eleições nem para a próxima década. Não é nosso trabalho, nós, que do alto de nossa arrogância, nos julgamos progressistas, erramos demais, somos os principais responsáveis por nossa derrocada.

Nosso trabalho agora é de reorganização total.

Deixar o pragmatismo para quem é de pragmatismo, deixar a política partidária para quem é de política partidária.

Nós, os arrogantes senhores da verdade progressista, temos que descer do salto, descer do caminhão de som, descer do púlpito, descer da arrogância egocêntrica da contabilização de views e curtidas nas redes digitais e voltar a disputar espaço e voz no chão de fábrica, nas periferias, nas igrejas, nos escritórios, nas escolas e universidades.

Para isso, é preciso primeiro, antes de mais nada, formar lideranças.
Passamos os últimos vinte anos formando militância, uma militância que tem seus méritos, é aguerrida é combativa, mas lutou uma disputa desigual, sem armas nem ferramentas para enfrentar as armas, ferramentas e militância dos artífices do golpe.

É preciso pensar a longo prazo e não apenas focar nas próximas eleições.

Mas quantos entre nós estarão dispostos a dedicar uma parte de suas energias e economias, numa labuta de formação que só terá resultado de fato, daqui vinte ou trinta anos?

é pra pensar, pra mobilizar, recriar núcleos e redesenhar estratégias baseadas nos erros que cometemos e nos objetivos que precisamos reconquistar.