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11 de setembro: os estranhos telefonemas

11 de Setembro de 2012, 21:00 , por Bertoni - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Por Max, do Informação Incorrecta

Originalmente escrito em português de Portugal

Por razões de carácter familiar (meu pai foi ao longo de muitos anos um alto responsável da companhia telefónica italiana; foi um dos primeiros em Italia a ser dotado dum telefone celular, de forma que eu tive a ocasião de seguir os desenvolvimentos tecnológicos neste campo desde o principio) fiquei sempre surpreendido com a "anormalidades" dos telefonemas efectuados a partir dos aviões enquanto estes já se encontravam nas mãos dos terroristas. Telefonemas que, é bom lembrar, foram alegadamente efectuados com telemóveis, segundo a versão oficial do 9/11.

Não é uma questão segundaria: estamos a falar do destino de centenas de pessoas (os passageiros) e da heróica tentativa de resistência deles que até deu origem a algumas películas cinematográficas.

O problema é, que no ano 2001, telefonar desta forma teria sido impossível.

Vamos ver qual a razão.

O problema do BST


O telemóvel é chamado também de "telefone celular" por via do esquema do funcionamento, que é feito por "células". Como não é viável implementar uma única "estação rádio de base" (em inglês Base Transceiver Station, BST) que receba os sinais de todos os telemóveis dum inteiro País, a rede telefónica móvel funciona com um sistema de "células": muitas BST espalhadas no território nacional, cada uma das quais "cobre" uma determinada área geográfica (a "célula"). Cada BST (erroneamente definida como "repetidor": não "repete" mas "gera" o sinal) estará depois ligada à rede telefónica fixa, aquela normalmente utilizada nas casas ou nos escritórios.

Até aqui tudo bem. Mas que acontece quando sairmos da rede BST da nossa operadora de telefonia para entrar na rede duma operadora concorrente? Este é o roaming. , o conjunto de procedimentos, normas e sistemas que permitem de individuar um utente dotado de terminal móvel (o telemóvel) e pôr-lo em comunicação com o terminal de outro utente que utiliza uma rede gerida por outra operadora.

Dito assim pode parecer complicado, mas na verdade é muito simples como sabem todos aqueles que atravessam fronteiras: perdemos o sinal da nossa operadora e, pouco depois, aparece o nominativo duma operadora local que dá o bem-vindo no novo País, juntamente com uma série de informações absolutamente inúteis.

Porque é interessante o roaming no caso do 9/11?

Porque nos Estados Unidos não há uma única operadora de telefonia móvel, mas várias, e as comunicações acontecem desfrutando o sistema do roaming: em vez que espalhar no território milhares de BST, cada operadora desfruta as BST da concorrência, sendo esta "troca" regulamente segundo acordos prévios.

Eis, por exemplo, a cobertura da rede oferecida pela Verizon, uma das maiores companhias telefónicas americanas (dados de 2004):

Em azul as áreas cobertas pelo serviço, em branco as zonas em roaming.

 

Vista assim parece uma boa cobertura, mas vamos ver no detalhe a área evidenciada pelo círculo vermelho.

Podemos observar como à nível estatal a cobertura seja muito menos homogénea: há áreas cobertas (azul), em roaming (cinzento) e até não cobertas por nenhuma operadora, onde o sinal não chega e simplesmente os telemóveis deixam de funcionar (ou deixavam: como afirmado, estes são dados do ano 2004, é lógico que desde então a cobertura foi melhorada).

Esta é uma situação comuns a todas as operadoras norte-americanas. A seguir, as redes das operadoras TMobile e Voicestream:

Pode parecer um sistema complicado, mas na verdade funciona bem enquanto, por exemplo, é efectuado um telefonema a partir dum carro em viajem.

Mas a partir dum avião?

Aqui a coisa é muito mais complicada.

No ano 2001, para poder telefonar com o próprio terminal móvel a partir dum avião, era preciso em primeiro lugar um telemóvel suficientemente potente para captar o sinal da mais próxima estação BST; uma vez captado o sinal, teria sido preciso esperar uns 30 segundos para que o BST identificasse o sinal e este fosse assinado à própria operadora (o roaming), pois o procedimento era o seguinte:

  1. O BST "vê" o dispositivo (telemóvel), percebe-se que não está registado no próprio sistema, e procura identificar a sua operadora.
  2. A nova rede utilizada contacta a operadora original e pede informações de serviço (incluído se o dispositivo é ou não habilitado ao roaming) usando o número IMSI.
  3. Se bem sucedida, a nova rede estabelece um registo temporário do dispositivo enquanto a rede original actualiza as informações para indicar que a unidade móvel se encontra numa rede hospede, de modo que toda a informação enviada para o dispositivo possa ser encaminhada correctamente.

Mas dado que um avião comercial tem uma velocidade de cruzeiro perto de 900 km/h, o avião teria saído da zona abrangida pelo primeiro BST para entrar numa nova, com consequente ré-inicio de todo o procedimento de roaming.

Quantas "células" teria conseguido encontrar um avião que viaja a 900 km/h? Muitas, demais, algumas da própria operadora, outras das concorrentes, até que a operação teria ficado virtualmente impossível.

Ninguém poderia ter ligado em 2001 comum telemóvel a partir dum avião comercial.

Hoje a situação é diferente: desde 2004 as companhias aéreas começaram a experimentar próprios sistemas para permitir telefonemas com aparelhos celulares e desde 2008 existe o roaming aéreo, bastante caro, utilizado por várias companhias aéreas com a tecnologia inflight roaming; que, obviamente, não funciona com as BST terrestres mas com os satélites.

A rede entupida


Além do aspecto puramente técnico (que é fundamental), há também outra razão que teria inviabilizado os telefonemas: estes teriam acontecido entre as 9:20 e as 10:00 de manhã, isso é, enquanto toda a America estava ao telefone na tentativa de encontrar parentes ou amigos.

A congestão da rede telefónica tinha ultrapassado o limite de segurança já às 09:04, pouco depois do impacto com a Torre Sul do World Trade Center. A partir desta altura, as linhas ficaram "entupidas " por boa parte do dia.

Encontrar uma linha livre, às 10 da manhã, 8.000 metros de altitude, 900 km/h de velocidade, com o próprio telemóvel já teria sido empresa heróica.

Mas há um último pormenor que muitas vezes é esquecido e que, pelo contrário, merece ser reportado.

Não foram os passageiros

Contrariamente a quanto acontece nas películas cinematográficas dedicadas ao assunto, segundo a versão oficial nenhum dos passageiros teria directamente falado com os familiares: todos teriam falado com os operadores telefónicos do FBI ou com aqueles do serviço público de emergência (o 911 nos EUA).

Este facto foi confirmado também numa entrevista que Larry King fez à viúva de Todd Beamer: nunca a viúva ouvi dizer ao marido a famosa frase "Let´s roll", a mesma tinha sido referida por uma operadora telefónica do FBI, tal como o resto da conversação.

Temos portanto um grupo de passageiros que, perto da morte, não liga directamente para os familiares mas chama o FBI para advertir que o avião se encontra nas mãos de terroristas e, já que estão em linha, dizem para mandar cumprimentos à mulher.

É possível que ninguém entre todos os passageiros teve a vontade de falar directamente com os próprios entes queridos?
É possível que todos os passageiros conseguiram apenas ligar para o FBI ou o número de emergência? Nem uma para a própria mulher?
A versão oficial diz que sim, que foi mesmo isso que aconteceu.

E vale a pena também lembrar um dos alegados telefonemas, aquele efectuado por um homem do voo UA93:

Hi Mom, this is Scott. Scott Bingham.


Tradução:

Olá mãe, sou Scott. Scott Bingham.


Com certeza. E o número de segurança social, não?
Quem entre nós não diz "Olá mãe, sou Afonso, Afonso Marcelo Carreira da Silva Pereira, rua de Nossa Senhora das Belas Almas 34-3ºD, Alfragide. Como estás?".


Ipse dixit.

Fontes:

As fontes deste artigo são várias, mas a principal é a obra monumental de Luogocomune, o site italiano que dedica amplo espaço acerca do assunto 9/11. As fontes não aparecem directamente no artigo original mas são "embutidas" na longa análise dos vários aspectos da questão.

É lógico que antes de utilizar esta fonte, já procurei estabelecer o grau de confiança das fontes utilizadas por Luogocomune: fontes que, na quase totalidade, são documentos oficiais (da Comissão 9/11, por exemplo) ou notícia dos maiores órgão de informação norte-americanos (CBS, New York Times, por exemplo).

Mas a principal entre todas as fontes será sempre o Relatório Final da Comissão 9/11 (Complete 9/11 Commission Report, Ficheiro PDF, 7.4 MB, língua inglesa). 

Acerca do funcionamento duma rede telemóvel, é possível consultar Wikipedia versão portuguesa, que trata do assunto embora de forma excessivamente simples (dá apenas para ter uma ideia), enquanto a versão inglesa é sem dúvida superior. 


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