A grande farsa que se montou no Supremo Tribunal Federal para incriminar o Partido dos Trabalhadores é o suprassumo da hipocrisia de nossa sociedade no âmbito da participação na política. Todos aqueles que martelam o vulgo mensalão, referindo-se única e exclusivamente ao PT, agora se esbaldam na campanha eleitoral com as seculares práticas de caixa dois.

Justiça eleitoral? Faz o que pode, ou o que o sistema deixa fazer. Cabos eleitorais? Continuam a agir “normalmente” em cumplicidade total com os criminosos travestidos de candidatos. Os partidos? Afora raras exceções, dão o drible da vaca e seguem lépidos e fagueiros na trajetória rumo à “vitória” conquistada a peso de ouro, muito ouro. Candidatos? Também com louváveis exceções, negociam as parcelas monetárias para o financiamento de suas caríssimas campanhas. E amarram contratos de gaveta igualmente envolvendo mesadas em troca de “projetos” favoráveis aos distintos financiadores eleitorais. Dentre esses endinheirados, podem ter certeza, não há ninguém que esteja depositando no caixa dois dos politiqueiros simplesmente pela valorização da política e da cidadania.

Para quem é militante de esquerda, como este colunista, está muito difícil debater sobre políticas públicas neste ambiente. Nas redes sociais, então, nem se fala! Os ataques ao PT, ao ex-Presidente Lula e à Presidenta Dilma, quase sempre beiram ao ridículo, quando não se trata de pura má fé. A virulência com que se manifestam é tão grande quanto a cegueira política. E também é proporcional à preguiça de estudar a fundo os acontecimentos históricos e os processos sociais decorrentes. E o que dizer de empunhar uma bandeira de luta digna e justa? Ao contrário, está mais à mão seguir a manada e fazer coro com a grande mídia golpista e corrupta, sempre contrária às causas sociais.

Então, fazer o quê? Ficar parado é que não dá, pois se ruim está, pior vai ficar se esse sistema político persistir. Por que uma pessoa de sã consciência dá ouvidos a quem garganteia que “petralha não sei quê”, que “petista não sei que mais”, e na hora que esse mesmo partido propõe uma reforma política democrática e participativa para corrigir os problemas, se faz de surda? O que está por trás dessa psicologia estrambólica? Alguém entende? É só preconceito de classe, ou é lavagem cerebral da imprensa corrupta?

O momento histórico do Brasil requer muito cuidado dos cidadãos para que não haja retrocessos, principalmente nas conquistas sociais que fizeram diminuir a desigualdade. O País está colhendo os primeiros resultados de uma transformação que iniciou na década passada em termos de direcionamento de recursos públicos para a maioria da população. Mas os poderosos não querem largar o osso nem diminuir a concentração de riqueza. Por isso continuam jorrando dinheiro nas campanhas eleitorais, já que somos uma democracia, e então só resta a eles comprar os representantes políticos para resguardarem seus interesses. Cabe ao povo se organizar e tomar o poder para si, a fim de interromper essa prática nefasta dos mensalões dos hipócritas.

Valeu! Um forte abraço e até mais!

* Hemerson Baptista é bacharel em Ciências Contábeis, especialista em Gestão Pública e Responsabilidade Fiscal, empregado da Petrobras, ex-Secretário de Planejamento de São Mateus do Sul, editor do blog Vivasamas, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).