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Antonio Arles

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Como escrever artigos e tutoriais imparciais sobre GNU/Linux

March 24, 2014 7:44 , by Unknown - 0no comments yet | No one following this article yet.
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Um dos pontos de meu artigo sobre o Ubuntu é que a maioria dos sites ditos “especializados” sobre Linux da blogosfera nacional assumem, na maioria das vezes, que o leitor está ou estará usando a distribuição da Canonical para seguir os passos explicados naquele texto. Esta é uma atitude nociva à liberdade de software e à diversidade do ecossistema GNU/Linux, pois se algum usuário tiver algum problema ou quiser instalar algum programa em sua distribuição não-Ubuntu, ele poderá se sentir frustrado em não encontrar documentação para seu sistema – embora, teoricamente, tais instruções devessem funcionar em qualquer distribuição – e ser psicologicamente coagido a adotar a escolha da maioria.

Embora muitos digam que isso pode não passar de paranoia e de implicância, a situação é real. Um amigo que usa Manjaro Linux disse-me precisar ter ido a um fórum internacional para obter ajuda de um brasileiro sobre um problema que ele estava enfrentando. A indisponibilidade de recursos de auxílio para distribuições não-ubuntu em nosso país é uma situação crítica que prejudica tanto aos usuários quanto as empresas que, de uma forma ou outra, acabam se prendendo em uma determinada tecnologia.

A fim de reverter esse quadro e preservar a diversidade e a liberdade de escolha – a qual nada tem a ver com a liberdade de software -, elaborei uma lista de recomendações para os redatores dos sites generalistas sobre GNU/Linux a fim de evitar a intimidação involuntária do seu leitor que não adotou o Ubuntu como padrão. São dicas simples que você não é obrigado a seguir, mas que, se adotadas, contribuirão para o fomento da liberdade do software e do usuário.

 

Instalação de programas

Se o programa estiver presente nos repositórios oficiais das principais distribuições, o autor deverá mencionar esse fato. A parte do tutorial referente à explicação sobre como instalá-lo deverá conter a sintaxe de ṕelo menos um comando de cada um dos grupos listados a seguir:

Grupo 1: apt-get e aptitude.

Grupo 2: yum, urpmi, zypper, yast

Grupo 3: pacman, portage, prt-get e as ferramentas de instalação de distribuições mais avançadas.

Assim, por exemplo, alguém que estivesse escrevendo como instalar o programa xpto poderia explicar como fazer isso usando-se o apt-get, o yum e o pacman. A razão dessa recomendação é que a sintaxe dos comandos e o nome dos pacotes, bem como suas dependências, podem variar em cada um desses grupos.

Caso o pacote esteja em um repositório próprio, o autor deverá pesquisar se existem repositórios para diferentes tipos de distribuições (ex: Ubuntu e Fedora) e explicar como ativá-los em cada um dos seus sistemas. Se o pacote estiver disponível única e exclusivamente em um PPA, o autor deverá dar essa informação e alertar que sua inclusão em sistemas Debian poderá causar conflitos ou reações inesperadas.

Se o desenvolvedor fornecer apenas os pacotes para instalação diretamente em seu site, sem repositórios, o autor deverá explicar como instalá-lo usando os comandos locais do sistema. Recomenda-se explicar, no mínimo, a instalação através dos comandos dpkg e rpm, se disponíveis pelo desenvolvedor nesses formatos, bem como alertas sobre eventuais problemas de dependência.

Execução de comandos

A maioria dos comandos utilizados para automatizar tarefas está disponível na maioria das distribuições. Dessa forma, convém que o autor evite se referir a uma distribuição específica, por exemplo: “No Unity, digite terminal para abrir o console e digite…”. Ao invés, seria interessante explicar como abrir o terminal no Unity, no KDE, no GNOME, no XFCE e no Mate e, então, começar a explicação sobre os comandos. Exceção é feita se aquele comando estiver disponível apenas para determinada distribuição, fato que deverá ser mencionado.

Edição de arquivos de configuração

Se o tutorial ou o artigo envolverem a edição de arquivos de configuração de um determinado programa, seu autor deverá pesquisar a localização desse arquivo nas principais distribuições mainstream, podendo ser uma que utilize deb, uma que utilize rpm e uma que utilize outro gerenciador de pacotes. O motivo dessa recomendação é que, muitas vezes, a localização de tais arquivos pode variar de um sistema para outro e o leitor pode ficar perdido se não encontrá-lo onde o tutorial diz que ele deveria estar.

Programas gráficos

Se o artigo ou tutorial possuir capturas de tela de um programa gráfico, a decoração da janela deverá ser configurada de forma distinta daquela que seja padrão do sistema. Além disso, a captura deverá ser da janela ativa e não da área de trabalho completa. O motivo dessa recomendação é evitar induzir inconscientemente o usuário a usar ou a migrar para a distribuição indiretamente identificada pela decoração presente na imagem. A exceção se dá quando o objeto do artigo for uma análise da distribuição em si ou um programa específico para ela.

Softwares proprietários

Se o tutorial cobrir a instalação ou a utilização de um software proprietário, o mesmo deverá mencionar a existência de softwares livres equivalentes a ele, sem prejuízo dos itens anteriores. Por exemplo: se o tutorial cobrir a instalação do Google Earth, o Marble poderá ser mencionado. Também é desejável que, posteriormente, seja escrito um tutorial sobre a instalação do software livre equivalente apontado.

Programas específicos para uma determinada distribuição

Se o artigo ou tutorial cobrir um programa que só exista para uma determinada distribuição, o autor deverá mencionar esse fato e pesquisar outros programas livres que tenham a mesma finalidade e que estejam disponíveis para outros sistemas.

Ao seguir essas recomendações, acredito que nossa blogosfera especializada se tornará menos dependente de uma distribuição criada por uma empresa e mais inclusiva em relação aos usuários que encontraram seu caminho através de outros sistemas.


Source: http://softwarelivre.org/portal/como-escrever-artigos-e-tutoriais-imparciais-sobre-gnulinux

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