Participação cidadã nas mídias sociais: Novos desafios na gestão pública
14 de Abril de 2014, 11:39 - sem comentários aindaA abertura de canais para a participação cidadã nas decisões de governo é de fundamental importância para o desenvolvimento da consciência política da sociedade, permitindo a articulação, construção e gestão de políticas públicas de forma compartilhada.
Com as novas mídias sociais, a participação ativa da população nas redes, opinando, acompanhando, criticando e cobrando, vai exigir dos gestores transparência e disponibilidade para o diálogo. O desafio agora é saber usar a web, sobretudo as redes sociais, para governar.
É preciso ter uma noção sobre a transição do modelo convencional, o broadcast, para o novo formato: o socialcast. No socialcast, muitos falam para muitos. É a comunicação marcada pela interatividade, simultaneidade e rapidez.
Diálogo e transparência são princípios inerentes ao socialcast — e devem estar na base de qualquer estratégia. Comunicar-se com eficiência utilizando as ferramentas de internet implica estar aberto ao debate, saber ouvir críticas e opiniões divergentes. Significa estar preparado para o diálogo e para dar respostas, com agilidade e transparência, sempre que solicitado.
A expressão dos desejos e das opiniões da população pelas redes sociais, sejam elas espontâneas ou organizadas, vão impor aos novos prefeitos uma nova forma de avaliação da gestão, que não será feita apenas pelas suas realizações, mas principalmente pelo grau de diálogo e transparência no relacionamento com os cidadãos.
Twitter e Facebook, por exemplo, constituem ferramentas estratégicas para estabelecer diálogo com os cidadãos, divulgar as ações e projetos da municipalidade e auxiliar na avaliação da administração pública.
Outro aspecto a ser analisado pelos gestores é o monitoramento da gestão, já que o poder público capacita-se a ouvir as críticas diretamente do cidadão, sem intermediários, em uma relação madura que escuta vozes divergentes. Essas críticas são usadas pela municipalidade para aprimorar a construção de suas políticas. Neste sentido, este acompanhamento busca informações e procurar identificar demandas, acompanha tendências de comportamento dos cidadãos na internet e busca formas de utilização das ferramentas da web com finalidade pública. Criticar faz parte de um processo democrático, elogiar e agradecer faz parte de um processo educacional.
A ocupação do território web pelo poder público, em especial com a utilização das redes sociais, é um fenômeno relativamente novo. Nesse ambiente um novo diálogo tem sido possível. Esse cidadão acompanha a movimentação do serviço público, compartilha em sua rede aquilo que lhe interessa e que possa interessar aos seus contatos, opina, critica, elogia, enfim, ocupa uma posição ativa, na recepção e distribuição de conteúdos.
A prefeitura pode aproveitar este ambiente da Internet não só como mecanismo de divulgação, mas de interação com o cidadão. As diversas contas institucionais das secretarias da prefeitura se complementam na conversa com outras instituições e com os cidadãos do município, servindo ainda como ferramenta de prestação de contas à sociedade. As pessoas gostam de informação e de se sentirem inseridas e participativas de alguma forma. O mais legal disso tudo é que nas redes sociais o feedback ocorre quase que instantaneamente, porque as pessoas comentam, curtem ou discordam e é tudo ali, na hora.
Os governos mais conectados são aqueles que melhor se relacionam com o cidadão. Porém o governo eletrônico não deve se orientar apenas pela construção de um balcão virtual de atendimento ao cidadão, instalado no site oficial, muitas vezes de confusa ou ultrapassada arquitetura informacional.
Hoje, os desafios vão além da plataforma passiva, pois os governos precisam se relacionar com o cidadão a partir desses novos caminhos. Deve ser contemporâneo e estar conectado com as novas tecnologias e por meio delas, conectar-se ao cidadão, e vice-versa. Os gestores e a estrutura pública, como um todo, também devem estar alinhados na superação dessa nova fronteira tecnológica, caso contrário continuarão obsoletos, arcaicos e sempre na retaguarda do tempo.
Um exemplo interessante de ferramentas possíveis é uma rede social para cidadãos que participam na Itália, o ePart. (http://www.epart.it/). Trata-se de uma rede social, aparentemente desenvolvida pelo governo italiano, que dá aos cidadãos a possibilidade de marcar em um mapa problemas que encontre em suas comunidades, como buracos, lixo espalhado etc. Além de retomar a noção de comunidade, agora no mundo online. Na primeira página do site, temos um pequeno ranking de cidadãos mais colaborativos, aqueles que mais participaram da ferramenta, o que pode servir de incentivo para que as pessoas aumentem sua presença nessa rede. Na parte explicativa do site são descritas etapas de funcionamento da ferramenta que não pressupõem apenas a ação de denúncia do cidadão, mas também a ação do Estado sobre o que foi dito. Eles dividem as etapas assim: o cidadão detecta o problema, mostra o lugar exato, sinaliza qual o tipo de problema, acompanha o progresso do trabalho, problema resolvido!
O Controle Social do Estado é um exercício fundamental para a democratização da gestão pública. Para tanto, é necessário que todos os envolvidos cumpram seu papel no processo: o governo investindo em formação, capacitação e gerando informações, instrumentos fundamentais para a viabilidade do processo; e a população fazendo cumprir seu direito de cidadania, participando, opinando e auxiliando na elaboração de políticas públicas junto às esferas de governos.
Alan Ferreira
Analista em Mídias Sociais
Com as novas mídias sociais, a participação ativa da população nas redes, opinando, acompanhando, criticando e cobrando, vai exigir dos gestores transparência e disponibilidade para o diálogo. O desafio agora é saber usar a web, sobretudo as redes sociais, para governar.
É preciso ter uma noção sobre a transição do modelo convencional, o broadcast, para o novo formato: o socialcast. No socialcast, muitos falam para muitos. É a comunicação marcada pela interatividade, simultaneidade e rapidez.
Diálogo e transparência são princípios inerentes ao socialcast — e devem estar na base de qualquer estratégia. Comunicar-se com eficiência utilizando as ferramentas de internet implica estar aberto ao debate, saber ouvir críticas e opiniões divergentes. Significa estar preparado para o diálogo e para dar respostas, com agilidade e transparência, sempre que solicitado.
A expressão dos desejos e das opiniões da população pelas redes sociais, sejam elas espontâneas ou organizadas, vão impor aos novos prefeitos uma nova forma de avaliação da gestão, que não será feita apenas pelas suas realizações, mas principalmente pelo grau de diálogo e transparência no relacionamento com os cidadãos.
Twitter e Facebook, por exemplo, constituem ferramentas estratégicas para estabelecer diálogo com os cidadãos, divulgar as ações e projetos da municipalidade e auxiliar na avaliação da administração pública.
Outro aspecto a ser analisado pelos gestores é o monitoramento da gestão, já que o poder público capacita-se a ouvir as críticas diretamente do cidadão, sem intermediários, em uma relação madura que escuta vozes divergentes. Essas críticas são usadas pela municipalidade para aprimorar a construção de suas políticas. Neste sentido, este acompanhamento busca informações e procurar identificar demandas, acompanha tendências de comportamento dos cidadãos na internet e busca formas de utilização das ferramentas da web com finalidade pública. Criticar faz parte de um processo democrático, elogiar e agradecer faz parte de um processo educacional.
A ocupação do território web pelo poder público, em especial com a utilização das redes sociais, é um fenômeno relativamente novo. Nesse ambiente um novo diálogo tem sido possível. Esse cidadão acompanha a movimentação do serviço público, compartilha em sua rede aquilo que lhe interessa e que possa interessar aos seus contatos, opina, critica, elogia, enfim, ocupa uma posição ativa, na recepção e distribuição de conteúdos.
A prefeitura pode aproveitar este ambiente da Internet não só como mecanismo de divulgação, mas de interação com o cidadão. As diversas contas institucionais das secretarias da prefeitura se complementam na conversa com outras instituições e com os cidadãos do município, servindo ainda como ferramenta de prestação de contas à sociedade. As pessoas gostam de informação e de se sentirem inseridas e participativas de alguma forma. O mais legal disso tudo é que nas redes sociais o feedback ocorre quase que instantaneamente, porque as pessoas comentam, curtem ou discordam e é tudo ali, na hora.
Os governos mais conectados são aqueles que melhor se relacionam com o cidadão. Porém o governo eletrônico não deve se orientar apenas pela construção de um balcão virtual de atendimento ao cidadão, instalado no site oficial, muitas vezes de confusa ou ultrapassada arquitetura informacional.
Hoje, os desafios vão além da plataforma passiva, pois os governos precisam se relacionar com o cidadão a partir desses novos caminhos. Deve ser contemporâneo e estar conectado com as novas tecnologias e por meio delas, conectar-se ao cidadão, e vice-versa. Os gestores e a estrutura pública, como um todo, também devem estar alinhados na superação dessa nova fronteira tecnológica, caso contrário continuarão obsoletos, arcaicos e sempre na retaguarda do tempo.
Um exemplo interessante de ferramentas possíveis é uma rede social para cidadãos que participam na Itália, o ePart. (http://www.epart.it/). Trata-se de uma rede social, aparentemente desenvolvida pelo governo italiano, que dá aos cidadãos a possibilidade de marcar em um mapa problemas que encontre em suas comunidades, como buracos, lixo espalhado etc. Além de retomar a noção de comunidade, agora no mundo online. Na primeira página do site, temos um pequeno ranking de cidadãos mais colaborativos, aqueles que mais participaram da ferramenta, o que pode servir de incentivo para que as pessoas aumentem sua presença nessa rede. Na parte explicativa do site são descritas etapas de funcionamento da ferramenta que não pressupõem apenas a ação de denúncia do cidadão, mas também a ação do Estado sobre o que foi dito. Eles dividem as etapas assim: o cidadão detecta o problema, mostra o lugar exato, sinaliza qual o tipo de problema, acompanha o progresso do trabalho, problema resolvido!
O Controle Social do Estado é um exercício fundamental para a democratização da gestão pública. Para tanto, é necessário que todos os envolvidos cumpram seu papel no processo: o governo investindo em formação, capacitação e gerando informações, instrumentos fundamentais para a viabilidade do processo; e a população fazendo cumprir seu direito de cidadania, participando, opinando e auxiliando na elaboração de políticas públicas junto às esferas de governos.
Alan Ferreira
Analista em Mídias Sociais