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Ana Prestes

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Notas internacionais (por Ana Prestes) – 15/07/20

15 de Julho de 2020, 12:02 , por Ana Prestes – O Cafezinho - | No one following this article yet.
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– Em uma escalada do acirramento da rivalidade entre EUA e China, entrou no panorama uma questão que já vem se arrastando há anos. Os contenciosos no Mar do Sul da China, também conhecido como Mar Meridional ou mediterrâneo asiático. Em uma mudança de postura, o chefe do Departamento de Estado, Mike Pompeo, disse esta semana que as águas reclamadas pela China “estão completamente sob os direitos e a jurisdição soberana das Filipinas (…) qualquer ação da RPC (República Popular da China) para impedir o desenvolvimento da pesca ou de hidrocarbonetos por outros Estados nessas águas, ou para realizar essas atividades unilateralmente é ilegal”. Há tensão também na região com a província chinesa de Taiwan e com outros países da região, como Vietnã, Malásia e Brunei. A Embaixada da China em Washington respondeu dizendo que “sob o pretexto de preservar a estabilidade, os Estados Unidos estão flexionando seus músculos, provocando tensão e incitando a confrontação na região”. Os EUA, que querem arbitrar os conflitos em mares alheios, não são signatários da Convenção sobre o Direito do Mar, vigente desde 1982.

– Hong Kong continua no centro do noticiário internacional. Agora diz respeito à eleição para o Conselho Legislativo da cidade, que se aproxima. O parlamento local possui 70 assentos com mandatos de quatro anos. As candidaturas poderão ser registradas entre o próximo sábado (18) e o dia 31 de julho. A eleição será no início de setembro. A nova lei de segurança nacional de Hong Kong recentemente aprovada pela Assembleia Popular chinesa impede que candidatos que se oponham às novas regras, à Lei Básica ou à Constituição de Hong Kong, concorram ou ocupem cargos públicos na ilha. A eleição promete ser tensa pela organização interna (com apoio externo) dos grupos independentistas de Hong Kong.

– Ainda sobre relações com a China, mas desta vez por parte do Reino Unido, foi confirmado que a Huawei não vai poder operar a tecnologia 5G no país. Todas as empresas de telecomunicações terão que suspender a compra de novos equipamentos da marca e remover os já existentes até 2027. O custo disso será que a rede 5G inglesa sofrerá um atraso de até três anos e um custo extra de 2 bilhões de libras. Quem comemorou muito a decisão foi o presidente Trump. No Brasil, o governo Bolsonaro deverá somar essa decisão aos argumentos para barrar a entrada da tecnologia 5G da Huawei no Brasil. (Meio)

– Ocorre esta semana a reunião de Cúpula da União Europeia já sob a presidência de Angela Merkel. Há incerteza sobre a aprovação do plano Next Generation de recuperação econômica que há meses vem sendo costurado, já tendo passado por muitos altos e baixos. O plano abarca um montante de 750 bilhões de euros (parte em empréstimos e parte em doações) a serem investidos nos países do bloco. Os países mais atingidos pela crise do coronavírus, como a Itália, temem uma demora na aprovação do plano e aumento da deterioração de suas condições internas, econômicas e sociais, sobretudo. Os países do norte, como Áustria, Holanda, Suécia e Finlândia continuam reticentes quanto ao plano, pois não admitem que o sul receba ajuda “sem ter feito por merecer” segundo eles.

– Apesar de toda cena feita em fevereiro em torno de um acordo entre EUA, governo afegão e o grupo Taleban de pacificação do Afeganistão, o que se vê é um país cada vez mais colapsado pela guerra. Esta semana, mais um carro bomba explodiu no norte do país deixando 11 mortos e mais de 60 feridos. O grupo Taleban assumiu a autoria do atentado. As pessoas mortas faziam a segurança de um edifício da inteligência afegã que foi invadido após a explosão. O acordo montado pelos EUA é criticado tanto pelo governo afegão, como pelo Taleban. O governo afegão alega que o acordo só protege os alvos americanos, enquanto os afegãos estão descobertos e o Taleban acusa o governo afegão de não cumprir parte do acordo e libertar 5000 prisioneiros (condição colocada para seguir nas negociações de paz). O Taleban também libertária presos que estão em seu poder. O governo afegão alega que já libertou quatro mil presos. Já são quase 20 anos de guerra. Já é o mais longo conflito militar com envolvimento dos EUA. Os americanos acusam Rússia e Irã de colaborar com o Taleban, diante do governo afegão totalmente sob controle dos EUA. A situação remonta a outro período histórico, na época da guerra fria quando da insurgência de forças afegãs contra a União Soviética e o apoio americano a elas.

– Sob forte pressão internacional, reúne-se hoje (15) no Brasil o Conselho Nacional da Amazônia Legal, dirigida pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Entre os temas a serem tratados estão o combate ao desmatamento, o Fundo Amazônia, a fiscalização ambiental e a regularização fundiária. Segundo o INPE, junho teve o maior número de alertas de desmatamento para o mês desde 2015. Logo após esse anúncio, foi exonerada a coordenadora-geral de Observação da Terra do instituto, Lubia Vinhas. O monitoramento é feito pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real). O ministro de C&T se apressou em explicar que Lubia vai coordenar uma área importante do INPE, sem dizer qual. O governo tem sido pressionado por investidores externos, governos, diplomatas e parlamentares de outros países e ontem (14) uma carta de 17 ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central reforçou o coro. Desde que Bolsonaro assumiu, o Brasil vem se afastando do cumprimento do Acordo de Paris assinado em 2015 por 195 países e que prevê manter o aquecimento global abaixo de 2ᵒC e buscar limitá-lo a 1,5ᵒC.

– Ontem foi o primeiro 14 de julho, aniversário da Queda da Bastilha, desde 1980, em que não houve desfile militar na avenida Champs Élysées em Paris. O ato na Place de la Concorde ocorreu apenas com homenagens a equipes médicas e familiares de profissionais de saúde que morreram por Covid-19. Todos guardando o devido distanciamento social. A comemoração terminou com queima de fogos na Torre Eiffel.

– Ontem (14) uma grande marcha ocorreu na Bolívia. Coordenada pela Central Obrera Boliviana (COB) a manifestação em La Paz pediu fim aos desempregos injustificados e a falta de proteção aos trabalhadores contra a pandemia do novo coronavírus. Em Sucre, a maior parte dos manifestantes foi de trabalhadores da educação, pedindo estabilidade laboral e revogação do Decreto 4260 que busca privatizar o ensino. Ontem também foram registrados  protestos na Colômbia, em Cali, contra o governo de Iván Duque e no Chile, em Santiago, um panelaço contra o governo de Piñera.

– Uma visita insólita ocorreu nos últimos dias no Paraguai. O ex-presidente argentino Maurício Macri fez uma visita ao ex-presidente do Paraguai Horácio Cartes. Segundo a imprensa do cone sul noticia, Macri teria proposto a Cartes a criação de um Grupo de Puebla conservador para conter Alberto Fernández. Há notas também de que Jair Bolsonaro foi rechaçado na conversa como um líder capaz de ser a voz da direita democrática na região, cabendo mais a Marito Abdo, Iván Duque e Lacalle Pou. Houve muita reação à visita no Paraguai também pelo descumprimento por parte de Macri dos protocolos de prevenção fixados durante a pandemia do novo coronavírus no país. Cartes é dono de uma das maiores fortunas do Paraguai, em torno de 200 milhões de dólares e um império de 24 empresas, que vão desde fábricas de suco a bancos e veículos de comunicação.

– Graças à cooperação com o Irã, a Venezuela voltou a produzir gasolina. A refinaria Cardón está produzindo cerca de 30 mil barris/dia. As sanções econômicas impostas pelos EUA afetaram sobremaneira o setor petroleiro no país, com bloqueio do investimento estrangeiro na infraestrutura e a detenção das exportações do óleo cru. Entre maio e junho, o Irã enviou cinco embarcações com 1,5 milhão de barris de gasolina, além de peças e maquinário para as refinarias e insumos químicos necessários para a produção. 

– Foi executado no Irã um ex-funcionário do Ministério da Defesa que vendeu informações para a norte-americana CIA. Segundo anúncio do governo iraniano, as informações davam conta especialmente do programa de mísseis do país. Outro espião interno que também deverá receber pena de morte é acusado de espionar para os EUA e Israel no país. Desde o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani em janeiro deste ano, se agravou o estado de tensão entre EUA e Irã.

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