na garagem meu pai bate uma foto minha, estou usando a calça que ele me deu.
entramos no carro, peço coloca o cinto
olho pra ele colocando depois
coloco o meu.
abro
o portão da garagem
dirijo trocando
a marcha pro meu pai ver.
antigamente
era ele quem estava sempre ao volante, eu assistia o mundo do banco de trás,
assistia também o rosto dele
pelo espelho
nenhuma ruga, 30 anos,
a barba por fazer.
não sabia se ele me percebia olhando
eu reparava muito forte no rosto que ele tinha, ficaria com vergonha
se ele percebesse.
Agora,
ele respondia uma mensagem no telefone
sem notar que eu
estava dirigindo finalmente tão bem e não era isso, afinal,
dirigir bem? o passageiro se sentindo tão confortável que o motorista acaba invisível.
comecei a imaginar
meu pai daqui uns anos, com a morte
já perto
da boca. será que
ficaremos mais…
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