Disse à Ana que viveria
uns tempos em Moçambique
e ela de olhos enormes e
coração na boca: a terra é
vermelha, Marta, vermelha!
a rir e eu a rir sem saber, depois
a frase dançou-me na cabeça
todo o tempo desde então
até começar a aterragem e ver
a terra quente da cor que a
Ana me contou com o coração na
boca e os olhos inteiros de espanto
e só aí percebi o que me quis dizer,
só aí compreendi uma ínfima
parte da saudade nos olhos
de quem viveu em África.