Ir para o conteúdo

Assembleia Popular do Brasil

Voltar a Blog AssembleiaPopular.Org
Tela cheia Sugerir um artigo

A consequencia da neutralidade política

13 de Janeiro de 2014, 18:39 , por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
Visualizado 31 vezes
Licenciado sob CC (by-nc-sa)
Na cultura brasileira e Americana há uma repulsa por política, mesmo que de formas diferentes. A sociedade Brasileira tem uma característica geral de ser trabalhadora, homens de ação, enquanto a elite toma parte do intelectualismo e gerenciamento do país. Mesmo aumentando o número de pessoas cursando ensino superior, ou seja, um aumento em quantidade de pessoas ainda são poucos jovens indo às faculdades. Além de ser uma quantidade pequena em relação ao todo, boa parte estuda e trabalha, diminuindo a qualidade do estudo no quesito tempo, além de haver uma evasão comum de estudantes nos cursos superiores, reduzindo o número de formandos. Outro grande fator é a qualidade do ensino tanto em nível de jardim infantil, fundamental, médio e superior diminuir gradativamente. Cada nível tem seus problemas em si e no ambiente social local e geral dos estudantes ocasionando no próximo nível um problema. Uma situação é comum aos níveis de jardim, fundamental e médio. A última divisão econômica do Brasil, válida a partir de 01/01/2013 feita pelo ABEP (Associação Brasileira de empresas de pesquisa) define 5 níveis A, B1, B2, C1, C2, DE. Elas estão em ordem de superioridade econômica e possuem sua renda média bruta família no mês respectivamente de 9263, 5241, 2654, 1685, 1147, e 774. Sabemos que a grande maioria se encaixa na classe DE, junção das classes D e E, porque segundo a pesquisa havia um número não significativo. O mesmo ocorreu com a classe A1, por ser muito pequena foi agrupada em classe A. As estatísticas foram pegas para haver um parâmetro de comparação, no entanto, sabemos que a realidade de muitos é a vida por salário mínimo e programas de ajuda como bolsa família e bolsa escola. Qual a relação de tudo isso com o título do texto? Vamos desvendar o mistério. Uma condição econômica ruim deixa para uma criança de 3 anos, idade para ficar no jardim. Viver com 678 reais em condições dignas se tornou algo extremamente complicado, basta para a alimentação básica, pagamento de água e luz e com precaução o custo dos remédios para manter a saúde que, aliás, com tais condições é difícil. O pior de tudo ainda são os hospitais ruins. O tempo de espera pode muitas vezes reduzir o dinheiro ganho, complicando ainda mais a vida. Toda essa vida em uma jornada de trabalho cansativa. Por isso existem os programas de assistencialismo. Perceberam a relação? Se o pai está sempre cansado e o salário não dá, a mãe também trabalha (se houver dois pais). Então o que acontece? Tudo isso afeta a criança menor caso fique em uma creche, e a maior porque pela falta de tempo não pode estudar por ter de cuidar da casa, do irmão, tarefas de casa. Em uma creche mesmo com o maior esforço não é possível se igualar ao tratamento carinhoso de um pai e uma mãe. O “povo” não tem acesso a maiores informações e existem famílias com mais de 4 filhos. Em caso de irmãos o mais velho é responsável pelos mais novos formando-se assim uma hierarquia. Dessa forma nenhum dos filhos tem realmente tempo para estudar. Então um dos motivos para ir a escola é alimentação, a “merenda”. Isso em uma situação melhor do que quando não se envolvem com droga. Não que ela seja o grande problema da sociedade, não o é necessariamente. Na realidade existe toda uma história das drogas mostrando que ela não é tudo de ruim que a mídia fala, há sempre o outro, porém isso é coisa para outro post, quem se interessar veja esse documentário sobre a história da Maconha http://www.youtube.com/watch?v=gNeLRtq523Y . O grande ponto item a destacar é que a droga se torna uma forma de escapar as brigas da vida e tirar o próprio sustento. Desse comércio as crianças ganham algum dinheiro para ajudar os pais, se os mesmos já não são traficantes e acabam se tornando usuários. Em outros casos como não há oportunidades recorrem ao crime, afinal de contas, se um irmão ou pai ou mãe vê seu ente querido passando fome, precisando de remédios e não possui oportunidade legal para isso recorre ao roubo como medida desesperada. Nesse momento a mídia sensacionalista aparece dizendo ser ele o único culpado disso e afirmando que ele tinha outra escolha a não ser roubar, quando na verdade é o único mundo a qual ele teve acesso. Ela propõe medidas de punição e vigilância enquanto esquecemos da questão mais crucial- o porque de tal ocorrência. Dessa forma ocorre o contínuo roubo por parte dos políticos, juros abusivos cobrados por bancos, aumento da passagem de ônibus, preço dos alimentos, aumento do preço da gasolina, aumento do salário dos parlamentares enquanto nos preocupamos em como punir e evitar pequenos roubos por parte de jovens delinqüentes desviando nossa atenção do principal problema, as desigualdades sociais. Nem mesmo saúde pública de qualidade temos. Os noticiários mostram de forma ruim pessoas revoltadas com o péssimo atendimento. No mínimo para ser atendido você fica 1 hora a espera em um posto de atendimento em um caso de extrema sorte. Portanto, o que é cultuado em nossa vida de Brasileiro? Gostamos de futebol, novelas, os noticiários nos informam dos acontecimentos e descansamos para o próximo dia em uma jornada de trabalho. Procurem ouvir uma música de Renato Russo chamada “Música de trabalho.” Enquanto desviamos nossa atenção para menores crimes nosso dinheiro é roubado a cada ato legal ocorrido, sendo esse aceito, ou ao menos sem ação efetiva contra por parte da maioria da sociedade, exceto alguns grupos específicos ocorrendo sempre da mesma forma o ciclo, ou seja, culpe o povo, para que a elite se torna solução, mascarando assim sua culpa direta. Culpe também os grupos pensadores criminalizando-os, diria nosso grande filósofo Michel Foulcault em Vigiar e punir, não com essas palavras, mas é esse o sentido. A mídia ocupa essa função, já dizia ele em seu livro. Iniciam- se os noticiários, que tem como função de disponibilizar a visão do delinqüente que os representantes do poder querem, que a delinquencia vem de um mundo a parte, próximos e ao mesmo tempo distantes, e em toda parte temíveis. Toda essa informação justifica na mente dos cidadãos a vigília panóptica. Incluindo nisso a repressão a movimentos sociais que fazem protestos contra tais atos “legais”, ou seja, a situação já é ruim, no entanto, como a ordem deve ser mantida tais movimentos conturbam a “ordem pública” e por isso devem ser punidos. Dessa forma nossa energia de mudança é movida para algo que nos é apresentado como solução, quando na verdade é um desvio da verdadeira solução, a nossa amada televisão. Conjurado a oposição capitalista entre burgueses e operários, ou seja, o salário é calculado para a existência do lucro a política de baixos salários continua e faz com que os profissionais trabalhem mal, mesmo não querendo, porém não possuem condição ideal para seu autodesenvolvimento. Também é comum entre as famílias mais pobres o ensino de respeito e obediência à hierarquia, recorrendo a violência física para a obediência, mantendo relações enquanto obediência e, quando fugia a seu conhecimento a mãe sobrecarregada deixa a criança a sua autonomia, ou pede ajuda ao irmão mais velho configurada sem a figura paterna como única função de conseguir o sustento da família. Enquanto nas famílias de classe média a autonomia é mais incentivada dando valor ao comportamento da criança. Nas instituições as crianças por falta de uma relação afetiva que a reforce, se torna introspectiva e procura prazer, algo que dê sentido a sua vida vazia e desprovida de objetivos. Muitos saem sem um tratamento efetivo segundo o considerado positivo a sociedade, fazendo com que nos três casos a hierarquia capitalista é perpetuada. Tudo isso resulta desde o jardim ao ensino médio em profissionais sem preparação profissional e psicológica, talvez sem culpa consciente. Basta para isso ver o depoimento da professora Amanda Gurgel nesse link http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA . Ela afirma ser baixo o salário do professor, e por isso ele deve trabalhar três turnos para se sustentar, ficando extremamente cansado e sem tempo para se atualizar, estudar, fazer cursos etc… Não que todos os professores sejam ruins, na verdade existem muitos bons professores mesmo nessa situação e claro, também há exceções. Junte isso à estrutura física, psicológica e social da vida dos alunos as quais tem de trabalhar cedo, tem responsabilidades de adulto, podem se envolver com drogas, cuidar dos irmãos, o gosto pelo futebol e novela, ida constante em festas nos fins de semana, grade curricular de má qualidade e o resultado são alunos sem interesse em leitura, exceto sobre futebol e novelas, sendo alguns sem a capacidade de interpretar um bom texto. Por isso existem analfabetos e analfabetos funcionais. Entre 2009 e 2011 o número de analfabetos funcionais, isto é, pessoas que sabem ler mais não sabem aplicar isso a interpretação se manteve em 30, 5 milhões- 20,4 da população do país. Nessa mesma pesquisa foi apurado que entre 2009 e 2011 o número caiu 1,1% de 9,7 para 8,6% totalizando treze milhões de Brasileiros. Enquanto tudo isso ocorre pensamos em sermos felizes comprando roupas, carros, jogos, móveis, tudo novo e de marca agregando valor à vida, aliás, valor bastante temporário. O resultado nas universidades são estudantes passando no vestibular, muitas vezes de universidades particulares pela facilitação enquanto quem possui maior poder aquisitivo consegue passar em universidades públicas. Muitos chegam sem a mínima capacidade de interpretar um bom texto. Como a maioria chega dessa forma o nível do ensino diminui, produzindo uma menor qualidade prejudicando quem pode melhorar e os alunos com melhor nível. Junte isso ao fator estudo e trabalho, uma realidade comum em universidades privadas, e em alguns casos com família menor fica a qualidade para o aluno. Ainda entra o terceiro fator, a mercantilização do ensino em universidades particulares, ou seja, visam o lucro e não mais o ensino em si. Resultando em uma estrutura ruim, mensalidades caras, inclusive o transporte até o local se torna, afinal houve mais um aumento da passagem de ônibus no ano de 2012 para 2013. Porém, não se enganem, o Brasil não possui só defeitos enquanto os EUA não possuem só qualidades. Os EUA pretendem dar ao mundo a ilusão de que são o estado perfeito. Por isso seus filmes são extremamente tendenciosos sendo sempre eles vítimas ou heróis e o resto seus inimigos, salvos por eles como vítimas ou algo sempre pior do que os americanos. Desejam ser o modelo ideal sem injustiças, emprego para todos e oportunidades generalizadas. É um país da paz, afinal guerras são ruins e matam pessoas. Sempre as suas são para evitar possíveis mortes, dirão isso Irã, Iraque e Hiroshima e Nagasaki na luta contra o terrorismo. Crianças não passam fome e não há mendigos, os hospitais são de toda qualidade. Na verdade tudo isso é total ilusão como já dito e a verdade sobre as desigualdades em países “desenvolvidos” nunca será mostrada pela televisão, a mídia privada, controlada por poucas famílias. Porém, os problemas Americanos são tema para outro texto e percebendo o tema percorrido vale a pena pesquisar não é? Afinal, um dos maiores fatores para nos tirar dessa situação é o conhecimento, incluindo muita pesquisa e leitura, pesquisem, estudem, duvidem, coloquem o conhecimento em ação e o mundo pode melhorar. Como conclusão a única coisa possível é analisar como as injustiças sociais ocorrem, o convívio social como um todo atrapalha a educação e a mentira passada pela ilusão do modelo Americano, então, querido leitor, mesmo com tudo isso pretende continuar na neutralidade política?

Lembrem- se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

Escrito por: Rafael Pisani

Observação: No servidor antigo foi postado no dia 08/04/2013

Referências:

Disponível em: http://noticias.band.uol.com.br/educacao/noticia/?id=100000534788 . Bárbara Fontes/ Band.com.br . Data de acesso: 04 de abril de 2013

Disponível em: http://noticias.r7.com/educacao/noticias/brasil-tem-quase-13-milhoes-de-analfabetos-numero-caiu-apenas-1-em-tres-anos-20120921.html . r7.com . Data de acesso: Data de acesso: 05 de abril de 2013

Disponível em: http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=835 . www.abep.Org . Data de acesso: 05 de abril de 2013

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=gNeLRtq523Y . History Channel . Data de acesso: 05 de abril de 2013

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA . Amanda Gurgel . Data de acesso: 05 de abril de 2013

Vigiar e punir:nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. 38.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.


0sem comentários ainda

    Enviar um comentário

    Os campos realçados são obrigatórios.

    Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.

    Cancelar