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Sociedade, educação e movimentos sociais

7 de Janeiro de 2014, 19:44 , por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Atualmente tem-se acentuado as lutas sociais- vários grupos vem se criando, outros criando força- por isso muitas pessoas se juntam as lutas sociais. Lutam com toda a força, cada um com sua ideologia, métodos e um mesmo objetivo, senão próximo, o de melhoras sociais. Há um conflito entre opressores e oprimidos, isto é, elites econômicas dominantes e o governo (seja qual for o modelo adotado) oprimindo os movimentos sociais. Politicamente falando, isso se traduz em diferentes partidos (divididos em direita e esquerda) com ideologias diferentes e formas de agir distintas. Ficou convencionado que partidos de direita são os presentes no poder, de esquerda fazem oposição e eles. Em sua relação, os opostos, ou simplesmente diferentes se colocam como inimigos e, enquanto possuindo o poder batalham por ele usando meios jurídicos e legais. Quando o partido no poder apóia a elite econômica, consequentemente o povo como um todo se torna vítima, pilar para a sustentação do sistema e escravo dele, isto é, o imperialismo americano.

Existem duas formas de se manter a ordem. Michel Foulcault- um grande filosófo que afirmou em seu livro “Vigiar e punir” existir três formas como a sociedade se organizou. Suplicio, representação e disciplina. Suplicio eram os castigos aplicados pela igreja na idade média. Baseado no medo de ocorrência do mesmo com si mesmo pela platéia e baseado em castigos corporais. A representação vem em evolução ao primeiro, pois, viu-se bastante falha em seu funcionamento. É baseado em representação mental de crime-pena. A disciplina é uma das fases com maior tendência a perfeição em seu objetivo. Ela contém em si os princípios do suplício e da representação, mas, agora são só uma parte. Os princípios objetivos da disciplina são o controle mínimo de tudo o que possa ser feito explicitamente ou implicitamente. O controle de cada detalhe relativo ao cotidiano da pessoa. Isso veio a acontecer porque, já nos meios comerciais, havia uma multidão para ser controlada, então, o ideal era ter de evitar controla- los a força. A moral talvez seja uma disciplina. Teve aplicação inclusive a exércitos, não mais camponeses escolhidos aleatoriamente, e sim soldados treinados. Tudo é seguido da arte das distribuições. Em relativo à prisão, o grupo é colocado em um espaço físico fechado livre de influencias externas ou internas que contrariem a regra geral imposta. Isso precisa ser adaptado a cada local e é aplicado metodologicamente. O espaço físico pode ser traduzido em mental, no caso dos não detentos. Esse método era também aplicado as fabricas que, funcionavam pelo mesmo método do presídio. O que torna efetivo tal tratamento são seus elementos. Primeiro é controlado todo o horário da pessoa, seja ela detento, trabalhador ou “pessoa livre”. Evolui para um controle anátomo-cronológico, isto é, até os movimentos decorridos em um período de tempo são controlados em seus mínimos detalhes, para que virem processos automáticos, formando a correlação corpo- gesto- um corpo bem disciplinado cria o contexto da realização do mínimo gesto. O treinamento do exército segue essa mesma lógica adicionando outras técnicas. A divisão em segmentos sucessivos ou paralelos com um objetivo específico e criação de um esquema analítico separador dos elementos dos mais simples aos mais complexos e, finalmente, certificar um tempo para o término da atividade objetivando ver se o indivíduo atingiu o nível necessário, garantir a conformidade em relação aos outros e perceber suas diferenças em relação aos mesmos. É uma forma válida não só ao exército, também a vida prática, formação em fábricas e mesmo a escola. Todas essas técnicas podiam ser aplicadas a uma massa. A questão é a exigência de um sistema de comando com o poder de formar uma massa compacta aproveitadora das aptidões individuais dos elementos. A especificidade da disciplina descrita por Foucault é chamada de Panoptismo. Ou seja, é feito todo um esforço para educar para educar a massa segundo a ideologia dominante fazendo-a entender a posição que deve ficar e o que pode fazer. Especificamente falando, a liberdade é fazer aquilo que se pode, o que a lei permite, ou ainda pior, é ser livre para fazer aquilo que deve fazer. O êxito foi obtido e um exemplo é a sociedade moderna. Dessa forma as pessoas permitem que o sistema se perpetue existência até os tempos atuais onde indivíduos diferenciados são chamados de loucos e, por saírem da linha recebem a punição. Ela é um mecanismo secundário aparecendo quando a educação falha. O termo “educação” nesse sentido pode se equivaler a adestramento, então assim como adestramos cães, os pais adestram os filhos. Na sociedade moderna, quando a educação através da mídia, moral, escolas e faculdades falham em fazer com que o indivíduo se torne cidadão e aceite a ordem das coisas como é- ou ao menos não concorde e não tente muda-la- a repressão se torna necessária para a não ocorrência do caos na ordem, portanto, é uma sociedade muito mais disciplinadora do que repressora. Leis são criadas para fortalecer a ordem, legalizando a punição e proibindo os contrariantes. Um ciclo é formado onde o indivíduo acaba por concordar e até defender a situação. Uma das formas de faze- lo é fornecer somente o conhecimento necessário para que isso se mantenha, fazendo a pessoa acreditar ser a única fonte e um conhecimento totalmente verdadeiro.Apesar de tudo isso, uma minoria deixa de ser domada e consegue obter conhecimento de outras fontes, indo a luta contra a situação atual. Quais os métodos para que a luta seja efetiva? O principio básico é mudar a ordem causando uma desordem. As três medidas para isso são intensidade, tempo e conhecimento (tendo por características qualidade e quantidade). Intensidade e tempo são inversamente proporcionais sendo possível dizer serem quantitativas, apesar de não ser mensurável. Quanto maior a quantidade e liberação de energia menor será o tempo e o mais intenso possível. Pode, dessa forma causar grandes mudanças como já ocorreu várias vezes. Por perder rapidamente o efeito, é necessária uma constante recarga de energia. Isso também um fator decisivo se o objetivo será alcançado ou não. Sem esquecer o fato de o efeito ser cumulativo, então a cada recarga a energia daquele sistema de lutas vai aumentado. Em segundo caso, se pouca energia é liberada ela acumula da mesma forma e em algum momento ela é totalmente liberada, dando o mesmo efeito. O conhecimento tanto em qualidade, como em quantidade é muito influente na duração do tempo e quantidade de intensidade, por isso é um elemento muito importante. Antes de falar sobre os três modos de lutar é necessário falar da dependência. Não adianta lutar contra algo, sendo que dependemos daquele algo. Colocando atualmente, não adianta fazer protestos contra os baixos salários se os trabalhadores continuam trabalhando por aquilo na mesma época em que protestam. Porque mesmo com a luta, o sistema continua sendo sustentado por essas pessoas. Essa é uma grande jogada. Mesmo que lute contra ele, precisa dele. Para que verdadeiras revoluções aconteçam é preciso o corte dessa dependência. Existem três modos de luta: o método da ação, o método educativo, e o método da não violência. Método da ação É um método com intensidade alta e tempo de duração curto, isso é a grande desvantagem desse método. Necessita de uma ação em massa para ocorrer e sempre tem seus líderes, isto é, não que a massa careça de conhecimento, mas o conhecimento em sua totalidade e maiores detalhes esta nos lideres. A massa possui um conhecimento de causa, já que são os maiores protagonistas da situação e de alguma forma são afetados por ela, porém, sua grande função é o contágio emocional. Tem seus efeitos aumentados caso utilizem o método educativo. Em suma, sua composição básica é uma grande massa com conhecimento de causa dando grande força ao movimento e os líderes, sendo um indivíduo ou vários, mas há por necessidade um símbolo para representar esse tipo de movimento, seja ele pessoas, bandeiras, desenhos etc… algo a reforçar o sentimento de luta ao máximo. Para exemplificar podemos citar os eventos da ditadura militar e a ditadura de Muamar kadafi, com 1 milhão de pessoas se reunindo para derruba-lo. No primeiro, a cada protesto, a cada preso, a cada torturado, a luta recebia uma recarga de energia aumentando cada vez mais a sua força, até que alcançou seu objetivo. O mesmo ocorreu com a ditadura da líbia. A falta dessa recarga de energia cumulativa é o motivo por muitas lutas e progressos falharem e serem em algum momento esquecidas, sendo isso uma característica iminente desse método, exceto a possibilidade de registros em documento e na mente de quem participou efetivamente. Porém, a emoção- o motor do movimento- desaparece. Atualmente percebe-se uma tendência ao aumento do número de líderes, no entanto, a estrutura básica ainda se mantém. Hittler para perpetuar o nazismo utilizou esse método. A diferença era sua intenção de subjulgar a massa, portanto, utilizou também o método educativo e deu a ela o conhecimento necessário para que o sistema se perpetuasse e fez não só aceitação, mas também concordancia e defesa de sistema. O imperialismo americano também o faz. O grande efeito do método de ação é causar desordem imediata. Isso pode ser feito de várias formas, entre elas: panelaço, buzinaço, fechamento de ruas etc…

Método educativo Atua através do mecanismo social de educação na qual o indivíduo é educado e alienado. A intensidade e tempo para esse método são exatamente o oposto a do método de ação. A intensidade despendida no inicio é menor, porém e cumulativa e o tempo é mais longo. Quando a energia é liberada sai em grande quantidade e é bem possível de alcançar seu objetivo. Nesse momento tem tanto efeito quanto o método de ação e é mais duradouro, porém demora para ocorrer. Sua mistura com o método de ação é quando o conhecimento é adquirido ao ponto de uma luta ser movida por ele. Não age por meio de desordem imediata, e sim por um longo período causando desordem em pequenos pontos que, ao final se juntam alcançando seu objetivo caso tenha êxito. Como exemplo podemos citar grandes escritores ou descobridores de novos conhecimentos muitas vezes considerados loucos e perseguidos, além de enquanto vivos não serem reconhecidos e vir muito tempo após a sua morte. Respectivamente Michel Foulcault, Karl Marx e Galileu Galilei. Um preso em um hospício, outro era perseguido não importa em que país vivesse e o terceiro além de ser considerado louco, ser sempre perseguido obteve seu reconhecimento muito tempo após a morte. O grande ponto desse método é o conhecimento chegar à massa, dando a ela uma fonte, motivo e motor mais duradouros para a luta, isto é, a educação. Se aproxima em algum momento da forma de atuação do primeiro, excetuando-se vir de uma fonte mais duradoura, portanto, é por mais vezes lembrado por não depender somente da emoção- algo bastante dissipável-, além de permitir a vigilância para que a mudança continue pela força do conhecimento que precedeu e colaborou com a mudança.

Atualmente, para se atuar por ele é possível trabalhar com programas de televisão (incluindo todos os tipos de programas que passam), jornais, rádios, internet, enfim, tudo o que não cause desordem imediata e sirva para ensinar algo novo- educar. Os filmes, novelas, jornais (online, impressos, televisivos), internet e etc… nos ensinam muita coisa. O modelo de beleza, o corpo perfeito, o consumismo, a nossa moral como um todo é perpetuada por esses elementos e ajudamos a sua continuação o perpetuando. Assim é como o modelo capitalista Americano se perpetua e Cuba, como um local isolado- politicamente falando- se mantém como é.

Método da não violência

Foi inventado e aplicado por Mahatma Gandhi. Pode ser chamado de Satyâghara e é dividido em três fases. A primeira é chamada de Ahimsã e acontece por táticas políticas. A segunda é o apelo moral e a terceira o princípio espiritual- súplica de uma alma para outra. A primeira fase é uma ação política, isto é, tenta-se fazer algo que afete a política atuando-se através de um método político, que não necessite do apelo a uma grande massa. A segunda fase implica em juntar uma grande massa apelando para a moral existente, isto é, caso a luta seja contra infanticídios se busca apelar para a moral de que matar é errado, principalmente crianças. A terceira junta uma grande massa apelando para a bondade e vontade de cada um e, utilizando desses três elementos Gandhi foi capaz de parar 350 milhões de trabalhadores indianos de sua rotina normal e, por algum tempo abandonar o trabalho. Além de caminhar até o mar e por onde passava sua caminhada se enchia de pessoas. Esse método engloba os princípios de ação do primeiro, a educação do segundo enquanto retira o elemento da violência, ao menos por parte de quem batalha pela luta, sendo feita somente pelos opressores. Permite a aquisição de conhecimento e no mínimo para seu uso é necessário o conhecimento típico do método de ação para as massas e o corte da dependência do sistema em que se luta contra, exemplificado: a parada dos 350 milhões de indianos. Cortando essa dependência, deixamos inclusive de repetir o ciclo de violência e repressão na sociedade. Porque, se alguém é agredido constantemente, e sem razão, em algum momento as agressões irão parar, já que, elas se mostram desnecessárias pelo simples motivo de não haver uma violência vinda do lado oposto. Essa lógica é valida para grupos manifestantes e oprimidos em geral. Muitas ações podem ser efetivas e não violentas, como greves gerais. Porque dessa forma o sistema a que se luta contra perde o pilar de sustentação (buzinaços, panelaços etc… ). O problema é a dificuldade do corte da dependência. Porém, se a violência é recíproca as repressões violentas continuarão a ocorrer, talvez para sempre. Pelo método de Gandhi é possível até que os próprios repressores mudem de lado. Em suma, o problema da utilização desse método é a indeterminação do tempo em que o resultado pode vir. Na verdade, algo além disso, já que nos dois métodos o tempo é de certa forma indeterminado, apesar de um demorar, e outro ser um pouco mais rápido. Mais problemático ainda é o sofrimento que há durante o tempo de lutas. O próprio Ganhdi sofreu com esse problema, isto é, foi preso várias vezes, muitas mortes de Indianos ocorreram na luta pra a independência da índia, muitos foram machucados, mas Gandhi alcançou seu objetivo. A dificuldade está em suportar tudo isso e, por isso também se alcançado o efeito é duradouro, apesar de também precisar de uma recarga dependendo a forma de luta. É claro que não é a pureza de cada um dos dois primeiros métodos, mas uma mistura. Gandhi se utilizou muito do elemento emocional e do educativo em momentos distintos. Quando a Índia estava em guerra civil, ficou em jejum por vários dias e, para parar pedia o fim da guerra. Por incrível que pareça muitas vezes seu pedido era atendido. Usou do educativo porque muitas vezes se tornou preso político, chegou a participar de política, tinha contatos políticos e o respeito que o povo indiano obteve por ele fazia com que seus pedidos fossem atendidos. Não um respeito hierárquico, mas de uma forma a se tornar iguais, mesmo como os próprios opressores. Ele se colocava como pior, ou melhor, fazia o opressor se sentir melhor do que o oprimido, dessa forma ele conseguiu seus objetivos e, até fazer os opressores virem para seu lado. Isso é positivo porque há toda uma hierarquia no sistema capitalista. Se ela for quebrada, parte do sistema também o é. Em resumo as principais características desse método são:

.Pode usar tanto do método da ação quanto do método educativo. .Pode cortar a dependência com o sistema a qual se luta contra. .Pode cortar o ciclo de violência ,repressão e hierarquia na sociedade com métodos como panelaço, buzinaços, greves trabalhistas longas etc… .Para seu efeito é tempo indeterminado, porém também um efeito duradouro. . Como desvantagem possui a pressão a que são submetidas as pessoas até que alcance o objetivo, além de ter um tempo indeterminado para que o alcance.

Existe um método perfeito? O método da ação causa desordem imediata, porém, seu efeito é pouco duradouro, além de não cortar a dependência. O método educativo apesar de ter um efeito duradouro, demora para ocorrer e não corta a dependência do sistema, ao menos para seus líderes, isto é, por não ser um movimento de massa isso é possível, mas não necessariamente ocorre. O método da não-violencia possui partes dos outros dois, retira a dependência, mas o tempo até que se alcance o objetivo é indeterminado e a pressão até que se chegue a isso é muito grande, ou seja, resistir a violência durante o período é uma dificuldade.

Então, o modelo perfeito é causador de caos imediato na ordem estabelecida (método de ação), porém não é movido só pela emoção, também é possuído por parte de todos os membros, desde a massa aos líderes um conhecimento amplo (método educativo), além de evitar a violência por parte de quem deseja a mudança e cortar a dependência do sistema (método da não-violencia). Quanto ao primeiro e segundo elemento deve estar evoluído para ocorrer com a ajuda ao conhecimento, ou seja, a ação ocorre e o conhecimento está nos líderes e massa. Quanto ao terceiro elemento é o corte do ciclo de violência e repressão, além de cortar a dependência do sistema a qual se luta contra.

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

Escrito por: Rafael Pisani

Observação: No servidor anterior foi postado no dia 04/03/2013


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