A quarta das cinco lições de Psicanálise de Freud
4 de Abril de 2014, 20:34 - sem comentários ainda
Introdução
As cinco lições de Freud foram feitas e apresentadas em 1909 ao fim de sua vida. Nelas ele explica de forma breve os preceitos da psicanálise, podendo talvez ser considerados como ótimos textos introdutórios para a teoria geral. O conteúdo original tinha cerca de 6 paginas e meia na quarta lição. Um resumo de cada uma foi feito para facilitar a leitura, que junto as 5 totalizava cerca de 32 paginas. Mas, ainda que resumido esse conteúdo não é simples. A própria leitura desse texto pode não ser simples, isso porque a leitura de psicanálise não é simples e é preciso algum costume para tal. Mesmo assim os resumos das cinco lições estão sendo feitos e será fechado na semana que vem. Essa introdução não foi feita nos anteriores por falta de percepção, e por aviso de uma leitura nasceu essa idéia. Mesmo sendo complexa a leitura desses resumos das lições é mais simples que a original listada na fonte de referencias. Para facilitação da leitura essa lição foi dividida em três temas da qual trata a mesma. A titulo de facilitação prazer sexual para Freud na infância não se refere ao ato sexual na infância, e sim o prazer vindo através dos instintos sexuais que estão na infância, isto é, prazer no que ela faz.
O instinto e sua origem
O que procurar com os meios técnicos descritos na terceira lição? A psicanálise relaciona com grande regularidade os sintomas mórbidos e impressões da vida erótica do doente com seus sintomas, tendo esse fator grande influencia nos dois sexos. Regularmente o doente procura ocultar informações sobre sua vida sexual e, nesse sentido os homens em geral são sigilosos. Isso porque o sol e o ar em nosso mundo civilizado não são realmente favoráveis à atividade sexual e por isso nenhum de nós manifesta seu erotismo livremente.[1] A psicanálise liga em alguns casos os sintomas a acontecimentos traumáticos comuns e não a fatos sexuais, mas essa diferenciação perde seu valor, sendo a cura não através de episódios contemporâneos. Na verdade aparece retrocedendo até a puberdade e mais remota infância para ai chegar às impressões e acontecimentos determinantes da doença posterior, sendo que só os fatos da infância explicam a sensibilidade aos futuros traumatismos. Com seu descobrimento é possível afastar o sintoma quase como no sonho, isto é, são desejos duradouros e reprimidos que por não terem sua correta liberação se transformam em sintomas e devem ser reconhecidos em sua generalidade como sexuais. Quando o paciente começa a se despojar do manto de mentiras e moral e passa a revelar tais dados inicia a tomada de consciência de seu problema. Esse instinto e sexualidade na infância faz a criança se desenvolver em etapas para chegar a chamada sexualidade normal do adulto.
Como o instinto sexual se apresenta muito complexo ele é dividido em várias fases. Na infância o instinto independe da função procriadora que servirá no futuro e procura dar prazer, sensações agradáveis a qual chamamos de prazer sexual. Essa vem inicialmente de partes do corpo como boca, ânus, uretra, pele e outras superfícies sensoriais, além dos órgãos genitais e por alcançar o prazer através do próprio corpo essa fase é chamada de auto erotismo. O pediatra Lindner em 1879 foi o primeiro a descrever e interpretar dessa forma o ato de chupar o dedo, fazendo dela uma zona erógena sendo que, zonas erógenas são os lugares do corpo que proporcionam o prazer sexual. Outra forma é excitação masturbatória dos órgãos genitais, além do investimento da libido como relação objetal[2] em uma pessoa estranha. Esses instintos são opostos assim como o sadismo e masoquismo, isto é, o prazer de causar sofrimento nos outros ou em si mesmo, além do prazer visual ativo e passivo.
Um leva a sede de saber, outro as representações artísticas e teatrais. Outras atividades sexuais aparecem na escolha do objeto, isto é, uma pessoa estranha que proporciona prazer e influi em considerações relativas ao instinto de conservação. Neste período infantil a diferença de sexo não tem papel decisivo e toda criança tem uma parcial disposição homossexual[3]. É uma vida sexual desordenada, rica e dissociada aonde cada impulso isolado se entrega a conquista do gozo, isto é, do prazer por si só e vai se organizando até que ao fim da puberdade o caráter sexual definitivo está completamente formado.
A puberdade e escolha objetal
Na puberdade as repressões fazem com que as necessidades sexuais corram por caminhos considerados normais que impedem de reviver os impulsos reprimidos. No começo os impulsos ficam concentrados na zona genital se colocando a serviço da perpetuação da espécie e logo depois só tem importância para o preparo e estimulo do verdadeiro ato sexual sendo o auto erotismo substituído pela satisfação do instinto sexual na pessoa amada. A educação faz com que muitos instintos sejam reprimidos e nisso surge a repugnância e a moral que como guardas mantém as repressões. Os mais reprimidos são o prazer através das fezes e a escolha primitiva de objeto, isto é, a mãe. Quanto às manifestações psíquicas a escolha de objeto da criança primeiro vai a todas as pessoas ao seu redor, depois especialmente a seus genitores. Eles são tomados como fonte de prazer, especialmente a mãe enquanto os pais dirigem ao filho um instinto sexual inibido em suas finalidades. O pai em regra prefere a filha, a mãe o filho e caso seja menino deseja o lugar do pai, caso seja menina deseja o lugar da mãe. Nesse momento aparece o complexo de Édipo que coloca uma relação dual, isto é, mesmo com sentimentos positivos também existem os negativos que vão para a repressão, ainda que exerçam influencia no inconsciente. Isso volta mais tarde como repulsa as barreiras do incesto.
A escolha da criança dos pais como objeto da primeira escolha amorosa é normal e inevitável, mas não deve se fixar nessa fase passando a tomar como modelo para transferir para pessoas estranhas a função de objeto e isso é importantíssimo para seguir a função social do jovem. Enquanto não estão reprimidos os sentimentos negativos do complexo boa parte desses interesses sexuais se transforma em atividade intelectual, além do que os adultos imaginam que seja capaz. Nessa época a maior ameaça material é a chegada de um novo irmãozinho considerado por ele como um competidor. Sob influencia dos impulsos parciais forma numerosas “teorias sexuais infantis”. Chega a pensar que ambos possuem órgãos genitais masculinos, crianças nascem pela extremidade do intestino etc... mas, a falta de conhecimentos sobre o tema e de seu acabamento de sua constituição sexual a fazem desistir desse trabalho. Essa fase é extremamente importante para a formação do caráter e do conteúdo da neurose futura.
A formação de problemas
Um principio de patologia geral afirma que todo processo evolutivo traz durante seu percurso chances para inibição, retardamento ou desenvolvimento incompleto. Isso vale para o desenvolvimento da função sexual que pode por essa causa gerar doenças futuras ou anormalidades. Talvez reine a perversão e o impulso não se sujeite a soberania da zona genital ou se originar uma tendência homossexual que pode se transformar em homossexualidade exclusiva através da equivalência primitiva dos sexos como objeto sexual- tudo isso pode ocorrer por entraves durante o desenvolvimento sexual.
Enquanto a perversão evidencia o instinto que se liberta de mais a neurose o reprime de mais, o que faz com que ele passe a dominar através do inconsciente e a partir disso conduzir a uma fixação parcial justamente no ponto que o desenvolvimento teve um obstáculo, isto é, uma fixação infantil.
É bem provável dizer que isso não é sexualidade, e sim algo além do que é dado ao sentido da palavra. No entanto, é possível observar que a palavra é usada em um sentido restrito e que assim sacrificam à compreensão das perversões e seus enlaçamentos entre si, neurose, e vida sexual normal, além da vida erótica somática e psíquica das crianças. De toda forma, o psicanalista considera a sexualidade no sentido amplo já explicado. Médicos, homens e observadores nada querem saber da vida sexual da criança porque através da educação civilizada esqueceram sua própria atividade sexual infantil e não querem lembrar o que está reprimido, caso o fizessem teriam outra convicção. Isso tudo não exclui o tratamento e a psicanálise. Pode ser pensado o tratamento como simples aperfeiçoamento educativo destinado a vencer os resíduos infantis. É difícil acreditar nessa afirmação, mas o fator sexual tem tanta importância e outras excitações fazem nada mais que reforçar sua ação e nessa lição Freud não fala o porque de ser assim.
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Escrito por: Rafael Pisani
Observação: No servidor antigo foi postado no dia 21/10/2013 as 19:13 e atualizado em 23/10/2013 as 17:35 com adição da nota de rodapé 1 e 2. No dia 27/10/2013 as 16:34 ocorreu uma alteração da data nas referencias bibliográficas do mês de novembro para outubro, devido a uma confusão. Nesse servidor houveram as seguintes alterações:
- Adição de “(no servidor antigo)” na nota de rodapé 1.
- Alteração do “e” entre “entanto” e “possível” para “é” no seguinte trecho “No entanto, e possível observar que a palavra é usada em um sentido restrito e que assim sacrificam à compreensão das perversões e seus enlaçamentos entre si, neurose, e vida sexual normal, além da vida erótica somática e psíquica das crianças.”
- Alteração do “esta” entre “o que” e “reprimido” para “está” no seguinte trecho “Médicos, homens e observadores nada querem saber da vida sexual da criança porque através da educação civilizada esqueceram sua própria atividade sexual infantil e não querem lembrar o que esta reprimido, caso o fizessem teriam outra convicção. Isso tudo não exclui o tratamento e a psicanálise.”
Referencias bibliográficas:
Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/cincolicoespsicanalise.html . Sigmundo Freud / http://www.cefetsp.br . Data de acesso: 20 de outubro de 2013
[1] Essa era uma questão mais da época de Freud que atualmente. A repressão se tornou menor na época contemporânea, mas por ser resumo de um documento original de época deve ser mantido como é explicado em nota de rodapé algumas mudanças. Tanto essa nota de rodapé quanto a terceira foram adicionadas no dia 23/10/2013 como atualização. (No servidor antigo)
A terceira das cinco lições de Psicanálise de Freud
4 de Abril de 2014, 20:29 - sem comentários ainda
Nessa lição Freud fala da associação Livre, análise dos sonhos e estudo dos lapsos e atos causais. A insistência do método de Bernheim se tornou inútil e novamente se lamenta o abandono do hipnotismo, havendo necessidade de outro método. Esse vem através da definição dada pela Escola de Zurique de complexo, isto é, um grupo de elementos ideacionais interdependentes, catexados, isto é, cheios de energia afetiva. O método é a cura pela fala e associação, porém devido à repressão o pensamento traz um conteúdo distorcido, quase como um sintoma. Talvez como palavras indiretas caso a resistência não seja muito intensa ou um chiste[1] ou pela sublimação- um mecanismo que transforma o proibido em algo permitido pela sociedade. Nesse sentido, o doente vai sempre afirmar não saber o que dizer, mas sempre haverá relação indireta ou direta com conteúdos inconscientes e quanto maior a importância do conteúdo mais desagradável será, porque há mais resistência, sendo todos importantes , não importa o quanto pareçam insignificantes. A técnica de associação para o psicanalista é tão importante quanto a análise de sonhos.
Elas são uma grande janela para o inconsciente e sua analise é a entrada que leva a ele. Ao ponto que para fazer-se psicanalista é preciso estudar os próprios sonhos. São ao mesmo tempo semelhança com a vida externa e intimidade com as criações da alienação mental, além de compatíveis com a mais perfeita saúde na vida desperta, e nisso até os psiquiatras são leigos. Os sonhos eram mais valorizados pelos antigos como revelação do futuro, mas atualmente perdeu-se tal valor para eles sendo tratados como algo absurdo e portanto ignorados. Isso se da porque possuem tendências imorais e menos regrado, porém a psicanálise lhes da um valor, mas não de previsão do futuro. Nem todos são estranhos, incompreensíveis e confusos, mas a grande diferença do sonho infantil para o sonho adulto é que o primeiro reflete a realização de desejos não realizados e com pouca resistência, bastando lembrar o dia da véspera do sonho para desvendá-lo, enquanto o segundo também reflete a realização velada de um desejo reprimido e por isso vem cheio de simbologias e distorções devido à repressão. Por perder sua força ela permite substitutos deformados dos pensamentos inconscientes no sonho e por isso o sonhador reconhece tão mal o sentido de seus sonhos quanto o histérico com as correlações de seus conteúdos e a significação de seus sintomas. Esse disfarce mostra a existência de pensamentos latentes no sonho, além do nexo desses pensamentos com o conteúdo manifesto e, através da associação livre é possível chegar a tais pensamentos assim como o doente se surpreende com seu complexo oculto. Sobre a questão dos pesadelos, para julgar se o é de fato é preciso analisar o sonho antes de fazer qualquer juízo sobre ele, além de ser nada mais que um sonho que se pôe excessivamente a serviço da satisfação de desejos reprimidos. Tudo isso torna o sonho um meio de grande importância para o estudo do inconsciente.
Isso porque através da elaboração do sonho é possível ter acesso a maiores conteúdos, uma vez que a resistência é reduzida dentro dele e a junção de vários agrupamentos mentais é uma característica do sonho, principalmente a condensação e o deslocamento, sendo um processo semelhante ao de criação de sintomas cuja a repressão falhou. Pela análise é possível descobrir a importância das impressões e fatos da primeira e tenra infância no desenvolvimento do homem, porque no sonho da criança se encontram suas aspirações, peculiaridades, processos de repressão, sublimação e formações que no fim formam o chamado homem normal, criação e parte vítima de sociedade tão penosamente construída. É possível descobrir a representação de certos complexos sexuais, simbolismo variável individualmente e também fixo, que parecem coincidir com o que imaginamos por trás de mitos e lendas, e talvez o sonho explique tais lendas. Assim, o estudo dos sonhos já é por si só justificado e por ele é possível encontrar os desejos ocultos e reprimidos e retirar o excesso de resistência do doente. No entanto, seus adversários ainda o questionam. Eles ou evitam estudar os sonhos ou possuem objeções bem superficiais e são em sua maioria cientistas. A psicanálise não é necessariamente cientifica e por isso cientistas são opostos a ela. Nesse sentido ela não é factível de assentimento imediato e pretende tornar consciente aquilo que está reprimido e mesmo seus críticos estão sujeitos às repressões, talvez mantidas a custa de penosos sacrifícios. Talvez neles as resistências tidas nos doentes se transformem em impugnação intelectual e o orgulho da consciência não permita o acesso ao inconsciente, dando justificação de contradizer seu conhecimento consciente. Mas ainda assim, a técnica é moldada perfeitamente à seus fins, mas não constitui prenda inata e deve ser aprendida. Agora vem o terceiro de grupo de fenômenos psíquicos, isto é, o ato falho.
São pequenos atos aparentemente sem importância como esquecer coisas já sabidas, brincar com objetos, parte da roupa ou o próprio corpo, enfim, atos aparentemente sem importância. Na verdade são atos de extrema importância e podem trair os mais íntimos segredos do homem, além de poder também levar a parte oculta da mente e existir em saúde perfeita ou imperfeita, mostrando que mesmo nessa situação existe a repressão e a substituição e nisso se inclui uma característica importante do psicanalista. Ele sempre vê uma causa, talvez até mais de uma para o mesmo evento, enquanto a sociedade se vê sempre satisfeita com uma única causa psíquica. Por fim, caso seja unida a livre associação, os sonhos, falhas e ações sintomáticas, além de outros fenômenos surgidos durante o tratamento psicanalítico é possível chegar a conclusão de que a técnica psicanalítica é suficientemente capaz de trazer a consciência o material psíquico patogênico. O fato de aumentar os conhecimentos sobre a vida mental é apenas estimulo e uma das vantagens de tal trabalho.
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Escrito por: Rafael Pisani
Observação: No servidor antigo foi postado no dia 17/10/2013 as 22:55. Nesse servidor foram feitas as seguintes alterações:
1. Alteração da palavra “analise” no seguinte trecho “Nessa lição Freud fala da associação Livre, analise dos sonhos e estudo dos lapsos e atos causais.” para “análise”
2. Alteração da palavra “Eles” no seguinte trecho “Eles são uma grande janela para o inconsciente e sua analise é a entrada que leva a ele.” para “Elas”
3. Alteração da palavra “sujeito” no seguinte trecho “Nesse sentido ela não é factível de assentimento imediato e pretende tornar consciente aquilo que está reprimido e mesmo seus críticos estão sujeito às repressões, talvez mantidas a custa de penosos sacrifícios.” para “sujeitos”.
4. Retirada do seguinte trecho “Observação: No servidor anterior tratou-se da primeira lição na semana 30/09/2013 e na semana do dia 07/2013 da segunda e agora da terceira. Sequencialmente serão tratada das outras 2 nas seguintes semanas, sendo como única fonte as cinco lições em si, ou seja, um resumo delas. Haverá uma tentativa de fazer quarta e a quinta juntas, caso não fique muito grande.”
5.
Referencias bibliográficas
Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/cincolicoespsicanalise.html . Sigmundo Freud / http://www.cefetsp.br . Data de acesso: 13 de outubro de 2013
Disponível em: http://dimensaohumana.blogspot.com.br/2007/06/o-que-chiste.html . Daniela Augusta / http://dimensaohumana.blogspot.com.br . Data de acesso: 17 de outubro de 2013
[1] Chiste é uma forma de o inconsciente trazer uma onda cômica de riso mesmo que conscientemente o sujeito saiba não ser justificado o riso. Fonte: http://dimensaohumana.blogspot.com.br/2007/06/o-que-chiste.html
O homem que batia pregos
29 de Março de 2014, 8:42 - sem comentários ainda
Todo dia de manhã
O homem que batia pregos já sabia
Sabia exatamente como seria seu dia
Bater pregos era o que ele fazia
Precisava estar ali
Para garantir seu pão de cada dia
Gostava
Não reclamava
Mas também sonhava.
Tentava entender o que ele preparava
Mas o chefe não contava
A massa acomodava,
E mais um dia se passava.
No outro dia de manhã
O homem que batia pregos revoltou
Um prego passou
Ele não bateu
A produção parou
Seu chefe surtou
E lhe perguntou:
Não vai bater mais não?
O homem que batia pregos não sabia se chorava ou se ria
Pois num estalo, passou a enxergar tudo aquilo que antes não via
Bater pregos não era profissão
Bater pregos era construir o seu caixão.
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Escrito por: Matheus Franckevicius
Observação: No servidor anterior foi postado no dia 26/09/2013 as 9:50.
O outro nome do feudalismo
29 de Março de 2014, 8:39 - sem comentários ainda
A música banquete de hipócritas de Zé Geraldo ilustra bem esse tema:
Link para ouvir a musica: http://letras.mus.br/ze-geraldo/191889/
Banquete de Hipócritas
O presidente come o vice-presidente
Que come o diretor
O diretor come o gerente
Que come o supervisor
O supervisor por não ter a quem comer
Come o trabalhador
O trabalhador come o pão
Que o diabo amassou
O presidente....que o diabo amassou
Banquete de hipócritas
Banquete de hipócritas
Comeu, comeu, comeu, comeu, comeu
Quem sobrou fui eu
Banquete de hipócritas...sobrou fui eu
O presidente...que o diabo amassou
Banquete de hipócritas...sobrou fui eu
Banquete de hipócritas, banquete de hipócritas
Comeu, comeu, comeu
Oh! meu, oh! meu quem sobrou fui eu
Dentro da estrutura hierárquica capitalista podem ser vários os elementos, mas, basicamente a estrutura se mantém. Dentro de uma faculdade podemos ter o investidor comendo o reitor que come o diretor que por sua vez comem os coordenadores de cursos e restante de funcionários. Os coordenadores por sua vez comem os professores e respectivos funcionários do setor. Os professores comem os alunos. Quem os alunos e funcionários comem? O pão que o diabo amassou. A política é dividida em executivo, legislativo e judiciário que são simultaneamente antagônicos e benevolentes entre si, mas de novo o povo come o pão que o diabo amassou. O que há de comum nessas situações?
Tanto o trabalhador quanto o aluno estão na parte mais baixa da pirâmide. Ambos podem criar suas entidades estudantis ou sindicatos, mas isso exige consciência e ação, dificultando ações políticas. Nesse caso, ser o mais prejudicado significa ser o mais importante para que a estrutura se mantenha. O trabalhador sustenta a empresa através da mais valia e os estudantes pagam a mensalidade por seus estudos em universidades privadas ou devem devolver seus créditos para as públicas. A grande diferença do estudante universitário é que tende a entrar mais alto na pirâmide por estar adquirindo um conhecimento superior, de resto são a mesma classe, aliás trabalhador e supervisor diferem pouco. É possível abalar essa estrutura?
É perfeitamente possível um ato desses, diferindo em duas grandes dificuldades: até o supervisor temos a dificuldade de criar consciência política da própria situação. A partir do gerente ao vice presidente a tarefa de convencer a tirar-se da posição de “conforto social e econômico” e a perda de seu poder é complexa. E o presidente? É um caso a parte porque dele parte a criação de todas as ilusões e abusos de poder. Basicamente, ele representa a burguesia dona dos meios de produção e todo o resto é proletariado, apesar de receber diferentes remunerações por vender sua força de trabalho e exercer diferentes funções na sociedade capitalista, ajudando-a a mantê-la como é. E daí?
Tudo isso pode ter parecido perda de tempo e prolixidade, mas é exatamente a comprovação de que o feudalismo só mudou de nome. Duas características do feudalismo são importantes nesse sentido. A imobilidade social e o domínio ideológico. Ou seja, nasce-se em uma classe e nela vivia-se para sempre. Ilusoriamente o capitalismo permite a mudança, mas quanto mais baixo na pirâmide menor responsabilidade, poder e mais membros, sendo verdadeiro o oposto. A chance de oscilação da base para o topo e do topo para a base é mínima porque com a diminuição de pessoas a cada nível o que sobe ou desce é exceção, ou seja, o pobre que ficou rico é exceção tanto quanto o rico que ficou pobre. É mais plausível uma oscilação para aqueles que estão no meio. Ou seja, é permitida a ascensão social, mas a falta de oportunidades e meios é tão pequena que equivale a não ser permitido. Vejamos exemplos: Fazendo uma soma das fortunas das 10 primeiras pessoas mais ricas do mundo entre as 1250 temos a soma de 460,5 bilhões[1] e cerca de 21 trilhões acumulados em paraísos fiscais, podendo chegar a 31 trilhões e, cerca de 10 milhões de pessoas tem uma quantidade de dinheiro escondida equivalente à junção da economia Americana e Japonesas juntas. Isso tudo frente a governos que cortam gastos e demitem trabalhadores[2], além de segundo a ONU 1,2 bilhão de pessoas vivem na extrema pobreza, isto é, renda diária de 1,25 dólares[3] e 1,8 bilhão de trabalhadores informais no mundo que representam mais da metade da força de trabalho mundial segundo dados da OCDE (Organização para a cooperação e o Desenvolvimento econômico)[4]. Os salários mínimos oscilam de 222[5] a 346 reais[6] na China para uma jornada de 8 horas e 21 minutos diários enquanto no Canadá uma jornada de 8 horas e 37 minutos tem como salário mínimo 4500 reais.[7] Todos são trabalhos base, apesar de exigirem um nível menor ou maior de especialização. Todos esses fatores trazem a luz o domínio ideológico do capitalista assim como havia o da igreja. Por fim:
As classes sociais do feudalismo foram renomeadas de classes econômicas equivalendo às castas indianas onde se vive e morre na classe onde nasceu[8]. O senhor feudal foi nomeado como burguesia e o trabalhador como o vassalo.[9] Não é necessário atualmente jurar fidelidade e proteção absoluta ao senhor feudal, mas ela é comprada pela burguesia de forma indireta. Mas no fim não importa, são nomes diferentes para a mesma coisa não é?
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Escrito por: Rafael Pisani
Observação: No servidor anterior foi postado no dia 23/09/2013 as 19:40.
Referencias bibliográficas
Disponível em: http://envolverde.com.br/noticias/numero-de-pessoas-vivendo-na-pobreza-extrema-cai-pela-metade/ .Leda Letra/http://envolverde.com.br . Data de acesso: 22 de setembro de 2013
Disponível em: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI67494-16357,00HA+BILHAO+DE+TRABALHADORES+INFORMAIS+NO+MUNDO+DIZ+OCDE.html Época Negócios Online/http://epocanegocios.globo.com . Data de acesso: 22 de setembro de 2013
Disponível em: http://top10mais.org/top-10-maiores-salarios-minimos-do-mundo/ Adriano Lucas/http://top10mais.org . Data de acesso: 22 de setembro de 2013
Disponível em: http://www.brasilescola.com/sociologia/as-castas-indianas Brasil Escola/http://www.brasilescola.com . Data de acesso: 22 de setembro de 2013
Disponível em: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=18801 Admin/http://www.mdig.com.br . Data de acesso: 22 de setembro de 2013
Disponível em: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/09/seis-mais-ricos-mundo-trilhoes-paraisos-fiscais.html Luis Soares/v . Data de acesso: 22 de setembro de 2013
Disponível em: http://www.suapesquisa.com/feudalismo/ . http://www.suapesquisa.com . Data de acesso: 22 de setembro de 2013
Disponível em: http://www.terra.com.br/economia/infograficos/mais-ricos-2013/ . http://www.terra.com.br . Data de acesso: 22 de setembro de 2013
[1] Fonte desses dados: http://www.terra.com.br/economia/infograficos/mais-ricos-2013/
[2] Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/09/seis-mais-ricos-mundo-trilhoes-paraisos-fiscais.html
[3] Fonte: http://envolverde.com.br/noticias/numero-de-pessoas-vivendo-na-pobreza-extrema-cai-pela-metade/
[4] Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI67494-16357,00-HA+BILHAO+DE+TRABALHADORES+INFORMAIS+NO+MUNDO+DIZ+OCDE.html
[8] Fonte das castas indianas: http://www.brasilescola.com/sociologia/as-castas-indianas.htm
[9] Fonte das classes sociais do feudalismo: http://www.suapesquisa.com/feudalismo/
Que porra é essa?
27 de Março de 2014, 15:52 - sem comentários ainda
Foi hoje
Voltando do centro da cidade
Que fiz
A mim mesmo
A pergunta
Mais desesperadora
Que se possa imaginar
Ali sentado
No ônibus
Ouvindo musica no fone
Separado do mundo
Vendo como deus
A cidade movimentada
Porém sem som
Como cinema mudo
Pessoas sorrindo
Um policial fazendo uma ocorrência
Um avião no céu
Carros passando
Freneticamente
Um posto de gasolina
Carros abastecendo
Uma lagoa com pessoas pescando
Uma mulher fazendo cooper na orla
Um cachorro, marrom, correndo de cabeça erguida
Na companhia do seu dono
Toda aquela movimentação intensa
Tudo aquilo
Sem som
Finalmente
Bateu em minha cabeça
E eu perguntei a mim mesmo:
‘’que porra é essa?’’
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Escrito por: Matheus Marra
Observação: No servidor anterior foi postado no dia 16/09/2013 as 10:13. Nesse servidor houveram as seguintes alterações:
1. Retirada do trecho “Observação: Procurando variar um pouco os temas da postagem nessa semana foi postada uma poesia, feita por uma pessoa diferente dos outros textos, mas ainda assim interessante.”