Adoro Isaac Asimov. É um grande escritor e visionário, dentre seus livros temos o clássico "Eu, Robo", que já inspirou dois filmes (até onde sei).
Hoje, dia de Júlio Verne, outro grande escritor visionário, acabei sendo levado a esse vídeo:
Este é um trecho de "O Mundo das Idéias", de Bill Moyers, produzido em 1988.
Alí Asimov novamente vislumbra o futuro, falando do futuro da rede que ainda estava em gestação naquela época. Ele percebia a importância que ela teria para a educação. Parte desse futuro previsto por ele tem sido aproveitado por alguns auto-didatas e deve ser papel dos novos educadores mostrar esse caminho complementar à sociedade.
Transcrição (pouco resumida):
Asimov:
Uma vez que tenhamos computadores em todo lugar,
cada um deles conectados a enormes bibliotecas,
onde qualquer um possa fazer qualquer pergunta
e que lhe sejam dadas respostas;
e que lhe forneçam material de referência;
que seja algo que se tenha interesse em saber.
Então você pergunta, e pode averiguar,
e pode fazer de sua própria casa,
com a sua velocidade, na sua direção,
em seu tempo!
Então todo mundo desfrutará do aprendizado!
Hoje em dia, o que o mundo chama de aprendizagem
se dá a força.
Todos estão forçados a aprender o mesmo, no mesmo dia,
com a mesma velocidade, em classe,
mas somos todos diferentes. ...
Dê uma chance, para além da escola.
Não falo em abolir a escola, mas sim complementa-la.
Entrevistador:
Gosto muito desa visão, mas e sobre o argumento de que
as máquinas, os computadores, "desumanizam" o aprendizado?
Asimov:
Bom, na verdade, é o oposto!
Me parece que através destas máquinas, pela primeira vez,
teremos a possibilidade de dispor de uma relação de um a um,
entre a fonte de informação e o consumidor desta.
Entrevistador:
O que quer dizer?
Asimov:
Nos velhos tempos haviam tutores para as crianças...
Uma pessoa que poderia lidar diretamente,
podia ser um conselheiro, um tutor.
E ele ensinaria a esta criança o conhecimento de seu trabalho.
Ele podia adaptar seu ensino ao gosto e às habilidades das crianças.
Mas quantas pessoas poderiam contratar um professor?
A maioria das crianças eram analfabetas.
Logo chegamos a um ponto em que foi
absolutamente necessário educar a todos.
A única forma de se fazer isso era tendo um só professor
para uma grande quantidade de estudantes,
e para organizar a situação propiciamente,
lhe demos um currículo ao qual ensinar.
Então... Quantos professores são bons fazendo isso?
Como em tudo, o numero de maus professores é consideravelmente
maior que o de bons professores.
Então... temos uma relação um para um para poucos,
e uma relação de um para muitos mara a maioria.
Agora temos a possibilidade de uma relação de um para um para a maioria!
Todos podem ter um professor e acesso ao
vasto conhecimento da espécie humana.
Entrevistador:
Através das bibliotecas conectadas a computadores?
Asimov:
Exatatmente.
Entrevistador:
No meu escritório, na minha casa?
Asimov:
Certo.
Entrevistador:
E se eu quiser aprender sobre basebol?
Asimov:
Esta bem! Aprenderá tudo o que quiser sobre basebol.
Porque quanto mais aprende sobre basebol,
mais interesse terá na matemática,
para tentar entender o que quer dizer
média de corridas e média de rebatidas.
E talvez então se interesse mais por matemática
que em basebol, se seguir seu caminho,
e não o que lhe impõem!
Por outro lado outro pode estar mais interessado em
como atirar uma bola curva, e pode envolver-se com
a física dos esportes.
Por que não?
Uma educação mais humana não é a que formata todos os estudantes dentro de um padrão diante de um professor. A mais humana é aquela que respeita sua peculiaridade, que promove sua individualidade, mesmo que diante de uma máquina.
Essa idéia foi encantadora para o entrevistador em 88, mas naquela época essas pertenciam ao "Mundo das Idéias". Hoje, apesar de um tanto óbvias para muitos, ainda estão distantes da maioria.
As grandes bibliotecas de Asimov foram fragmentadas (ainda bem) e são hoje os Wikis, blogs, sites de mídia, listas de discussão, salas de bate-papo, sites de busca, ambientes de relacionamento, ... são todos novos espaços para troca de conhecimento, mas quando os educadores serão qualificados ou se auto-qualificarão para ensinar esse caminho aos que não tiveram a facilidade de percebe-lo? É preciso lembrar da importância da liberdade de acesso e reuso dos recursos educacionais para que essa idéia não pereça. É preciso estar dispost@.
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