Fonte: wiki commons
Passados dois anos da Olimpíada e Paralimpíada Rio 2016, restam grandes dúvidas sobre o legado dos dois torneios. Se no futebol, onde o Brasil é pelo menos uma das potencias, já era de se esperar um aproveitamento mais difícil. Confesso não saber como aproveitar uma arena de Badmington. Mas as definições são lentas mais do que o necessário.
Dois exemplos são a Arena do Futuro e o complexo aquático. No primeiro caso, o equipamento deve ser desmontado e virar quatro escolas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Encontra-se, contudo, em uma querela jurídica, em que o Ministério Público Federal questiona o procedimento. Ai, fica a dúvida se a morosidade é da Autoridade de Governança do Legado Olímpico ou dos órgãos de fiscalização.
Na Piscina Olímpica, a desmontagem foi construída e o material enviado para Salvador. Neste caso, a lentidão é municipal, pois a prefeitura ainda não definiu quando a piscina baiana será inaugurada.
Já o Parque Olímpico e o Complexo de Teodoro se mantém sem definição de uso. No ano passado, o aluguel do espaço gerou 2,3% do seu custo de manutenção. Em números, R$ 1,3 milhão de uma necessidade de R$ 55 milhões. A construção do Parque Olímpico – principal projeto da Rio 2016 - exigiu mais de R$ 2 bilhões em recursos públicos e privados.
Na adolescência, ouvia sempre que o esporte olímpico não se desenvolvia mais por falta de locais de treinamento. Agora que temos estrutura para preparação e torneios de primeira, faltam atletas e times para usá-los. Sem contar as denúncias de corrupção e assédio espalhadas por clubes e federações brasileiras.
Tenho certeza de que o esporte brasileiro poderia dar um grande salto a partir do legado olímpico. Principalmente se clubes e cartolas participassem do processo. Os clubes recebem patrocínio de órgãos públicos – no futebol sobretudo da Caixa Econômica Federal – e facilitação para pagamento das dívidas, mas na hora de contribuir com o desenvolvimento do desporto, a participação é pífia.
Com menos de 5% do faturamento dos times cariocas – cito os grandes Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo -, teríamos utilização constante do parque olímpico. Especialmente o Botafogo, beneficiado com a concessão do Engenhão, estádio construído para o Pan de 2007. Só o rubro-negro arrecada mais de R$ 0,5 bilhão ou 300 vezes a receita do Parque Olímpico.
Anteriormente ligado ao exército, o Complexo de Deodoro tem a situação mais complexa. Abrigou áreas para hipismo, hóquei sobre a grama, Pentatlo (modalidade do atletismo que reúne cinco provas diferentes), Tiro Esportivo e Tiro com Arco. Preferia que permanecesse vinculado ao exército, para treinamento militar e de militares atletas, uma das boas novidades da Rio 2016 e que deveria estar incluída no projeto olímpico brasileiro para 2020.
Com a omissão dos cartolas, outra opção seria o programa Segundo Tempo, que desenvolve atividades junto a comunidades carentes no mais das vezes por ONGs. É possível unir as duas demandas, e criar linhas específicas nos equipamentos olímpicos com um edital ou dispositivo similar.
O legado olímpico poderia ser impulsionado ainda via modelos multiuso, com eventos culturais e também como atrativo turístico. Mas as decisões são lentas e o caminho da definição até a execução demora mais ainda. Nem a transformação do Velôdromo (para provas de ciclismo) em sede do Comitê Olímpico Brasileiro foi adiante.
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