Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:
Do sábado 5 ao dia da próxima eleição, um ano exato vai se passar. No domingo 5 de outubro de 2014, os brasileiros vão às urnas escolher o presidente da República, governadores, senadores e deputados.
Ao longo de 2013, a eleição presidencial apresentou-se de três maneiras. No primeiro trimestre, o favoritismo da presidenta Dilma Rousseff era imenso. Sozinha, ela alcançava algo em torno de 60% nas pesquisas, enquanto a soma de Marina Silva, Aécio Neves e Eduardo Campos, seus adversários mais prováveis, mal chegava a 25%.
O tamanho de sua candidatura não fazia, no entanto, sentido, considerado o modo como hoje se organiza politicamente a sociedade brasileira: era “grande demais”.
No segundo trimestre, iniciou-se um processo de redução da vantagem, que se intensificou e atingiu o ápice entre junho e julho, na esteira dos movimentos de protesto. A presidenta caiu abaixo de 35% e a soma dos outros foi além de 45%. Dilma ficou “pequena demais”, pelo que representa e pelo que são os oponentes.
Estamos no terceiro momento. Mudou o que alguns achavam definitivo em julho. Quem tem problemas são os outros e não Dilma.
Nas pesquisas mais recentes, ela reconquistou parte expressiva do que havia perdido e voltou ao patamar de 40%. Enquanto isso, e por consequência, caíram os adversários.
Em setembro, na pesquisa CartaCapital/Vox Populi e na última do Ibope, Marina perdeu parcela ponderável do que havia obtido recentemente: no Vox, retrocedeu a 19%; no Ibope, a 16%. Aécio e Campos estacionaram, um na casa de 10% e o outro abaixo de 5%. Resultado: reconfigurou-se um quadro em que Dilma Rousseff teria mais votos sozinha do que o conjunto de seus rivais. Em outras palavras, poderia vencer a eleição no primeiro turno.
Não deixa de haver paralelismo entre o acontecido a Lula em 2005 e o ocorrido com Dilma neste ano. Ambos, por razões diferentes, chegaram ao “fundo do poço” e se recuperaram. O primeiro o bastante para se reeleger. Dilma não parece estar no mesmo caminho?
Grave para as oposições é o fato de os problemas de seus candidatos a um ano da eleição não se limitarem ao mau desempenho nas pesquisas. As dificuldades são maiores.
Aécio e Campos podem não admiti-lo publicamente, mas esperavam muito mais da utilização do tempo de propaganda de seus partidos na televisão. Apostavam que, ao estrelar inserções e programas nacionais (e ao se assenhorar de boa parte das veiculações estaduais do PSDB e PSB), aumentariam o nível de conhecimento e crescer significativamente na intenção de voto.
Isso não aconteceu, porém, no primeiro semestre. E nada indica que ocorrerá no semestre em curso. Ou seja, a menos que alguma coisa extraordinária aconteça no primeiro semestre de 2014, quando terão a última janela de mídia de massa, ambos devem chegar ao período de campanha com o porte atual. Modesto, diga-se.
Para o candidato do PSDB, isso quer dizer que José Serra continuará no seu encalço. Se o mineiro não decolar, sempre haverá um correligionário a imaginar que, quem sabe, não seria melhor ter o paulista como opção. Como descartar um nome de desempenho igual (ou superior) nas pesquisas e que obteve 40 milhões de votos em 2010?
E Campos? Se permanecer com 4% ou 5%, qual poder de atração terá sua candidatura? Quantos, dentro do próprio PSB, não vão “cristianizá-lo”? Que novos partidos conseguirá arregimentar à procura de tempo de televisão?
Resta Marina Silva, às voltas com as conhecidas e incompreensíveis dificuldades para criar a Rede. E, por meio delas, deixando evidentes as limitações de seu projeto. Com a torcida da mídia antipetista, o apoio da “classe média ilustrada” e o endosso de milionários, o que lhe faltou? Se até um desconhecido ex-vereador do interior de São Paulo conseguiu fazer um partido para chamar de seu (no caso, o PROS), como explicar as trapalhadas da ex-senadora e seus simpatizantes? E o que dizer do recado transmitido, ao se imaginar merecedora de “tratamento especial” da Justiça?
Ao se levar em conta as boas notícias de seu lado e as más no entorno de seus adversários, o fato é que os 12 meses anteriores às eleições de 2014 começam bem para Dilma.
Queimou a língua quem, há dois meses, correu para vaticinar que ela estava fora do jogo.
Do sábado 5 ao dia da próxima eleição, um ano exato vai se passar. No domingo 5 de outubro de 2014, os brasileiros vão às urnas escolher o presidente da República, governadores, senadores e deputados.
Ao longo de 2013, a eleição presidencial apresentou-se de três maneiras. No primeiro trimestre, o favoritismo da presidenta Dilma Rousseff era imenso. Sozinha, ela alcançava algo em torno de 60% nas pesquisas, enquanto a soma de Marina Silva, Aécio Neves e Eduardo Campos, seus adversários mais prováveis, mal chegava a 25%.
O tamanho de sua candidatura não fazia, no entanto, sentido, considerado o modo como hoje se organiza politicamente a sociedade brasileira: era “grande demais”.
No segundo trimestre, iniciou-se um processo de redução da vantagem, que se intensificou e atingiu o ápice entre junho e julho, na esteira dos movimentos de protesto. A presidenta caiu abaixo de 35% e a soma dos outros foi além de 45%. Dilma ficou “pequena demais”, pelo que representa e pelo que são os oponentes.
Estamos no terceiro momento. Mudou o que alguns achavam definitivo em julho. Quem tem problemas são os outros e não Dilma.
Nas pesquisas mais recentes, ela reconquistou parte expressiva do que havia perdido e voltou ao patamar de 40%. Enquanto isso, e por consequência, caíram os adversários.
Em setembro, na pesquisa CartaCapital/Vox Populi e na última do Ibope, Marina perdeu parcela ponderável do que havia obtido recentemente: no Vox, retrocedeu a 19%; no Ibope, a 16%. Aécio e Campos estacionaram, um na casa de 10% e o outro abaixo de 5%. Resultado: reconfigurou-se um quadro em que Dilma Rousseff teria mais votos sozinha do que o conjunto de seus rivais. Em outras palavras, poderia vencer a eleição no primeiro turno.
Não deixa de haver paralelismo entre o acontecido a Lula em 2005 e o ocorrido com Dilma neste ano. Ambos, por razões diferentes, chegaram ao “fundo do poço” e se recuperaram. O primeiro o bastante para se reeleger. Dilma não parece estar no mesmo caminho?
Grave para as oposições é o fato de os problemas de seus candidatos a um ano da eleição não se limitarem ao mau desempenho nas pesquisas. As dificuldades são maiores.
Aécio e Campos podem não admiti-lo publicamente, mas esperavam muito mais da utilização do tempo de propaganda de seus partidos na televisão. Apostavam que, ao estrelar inserções e programas nacionais (e ao se assenhorar de boa parte das veiculações estaduais do PSDB e PSB), aumentariam o nível de conhecimento e crescer significativamente na intenção de voto.
Isso não aconteceu, porém, no primeiro semestre. E nada indica que ocorrerá no semestre em curso. Ou seja, a menos que alguma coisa extraordinária aconteça no primeiro semestre de 2014, quando terão a última janela de mídia de massa, ambos devem chegar ao período de campanha com o porte atual. Modesto, diga-se.
Para o candidato do PSDB, isso quer dizer que José Serra continuará no seu encalço. Se o mineiro não decolar, sempre haverá um correligionário a imaginar que, quem sabe, não seria melhor ter o paulista como opção. Como descartar um nome de desempenho igual (ou superior) nas pesquisas e que obteve 40 milhões de votos em 2010?
E Campos? Se permanecer com 4% ou 5%, qual poder de atração terá sua candidatura? Quantos, dentro do próprio PSB, não vão “cristianizá-lo”? Que novos partidos conseguirá arregimentar à procura de tempo de televisão?
Resta Marina Silva, às voltas com as conhecidas e incompreensíveis dificuldades para criar a Rede. E, por meio delas, deixando evidentes as limitações de seu projeto. Com a torcida da mídia antipetista, o apoio da “classe média ilustrada” e o endosso de milionários, o que lhe faltou? Se até um desconhecido ex-vereador do interior de São Paulo conseguiu fazer um partido para chamar de seu (no caso, o PROS), como explicar as trapalhadas da ex-senadora e seus simpatizantes? E o que dizer do recado transmitido, ao se imaginar merecedora de “tratamento especial” da Justiça?
Ao se levar em conta as boas notícias de seu lado e as más no entorno de seus adversários, o fato é que os 12 meses anteriores às eleições de 2014 começam bem para Dilma.
Queimou a língua quem, há dois meses, correu para vaticinar que ela estava fora do jogo.
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