Por Altamiro Borges
Para quem acha que o bolsonarismo está morto e que a direita está em refluxo no país é bom conferir a reportagem do site UOL postada no domingo (8). Com base em várias pesquisas, ela mostra que os candidatos à prefeitura do PL – partido de aluguel de Jair Bolsonaro – e das várias siglas do chamado Centrão lideram a disputa em 22 capitais brasileiras – das 26 em disputa (84,6% do total. É uma foto do momento, que pode mudar muito até o desfecho do segundo turno, mas serve de sinal de alerta.
De acordo como levantamento, “os candidatos do Centrão são líderes em 17 capitais, enquanto o PL está na frente em cinco. O Avante lidera em uma delas. A esquerda briga pelo topo com apenas três candidatos: um deles lidera (PSB) e dois (PT e PSOL) dividem a liderança com partidos do Centrão”. As pesquisas apontam que “o único candidato da esquerda favorito a vencer no primeiro turno é João Campos (PSB)” em Recife (PE). Já Guilherme Boulos, do PSOL, está tecnicamente empatado na capital paulista com Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) e a delegada Adriana Accorsi, do PT, empata na margem de erro em Goiânia com Vanderlan Cardoso (PSD).
Sinais preocupantes para 2026
O União Brasil é favorito em seis capitais – Campo Grande, Fortaleza, Porto Velho, Cuiabá, Salvador e Teresina. O PL vem em seguida com cinco – Aracaju, Belém, Maceió, Palmas e Rio Branco. O PSD de Gilberto Kassab também desponta em primeiro em cinco cidade - São Luís, Natal, Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis. Já o MDB surge em primeiro nas intenções de voto em Boa Vista, Macapá e Porto Alegre. O Republicanos lidera em Belo Horizonte e Vitória e o PP é líder em João Pessoa.
Como lembra a própria reportagem, o Centrão é um agrupamento pragmático e fisiológico, sem muita consistência e várias das siglas integrantes hoje inclusive fazem parte da base de apoio do governo Lula. “O bloco domina a Câmara dos Deputados, com mais de 200 dos 513 parlamentares. É composto por políticos de centro e de direita de diversos partidos sem uma ideologia clara... A negociação com quem está no poder considera cargos e emendas em contrapartida”.
Mas, no geral, são partidos de direita, que na fase mais recente tiveram papel de destaque no golpe do impeachment da presidenta Dilma Rousseff e no apoio ao covil fascista de Jair Bolsonaro. A vitória dos candidatos do PL e do Centrão nas eleições municipais, principalmente nas capitais e grandes centros urbanos, dará maior poder de barganha às forças conservadoras no país. Ela tornará mais desfavorável a correlação de forças na sociedade, com sinais preocupantes para a sucessão em 2026.
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