Por Altamiro Borges

Segundo general de quatro estrelas na história do Brasil a ser levado a julgamento, o golpista Walter Braga Netto passou por nova humilhação nesta terça-feira (25) durante a acareação promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) diante de Mauro Cid, o ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro. O tenente-coronel confirmou todas as acusações que fez na delação premiada contra o seu superior hierárquico no Exército, como as reuniões que tramaram o golpe contra a posse de Lula e a caixa de vinho com dinheiro para financiar vários atos terroristas.

Em pouco mais de uma hora e meia de audiência, os dois acareados mantiveram suas versões sobre a trama que culminou com a tentativa golpista do 8 de janeiro de 2023. O general até tentou intimidar Mauro Cid, acusando-o de mentir na sua delação. Mas ele não se intimidou e reafirmou, inclusive, a denúncia feita pela primeira vez em novembro de 2024 sobre a “caixa de vinho” com dinheiro entregue pelo general Braga Netto para as ações terroristas.

Plano para assassinar Lula, Alckmin, Dirceu e Moraes

Na acareação, o tenente-coronel disse que não chegou a ver o dinheiro, mas que estimou a quantia com base no peso da caixa, que estava lacrada. Em depoimento anterior ao STF, ele havia dito não saber precisar esse valor, mas afirmou que ‘com certeza’ não seria os R$ 100 mil pedidos pelo “kid preto” Rafael Martins de Oliveira – um dos militares presos pela Polícia Federal em novembro de 2024 suspeitos de planejarem os assassinatos de Lula, Geraldo Alckmin, José Dirceu e do ministro Alexandre de Moraes.

“Segundo a ata da acareação, Cid afirmou que Braga Netto entregou uma sacola de vinho lacrada e o informou que a embalagem ‘continha dinheiro e que deveria ser direcionado para suprir aquele pedido que anteriormente fora feito e negado pelo PL’. O tenente-coronel disse que guardou o dinheiro e providenciou a entrega dos recursos a Rafael de Oliveira”, registra a Folha. Já o site Metrópoles enfatiza que “a acareação não teve consenso ou retificações”.

“Cid manteve a versão sobre a reunião realizada na casa de Braga Netto com os coronéis Rafael Oliveira e Ferreira Lima, na qual teria sido tratada uma opção de gerar forte clima de ‘instabilidade’ que permitisse uma medida excepcional pelo então presidente da República. Manteve ainda a versão de que Braga Netto entregou a ele dinheiro em uma quantia em dinheiro vivo em uma ‘caixa de vinho’. Na ocasião, Cid afirmou que o general disse a ele: ‘Era o dinheiro que havia me pedido’. Braga Netto negou a versão”.