Por Altamiro Borges
Integrante da organização criminosa (Orcrim) e conhecedor dos seus métodos cruéis, o tenente-coronel Mauro Cid pediu proteção para sua família. Essa revelação veio à tona nesta quarta-feira (19) após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter derrubado o sigilo da sua colaboração premiada. Ela mostra que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro exigiu segurança especial aos familiares antes de fechar o acordo de deleção com a Polícia Federal e entregar os detalhes sobre os crimes praticados pelo ex-presidente.
Nos termos do acordo, Mauro Cid solicitou vários benefícios: perdão judicial ou pena máxima de dois anos de prisão; devolução de bens e valores apreendidos; extensão dos benefícios para seu pai, esposa e filha maior de idade; garantia de segurança para ele e sua família pela PF. A delação de Mauro Cid foi fundamental para desmascarar o “capetão” e seus milicianos – fardados e civis. Ela revelou vários crimes – como a venda ilegal de joias recebidas por Jair Bolsonaro no exterior, fraudes no cartão de vacinação para permitir a entrada do ex-presidente nos EUA; e planos e ações para viabilizar um golpe de Estado após a derrota do fascista nas eleições de 2022.
Venda de joias e relógios nos EUA
O fim do sigilo da delação também trouxe detalhes dos crimes, como da negociação e ocultação de joias e relógios de luxo recebidos como presentes pelo ex-mandatário. Mauro Cid revela que o criminoso determinou a venda de bens de alto valor no exterior para obter dinheiro em espécie e utilizá-lo para despesas pessoais. Entre os bens negociados estavam relógios de luxo das marcas Rolex e Patek Philippe, além de um kit de joias em ouro branco recebidos em viagens oficiais ao Oriente Médio. O valor das transações chegou a US$ 86 mil dólares (R$ 425 mil na cotação atual).
“De acordo com o depoimento de Mauro Cid, Bolsonaro reclamava de dificuldades financeiras, mencionando multas de trânsito, custos com mudanças e gastos judiciais. Insatisfeito, ele teria questionado quais itens de valor poderiam ser vendidos e ordenado que Cid verificasse quais presentes poderiam ser comercializados”, descreve matéria do site Metrópoles.
Os passos dos roubos de joias
Segundo Mauro Cid, o processo de venda seguiu os seguintes passos:
1- Identificação dos itens: Cid verificou quais presentes de alto valor foram recebidos e listou os relógios mais fáceis de vender;
2- Negociação com joalherias nos EUA: as pesquisas indicaram que os melhores preços estavam no exterior, levando à venda dos bens em lojas especializadas nos Estados Unidos;
3- Venda e entrega dos valores: o primeiro lote, contendo um Rolex, foi vendido por US$ 68 mil em uma loja na Filadélfia. Posteriormente, um kit de joias foi negociado em Miami por US$ 18 mil;
4- Transporte e ocultação do dinheiro: para evitar rastreamento bancário, Cid utilizou sua conta nos Estados Unidos e a conta de seu pai, General Mauro César Lourena Cid, que transportava o dinheiro em espécie para o Brasil.
5. Entrega a Jair Bolsonaro: o valor arrecadado foi entregue diretamente ao ex-presidente, em dinheiro vivo, por meio de assessores próximos.
A delação mostrou ainda, segundo o site Metrópoles, que “após o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar a devolução dos itens ao acervo público, Jair Bolsonaro e seus aliados tentaram reaver os bens. Mauro Cid detalhou que: - o advogado Frederick Wassef foi o responsável por recomprar um dos relógios nos Estados Unidos; a tentativa de recuperar as demais joias enfrentou dificuldades, pois a loja onde foram vendidas em Miami não foi localizada; em março de 2023, Cid viajou para Miami para tentar recomprar as joias, pagando US$ 35 mil em espécie”.
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