Por Renato Rovai, em seu blog:
Há exatos dois anos, em janeiro de 2012, buscando criar um fato político para as eleições que se aproximavam e cada um ao seu jeito buscando tirar proveito da ação, os governos Kassab e Alckmin realizaram uma desastrosa ocupação do território na região central denominado como cracolândia. O objetivo foi o de limpar a área. Ou seja, expulsar os usuários de drogas para iniciar a recuperação urbana do local com o projeto Nova Luz. Em bom português, ao invés de reinserção, higienização.
Como a cracolândia não é um espaço, mas uma condição de um grande grupo de pessoas que vivem em São Paulo, houve deslocamento para outras regiões da cidade e depois de algum tempo, o retorno ao primeiro espaço.
Como é comum nesse tipo de situação, a volta foi pior. Inclusive porque uma parte das pessoas que morava na região foi desalojada e construiu uma favela nas calçadas que deteriorou completamente o espaço público.
O governo Haddad decidiu mudar e inicia, de maneira mais firme, a partir de agora uma ação para lidar com o problema que tem um pacote de políticas. Entre elas, foram cadastradas 300 pessoas que estão indo morar em cinco hotéis da cidade. E que além desse novo espaço habitacional terão direito a um trabalho de quatro horas em zeladoria de ruas e praças da cidade ganhando 15 reais por dia trabalhado. E terão direito à alimentação (café da manhã, almoço e jantar) no Bom Prato da região.
Claro, amigos, daqui a pouco isso estará sendo chamado de Bolsa Crack. Política social para pobres é bolsa. Para ricos e desoneração fiscal. Ou apoio à produção.
Mas os 15 reais por dia e uma moradia minimamente digna são apenas um pedaço do programa que vem avançando desde a criação do Espaço de Braços Abertos, uma área de 2. 500 metros onde o usuário tem comida, remédio, políticas de reinserção e pode dormir e assistir TV. O foco é mudar a relação entre o poder público e essa população. Ou seja, o governo Haddad está disposto a testar um novo modelo de ação onde a repressão não será o componente central.
O secretário da Saúde, José de Filippi explica que a proposta do Espaço de Braços Abertos deve ser replicada em outras regiões da cidade e está combinada com uma ação do Programa Consultório na Rua, que trabalha com acolhimento e encaminhamento para tratamento.
A cidade tem atualmente 16 desses consultórios. Eles realizaram 40 mil abordagens e 60 mil atendimentos em 2013. Dos 16, oito foram implantados de forma intencional na região da Subprefeitura da Sé e dois deles estão voltados especialmente para a cracolândia.
Na coletiva para tratar da ação, a secretária de Assistência Social, Luciana Temer, foi taxativa em relação à internação compulsória. “O governo nunca trabalhou com essa hipótese.” O que também é um avanço significativo em relação à desastrada ação de Alckmin e Kassab. Outro dado importante, é que o programa foi construído ouvindo a população foco. E por isso, 98% dos moradores de rua da cracolândia aderiram. Apenas duas famílias não aceitaram sair do local e ir morar em hotéis.
A situação do usuário de crack na cidade de São Paulo parece iniciar uma nova fase. As primeiras ações têm foco e são sérias. Agora é cuidar para que as boas propostas não se tornem somente boas intenções.
Há exatos dois anos, em janeiro de 2012, buscando criar um fato político para as eleições que se aproximavam e cada um ao seu jeito buscando tirar proveito da ação, os governos Kassab e Alckmin realizaram uma desastrosa ocupação do território na região central denominado como cracolândia. O objetivo foi o de limpar a área. Ou seja, expulsar os usuários de drogas para iniciar a recuperação urbana do local com o projeto Nova Luz. Em bom português, ao invés de reinserção, higienização.
Como a cracolândia não é um espaço, mas uma condição de um grande grupo de pessoas que vivem em São Paulo, houve deslocamento para outras regiões da cidade e depois de algum tempo, o retorno ao primeiro espaço.
Como é comum nesse tipo de situação, a volta foi pior. Inclusive porque uma parte das pessoas que morava na região foi desalojada e construiu uma favela nas calçadas que deteriorou completamente o espaço público.
O governo Haddad decidiu mudar e inicia, de maneira mais firme, a partir de agora uma ação para lidar com o problema que tem um pacote de políticas. Entre elas, foram cadastradas 300 pessoas que estão indo morar em cinco hotéis da cidade. E que além desse novo espaço habitacional terão direito a um trabalho de quatro horas em zeladoria de ruas e praças da cidade ganhando 15 reais por dia trabalhado. E terão direito à alimentação (café da manhã, almoço e jantar) no Bom Prato da região.
Claro, amigos, daqui a pouco isso estará sendo chamado de Bolsa Crack. Política social para pobres é bolsa. Para ricos e desoneração fiscal. Ou apoio à produção.
Mas os 15 reais por dia e uma moradia minimamente digna são apenas um pedaço do programa que vem avançando desde a criação do Espaço de Braços Abertos, uma área de 2. 500 metros onde o usuário tem comida, remédio, políticas de reinserção e pode dormir e assistir TV. O foco é mudar a relação entre o poder público e essa população. Ou seja, o governo Haddad está disposto a testar um novo modelo de ação onde a repressão não será o componente central.
O secretário da Saúde, José de Filippi explica que a proposta do Espaço de Braços Abertos deve ser replicada em outras regiões da cidade e está combinada com uma ação do Programa Consultório na Rua, que trabalha com acolhimento e encaminhamento para tratamento.
A cidade tem atualmente 16 desses consultórios. Eles realizaram 40 mil abordagens e 60 mil atendimentos em 2013. Dos 16, oito foram implantados de forma intencional na região da Subprefeitura da Sé e dois deles estão voltados especialmente para a cracolândia.
Na coletiva para tratar da ação, a secretária de Assistência Social, Luciana Temer, foi taxativa em relação à internação compulsória. “O governo nunca trabalhou com essa hipótese.” O que também é um avanço significativo em relação à desastrada ação de Alckmin e Kassab. Outro dado importante, é que o programa foi construído ouvindo a população foco. E por isso, 98% dos moradores de rua da cracolândia aderiram. Apenas duas famílias não aceitaram sair do local e ir morar em hotéis.
A situação do usuário de crack na cidade de São Paulo parece iniciar uma nova fase. As primeiras ações têm foco e são sérias. Agora é cuidar para que as boas propostas não se tornem somente boas intenções.
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